segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

NO NATAL, LEMBREMOS DO ANIVERSARIANTE


Fonte da imagem: http://dorianat.blogspot.com.br/2012/01/o-retorno-de-jesus-em-setembro-2012.html

Fábio José Lourenço Bezerra

           Nesta época do ano, muitos se apressam para comprar enfeites natalinos, presentes e os ingredientes da ceia de Natal. O compromisso social de mandar presentes, ter a casa enfeitada e uma mesa farta na noite de Natal é essencial para várias pessoas. A figura de Papai Noel é proeminente, sobrepondo-se àquele que deveria ser o verdadeiro símbolo natalino.
         O Mestre Jesus, há cerca de dois mil e doze anos atrás, encarnava na Terra. Vinha com a divina missão, solicitada pelo próprio Deus, de ensinar e exemplicar o amor. Nos trazia a fórmula para a paz no mundo e em cada ser humano: amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, ser humilde e desapegado deste mundo e de seus valores passageiros. Nos convidava a guardar tesouros no céu, ou seja, cultivar em nós valores de vida eterna, válidos para a nossa verdadeira vida, que é a espiritual.
          Como seria maravilhoso que, ao invés de ensinar aos filhos que papai noel, na noite de Natal, vem lhes trazer um presente, ensinassem que aquele é o aniversário de um homem maravilhoso, e lhes dissessem o que ele veio ensinar e exemplificar, dando eles mesmos, os pais, bons exemplos aos seus filhos, para despertar o bem neles! Mas, é muito mais fácil cumprir um ritual do que reformar o próprio íntimo, lutar contra suas más tendências. Por isso mesmo, além de outros motivos puramente materiais, sobrepuseram tantos rituais e dogmas à verdadeira mensagem do Mestre dos Mestres.
               Que neste e em todos os Natais, possamos nos lembrar, sobretudo, da figura do Mestre de Nazaré e de sua magnífica mensagem.



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

CIENTISTAS INVESTIGARAM O CÉREBRO DE MÉDIUNS DURANTE A PSICOGRAFIA - COM RESULTADOS SURPREENDENTES


Fonte da imagem: http://www.serespirita.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=298:espiritismo-e-ciencia-parte-iii-&catid=49:quinta-feira&Itemid=52

Fábio José Lourenço Bezerra

O site da revista época publicou, em 19 de Novembro deste ano, uma reportagem que relata a experiência de vários cientistas com médiuns, durante a realização da psicografia (quando o Espírito escreve através do médium). Os resultados surpreenderam os cientistas.
A ciência, embora timidamente, vem confirmando o que o Espiritismo, há 155 anos, afirmou (ver os textos Terapia Mediúnica Mostra-se Eficaz em Pesquisa da USPe O Passe Espírita é Estudado Pela Universidade, neste blog).
Os fenômenos Espíritas, quando estudados com a seriedade e o rigor necessários, demonstram claramente a existência de um mundo espiritual em torno de nós, para o qual iremos após a morte (ver o texto Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte, neste blog).
Abaixo transcrevemos, na íntegra, a reportagem:

Os avanços da ciência da alma
Uma pesquisa inédita usa equipamentos de última geração para investigar o cérebro dos médiuns durante o transe. As conclusões surpreendem: ele funciona de modo diferente
DENISE PARANÁ, DA FILADÉLFIA, ESTADOS UNIDOS
Estávamos no mês de julho de 2008. Na Rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, num quarto do Hotel Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores e médiuns preparava-se para algo inédito. Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil e dos EUA, que usaria as mais modernas técnicas científicas para investigar a controversa experiência de comunicação com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento. Estava ali, cercada de um grupo de pessoas que acreditam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?
A produção de exames de neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas Julio Peres, Alexander Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiam o uso de critérios rigorosamente científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles pertencem às faculdades de medicina da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor do estudo, o psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, acalentava a ideia de que a experiência espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem.

Pela primeira vez, o cérebro dos médiuns foi investigado com os recursos modernos da neurociência 
Em frente ao Q.G. dos médiuns no Hotel Penn Tower, o laboratório de pesquisas do Hospital da Universidade da Pensilvânia estava pronto. Lá, o cientista Andrew Newberg e sua equipe aguardavam ansiosos. Médico, diretor de Pesquisa do Jefferson-Myrna Brind Centro de Medicina Integrativa e especialista em neuroimagem de experiências religiosas, Newberg é autor de vários livros, com títulos comoBiologia da crença e Princípios de neuroteologia. Suas pesquisas são consideradas uma referência mundial na área. Ele acabou por se tornar figura recorrente nos documentários que tratam de ciência e religião. Meses antes, Newberg escrevera da Universidade da Pensilvânia ao consulado dos EUA, em São Paulo, pedindo que facilitasse a entrada dos médiuns em terras americanas. O consulado foi prestativo e organizou um arquivo especial com os nomes dos médiuns, classificando-o como “Protocolo Paranormal”.
“É conhecido o fato de experiências religiosas afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, a prática de supostamente estar em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, diz Newberg. Os cientistas queriam investigar se havia alterações específicas na atividade cerebral durante a psicografia. Se houvesse, quais seriam? Os dez médiuns, quatro homens e seis mulheres, participavam do experimento voluntariamente. Foram selecionados no Brasil por meio de uma longa triagem. Entre os pré-requisitos, tinham de ser destros, saudáveis, não ter nenhum tipo de transtorno mental e não usar medicações psiquiátricas. Metade dos voluntários dizia carregar décadas de experiência no “intercâmbio espiritual”. Outros, menos experientes, apenas alguns anos.
Na Filadélfia, antes de a experiência começar, os médiuns passaram por uma fase de familiarização com os procedimentos e o ambiente do hospital onde seriam feitos os exames. O experimento só daria certo se os médiuns estivessem plenamente à vontade. Todos se perguntavam se o transe seria possível tão longe de casa, num hospital em que se podia perguntar se Dr. Gregory House, o personagem de ficção interpretado pelo ator inglês Hugh Laurie, não apareceria ali a qualquer momento.
Numa sala com aviso de perigo, alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla Spect (Single Photon Emission Computed Tomography, ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Como tarefa de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem transe e sem a “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns são textos planejados e inteligíveis, as áreas do cérebro associadas à criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições. Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades foi comparado, os resultados causaram espanto.
Segundo a pesquisa, a mediunidade pode ser considerada uma manifestação saudável 
Surpreendentemente, durante a psicografia os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria compatível com a hipótese que os médiuns defendem: a autoria das psicografias não seria deles, mas dos espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa ser mais complexa nas psicografias que nos outros textos, no que diz respeito a questões gramaticais, como o uso de sujeito, verbo, predicado, capacidade de produzir texto legível, compreensível etc.
Apesar de haver várias semelhanças entre a ativação cerebral dos médiuns estudados e pacientes esquizofrênicos, os resultados deixaram claro também que aqueles voluntários não tinham esquizofrenia ou qualquer outra doença mental. Os cientistas afirmam que a descoberta de ativação da mesma área cerebral sublinha a importância de mais pesquisas para distinguir entre a dissociação (processo em que as ações e os comportamentos fogem da consciência) patológica e não patológica. Entre o que é e o que não é doença, quando alguém se diz tocado por outra entidade. Os médiuns estudados relataram ilusões aparentes, alucinações auditivas, alterações de personalidade e, ainda assim, foram capazes de usar suas experiências mediúnicas para tentar ajudar os outros. Pode haver, portanto, formas saudáveis de dissociação. Uma das conclusões a que os cientistas chegaram é que a mediunidade envolve um tipo de dissociação não patológica, ou não doentia. A mediunidade pode ser uma expressão comum à natureza humana. Essas conclusões, que ÉPOCA antecipa na edição que chegou às bancas na sexta-feira (16), foram divulgadas na revista científica americana Plos One. O estudoNeuroimagem durante o estado de transe: uma contribuição ao estudo da dissociação tem acesso gratuito desde sexta-feira, dia 16, no endereço eletrônico:dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0049360.

O maior de todos os psicógrafos

Naquele verão, na Filadélfia, os dez médiuns produziram psicografias espelhadas – escritas de trás para a frente –, redigiram em línguas que não dominavam bem, descreveram corretamente ancestrais dos cientistas que os próprios pesquisadores diziam desconhecer, entre outras tantas histórias. Convivendo com eles naquele experimento, colhendo suas histórias, ouvindo os dramas e prazeres de viver entre dois mundos, encontrei diferentes biografias. Todos eles compartilham, porém, a crença de que aquilo que veem e ouvem é, de fato, algo real. Outro ponto em comum: todos nutriam enorme respeito por Chico Xavier, considerado o modelo de excelência da prática psicográfica.
Mineiro de família pobre, fala mansa e sorriso tímido, Chico Xavier recebeu apenas o ensino básico. Isso não o impediu de publicar mais de 400 livros, alguns em dez idiomas diferentes, cobrindo variados gêneros literários e amplas áreas do conhecimento. Ao final da vida, vendera cerca de 40 milhões de exemplares, cujos direitos autorais foram doados. Psicografou por sete décadas. Nenhum tipo de fraude foi comprovada. Isso não significa que seus feitos mediúnicos sejam absoluta unanimidade. Há controvérsias. O pesquisador Alexandre Caroli Rocha, doutor em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chegou a conclusões que parecem favorecer a hipótese de que Chico fosse mesmo uma grande e sintonizada antena. Em seu mestrado, ele analisou o primeiro livro publicado pelo médium,Parnaso de além-túmulo, que trazia 259 poemas atribuídos a 83 autores já mortos.
Seu estudo considerou os aspectos estilísticos, formais e interpretativos dos poemas e concluiu que a antologia não era um produto de imitação literária simples. Rocha descobriu, por exemplo, que Guerra Junqueiro (1850-1923), um dos autores mortos, assinava a continuação de um poema inacabado em vida. Não havia indício de que Chico tivesse tido acesso ao poema antes de psicografar sua continuação. No doutorado, Rocha concluiu que Chico reproduzia perfeitamente o estilo do popular escritor Humberto de Campos (1886-1934). Nos textos que saíam da ponta de seu lápis havia, segundo Rocha, um estilo intrincado e sofisticado, detectável apenas por aqueles que conhecem bem como Humberto de Campos funciona. Muitos dos textos atribuídos a Campos continham informações que estavam fora do domínio público. Encerradas num diário secreto, tais informações só foram reveladas 20 anos depois da morte de Campos e do início da produção mediúnica de Chico.

A ciência pode desvendar a natureza da alma? 

“Se eu pudesse recomeçar minha vida, deixaria de lado tudo o que fiz, para estudar a paranormalidade.” Essa confissão de Sigmund Freud a seu biógrafo oficial, Ernest Jones, marca um dos capítulos pouco conhecidos da história do pensamento humano. Pouca gente sabe também que muitas das teorias reconhecidas hoje pela ciência sobre o inconsciente e a histeria baseiam-se em trabalhos de pesquisadores que se dedicaram ao estudo da mediunidade. Talvez menos gente saiba que Marie Curie, a primeira cientista a ganhar dois prêmios Nobel, e seu marido, Pierre Curie, também Nobel, dedicaram espaço em suas atribuladas agendas ao estudo de médiuns. No Instituto de Metapsíquica em Paris, no início do século passado, Madame Curie inquiriu com seus assombrados olhos azuis a médium de efeitos físicos Eusapia Palladino. O casal Curie supôs que os segredos da radioatividade poderiam ser revelados por meio de uma fonte de energia espiritual. Quem seria capaz de imaginar isso hoje?
Outros cientistas laureados com o Nobel consagraram parte de sua vida buscando respostas para os mistérios da alma e a possibilidade de comunicação com os mortos. Pesquisas que hoje seriam consideradas assombrosas, como materialização de espíritos, movimentação de objetos à distância, levitação etc., foram realizadas na passagem entre os séculos XIX e XX. Houve forte oposição materialista. Experimentos frustrados e a comprovação de fraude de alguns médiuns lançaram um manto de ceticismo e silêncio sobre o tema. Essa linha de pesquisa entrou em crise. Experimentos com mediunidade aos poucos se tornaram uma mácula nos currículos oficiais dos eminentes cientistas. E a ciência moderna acabou por condenar ao esquecimento inúmeras pesquisas científicas sobre o assunto, algumas rigorosas. Enquanto o cinema, a TV e a literatura cada vez se apropriam mais das questões do espírito, a ciência dominante tem torcido o nariz e deixado essas reflexões fora de seu campo.
A questão tem sido esquecida, mas não totalmente. Apesar de ainda tímidas, pesquisas científicas sobre comunicações mediúnicas, como a da Filadélfia, têm sido realizadas recentemente. Basicamente, encontraram que, além de fenômenos que revelam fraude proposital ou inconsciente do médium, há muito a explicar. Muita coisa não cabe dentro do discurso que prevalece hoje na ciência. Pesquisadores da área acreditam que a telepatia do médium com o consciente ou o inconsciente daquele que deseja uma comunicação espiritual não explica psicografias nas quais se revelam informações desconhecidas das pessoas que o procuram.
A mensagem
Para os céticos
A ciência precisa investigar a sério a hipótese da comunicação entre médiuns e mortos
Para os crentes
Essa hipótese ainda precisa passar por mais investigações para ser comprovada  
 Muitas informações fornecidas por médiuns, dizem eles, se confirmaram verdadeiras só mais tarde, após pesquisa sobre o morto. Como pensar então em telepatia se só o morto detinha as informações? Seria possível a ideia de comunicação direta com os mortos? Alguns cientistas que estudam as percepções mediúnicas discordam dessa hipótese. Acreditam que é possível não haver limite de espaço e tempo para percepções mediúnicas. O médium poderia andar para a frente e para trás no tempo e no espaço, coletando as informações que desejasse, quando e onde elas estivessem. Num fenômeno em que comprovadamente não houvesse fraude ou sugestão inconsciente, sobrariam apenas duas hipóteses: ou haveria a capacidade do médium de captar informações em outro espaço e tempo; ou existiria mesmo a capacidade de comunicação entre o médium e o espírito de um morto.
Atuais referências no estudo científico de fenômenos tidos como espirituais, cientistas como Robert Cloninger, Mario Beauregard, Erlendur Haraldsson, Stuart Hameroff e Peter Fenwick aplaudem a iniciativa de Julio Peres em seu estudo. Esse neurocientista brasileiro, que tem colhido apoio em seus pares, afirma que seus achados “compõem um conjunto de dados interessantes para a compreensão da mente e merecem futuras investigações, tanto em termos de replicação como de hipóteses explicativas”. Outro co-autor do estudo, o psiquiatra Frederico Camelo Leão, coordenador do Proser, defende mais estudos acerca das experiências tidas como espirituais. “O impacto das pesquisas despertará a comunidade científica para como esse desafio tem sido negligenciado”, diz.
O pesquisador Alexander Moreira-Almeida, coautor do estudo e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes), da Universidade Federal de Juiz de Fora, é o principal responsável por colocar o Brasil em destaque nessa área no cenário internacional. Moreira-Almeida recebeu o Prêmio Top Ten Cited, como o primeiro autor do artigo mais citado naRevista Brasileira de Psiquiatria, com Francisco Lotufo Neto e Harold G Koenig. É editor do livroExploring frontiers of the mind-brain relantionship (Explorando as fronteiras da relação mente-cérebro, em tradução livre), pela reputada editora científica Springer.
Ele afirma que a alma, ou como prefere dizer, a personalidade ou a mente, está intimamente ligada ao cérebro, mas pode ser algo além dele. Para esse psiquiatra fluminense, pesquisas sobre experiências espirituais, como a mediunidade, são importantes para entendermos a mente e testarmos a hipótese materialista de que a personalidade seja um simples produto do cérebro. Moreira-Almeida lembra que Galileu e Darwin só puderam revolucionar a ciência porque passaram a analisar fenômenos que antes não eram considerados. “O materialismo é uma hipótese, não é ainda um fato cientificamente comprovado, como muitos acreditam”, diz Moreira-Almeida.
Apesar de todos os avanços da ciência materialista, a humanidade continua aceitando as dimensões espirituais. Dados do World Values Survey revelam que a maioria da população mundial acredita na vida após a morte. Em todo o planeta, um número expressivo de pessoas declara ter se sentido em contato com mortos: são 24% dos franceses, 34% dos italianos, 26% dos britânicos, 30% dos americanos e 28% dos alemães. Não há dúvida de que o materialismo científico foi instrumento de enorme progresso para a humanidade. A dúvida é se ele, sozinho, seria capaz de explicar toda a experiência humana. Para a maioria da população, a visão materialista parece deixar um vazio atrás de si. Na busca de respostas para nossas principais questões, muitos assinariam embaixo da frase de Albert Einstein: o homem que não tem os olhos abertos para o mistério passará pela vida sem ver nada.

* Denise Paraná é jornalista, doutora em ciências humanas pela Universidade de São Paulo e pós-doutora, como visiting scholar, pela Universidade de Cambridge, Inglaterra 

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:
http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/11/os-avancos-da-ciencia-da-alma.html

domingo, 16 de dezembro de 2012

POR QUE ESQUECEMOS NOSSAS VIDAS PASSADAS? PARTE 2 – A INFÂNCIA

Fonte da imagem: http://alantodoamanhecer.blogspot.com.br/2009/10/vidas-passadas.html


Fábio José Lourenço Bezerra

Dando continuidade a nosso texto anterior “Por Que Esquecemos Nossas Vidas Passadas?”, neste blog, perguntamos: se as crianças são espíritos que já passaram por várias encarnações, e uma vez que, em muitas destas reencarnações, passaram pela vida adulta, então por que não vemos nelas sinais disto?

Vejamos o que consta na pergunta Nº 379 de “O Livro dos Espíritos”: “É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança?”
Resposta: “Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe.”

Na pergunta seguinte, temos: “Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto?
Resposta: “Desde que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradativamente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.”    

Na pergunta Nº 385, temos: “Que é o que motiva a mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa idade, especialmente ao sair da adolescência? É que o Espírito se modifica?”
Resposta: “É que o Espírito retoma a natureza que lhe é própria e se mostra qual era.”
“Não conheceis o que a inocência das crianças oculta. Não sabeis o que elas são, nem o que o foram, nem o que serão. Contudo, afeição lhes tendes, as acariciais, como se fossem parcelas de vós mesmos, a tal ponto que se considera o amor que uma mãe consagra a seus filhos como o maior amor que um ser possa votar a outro. Donde nasce o meigo afeto, a terna benevolência que mesmo os estranhos sentem por uma criança? Sabeis? Não. Pois bem! Vou explicá-lo.”
“As crianças são os seres que Deus manda a novas existências. Para que não lhe possam imputar excessiva severidade, dá-lhes ele todos os aspectos da inocência. Ainda quando se trata de uma criança de maus pendores, cobrem-se-lhe as más ações com a capa da inconsciência. Essa inocência não constitui superioridade real com relação ao que eram antes, não. É a imagem do que deveriam ser e, se não o são, o conseqüente castigo exclusivamente sobre elas recai.”
“Não foi, todavia, por elas somente que Deus lhes deu esse aspecto de inocência; foi também e sobretudo por seus pais, de cujo amor necessita a fraqueza que as caracteriza. Ora, esse amor se enfraqueceria grandemente à vista de um caráter áspero e intratável, ao passo que, julgando seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os cercam dos mais minuciosos cuidados. Desde que, porém, os filhos não mais precisam da proteção e assistência que lhes foram dispensadas durante quinze ou vinte anos, surge-lhes o caráter real e individual em toda a nudez. Conservam-se bons, se eram fundamentalmente bons; mas, sempre irisados de matizes que a primeira infância manteve ocultos.”
“Como vedes, os processos de Deus são sempre os melhores e, quando se tem o coração puro, facilmente se lhes apreende a explicação.”
“Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris, inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância? Nesta se vêm confundir todas as idéias, todos os caracteres, todas as variedades de seres gerados pela infinidade dos mundos em que medram as criaturas. E vós mesmos, ao morrerdes, vos achareis num estado que é uma espécie de infância, entre novos irmãos. Ao volverdes à existência extraterrena, ignorareis os hábitos, os costumes, as relações que se observam nesse mundo, para vós, novo. Manejareis com dificuldade uma linguagem que não estais acostumado a falar, linguagem mais vivaz do que o é agora o vosso pensamento.”
“A infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.”
“Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”

Contudo, existem casos em que a criança lembra espontaneamente de sua vida anterior. Muitos pesquisadores, ao redor do mundo, pesquisaram este fenômeno. Entre eles, destacamos o professor de psiquiatria Dr. Ian Stevenson e o atual continuador de sua pesquisa, o psiquiatra infantil Dr. Jim B. Tucker,  ambos da  Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. Destacamos também o médico psiquiatra indiano Dr. H. N. Banerjee. No Brasil, uma pesquisa desta natureza também foi realizada pelo engenheiro Ernani Guimarães Andrade.
Relativamente à pesquisa do Dr. Ian Stevenson, este registrou, ao redor do mundo, em um período de mais de quarenta anos para cá, perto de 2700 casos de crianças que relataram lembranças de vidas anteriores. Algumas se dizem membros da família já falecidos, outros descrevem vidas anteriores como estranhos. Tipicamente, a criança, muito nova (em geral por volta dos seus 2 a 3 anos de idade), começa a falar de uma outra vida persistentemente. Muitas vezes, pede que a levem para encontrar-se com a sua outra família, em outro local. Quando a criança fornece nomes ou detalhes suficientes sobre a outra localidade, a família atual, quase sempre, vai até lá e confirma as informações dadas pela criança, que se mostram corretas. As informações batem, em vários casos com riqueza de detalhes, com a vida de uma pessoa há pouco tempo falecida.
As crianças não só demonstram ter lembranças da vida da personalidade anterior (detalhes a respeito de membros da antiga família, eventos da vida passada ou o modo como morreram), mas também, com muita freqüência, apresentam marcas de nascença semelhantes a ferimentos no corpo da vida anterior, bem como suas emoções, apegos, medos, vícios, gostos e aversões.  A identificação com um determinado país ou sexo também aparecem em alguns casos(Ver os textos Fortes Evidências da Reencarnaçãoe Crianças Que Lembram de Vidas Passadas, neste blog).
Também existem casos nos quais as crianças demonstraram enorme evolução intelectual, muito acima da dos seus pais e parentes, e independentemente da educação que receberam (Ver o texto Um Dia, O Bem Reinará na Terra? - Parte 2, neste blog).


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. FEB. Versão digital: L.Neilmoris – 2007;

2 _____________. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O ORGULHO: GRANDE ILUSÃO DO ESPÍRITO


Fonte da imagem: http://conhecerkardec.blogspot.com.br/2012/01/orgulho-ii.html

Fábio José Lourenço Bezerra

Os Espíritos são criados exatamente iguais, simples e ignorantes, porém com enorme potencial intelectual e moral, que serão desenvolvidos ao longo das suas inúmeras experiências na matéria, ou seja, suas reencarnações. Como uma diminuta semente que, ao ser colocada em um solo fértil e receber a quantidade adequada de luz solar e água, torna-se uma grande árvore.
Sendo Deus infinitamente justo, logicamente que, da mesma forma que os cria exatamente iguais, dá oportunidades de evolução equivalentes aos seus filhos. Não existem privilegiados. Contudo, ao longo do caminho, quando não mais precisam da tutela de Deus para encaminhá-los, esta exercida através dos bons Espíritos, eles podem fazer suas próprias escolhas, enfrentando as consequências das mesmas. Afinal, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Durante o processo evolutivo supracitado, ocorre de o Espírito, ainda imaturo, deslumbrar-se com o mundo material. Não percebe ainda (ou deixa-se iludir), que este é um mundo ilusório, e que sua encarnação presente é apenas um ato dentro da eternidade, uma vez que o Espírito é imortal. Daí, nasce o sentimento de ser “melhor” que seu semelhante, fruto de momentâneas “vantagens” que, porventura, tenha sobre seus irmãos, como dinheiro e posição social, inteligência, cultura adquirida, aparência, saúde, etc.  O nome deste sentimento é ORGULHO.
Se pararmos para pensar, veremos que o orgulho é, na verdade, uma grande blasfêmia contra Deus, pois é pensar que Ele criaria seus filhos distribuindo privilégios a uns e não a outros. Na verdade, essas supostas “vantagens” nada mais são do que provas para o Espírito que, ao invés de se orgulhar de sua posição “superior” ante seus irmãos, deveria auxiliá-los, e não constrangê-los e prejudicá-los. Se Deus nos deu saúde e oportunidade de termos muito dinheiro, por exemplo, foi para fazermos bom uso disso, e não para batermos no peito e dizermos que somos os melhores. O forte deve sempre amparar o fraco.
O orgulho também pode ser causa de grande tortura moral, quando é ferido. Afinal, só é humilhado aquele que é orgulhoso, do contrário, não há motivo para sofrer humilhação. Ser humilde é ter sempre o alívio de jamais sofrer diante de tentativas, ou ocasiões, humilhantes. É ter parte da Paz que o Mestre Jesus nos deixou, com seus ensinamentos e exemplos.  
Abaixo, transcrevo a excelente e forte mensagem contida na obra de Allan Kardec, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo VII, intitulada “O Orgulho e a Humildade” de autoria do Espírito Lacordaire:

“Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho para encorajar-vos a seguir o bom caminho.
Aos pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede: a de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar compreensível a minha palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance de todos! Oh! Vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos vossos olhos!
A humildade é virtude muito esquecida entre vós. Bem pouco seguidos são os exemplos que dela se vos têm dado. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! Não, pois que este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente, e os induz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos d'Aquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que tão grande o fez, colocando-o acima de todos os profetas.
O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas deferidas aos seus méritos e se consideram de essência mais pura do que a do pobre. Julgam que os títulos e as riquezas lhes são devidos, pelo que, quando Deus lhos retira, o acusam de injustiça. Oh! Irrisão e cegueira! Pois, então, Deus vos distingue pelos corpos? O envoltório do pobre não é o mesmo que o do rico? Terá o Criador feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio; não lhe atribuais nunca as idéias que os vossos cérebros orgulhosos engendram.
Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revoltas e o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. “Pois quê!  Dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudo-filósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?” É exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! Lança sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh! Quanto então te lamento, pois bem digno de compaixão serás.
Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes. Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que têm seus títulos de nobreza.
Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; têm fome, e tu vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te,  para lhes conseguires um pedaço de pão! Oh! Inclino-me diante de ti. Quão nobremente santa és e quão grande aos meus olhos! Espera e ora; a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que nele confiam, concede Deus o reino dos céus.
E tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho, às privações, por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Dirige a Deus, piedoso e sereno, o teu olhar: ele dá alimento aos passarinhos; tem-lhe confiança: ele não te abandonará. O ruído das festas, dos prazeres do mundo, faz bater-te o coração; também desejaras adornar de flores os teus cabelos e misturar-te com os venturosos da Terra. Dizes de ti para contigo que, como essas mulheres que vês passar, despreocupadas e risonhas, também poderias ser rica. Oh! Cala-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores inomináveis se ocultam sob esses vestidos recamados, quantos soluços são abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferirias o teu humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus, se não queres que o teu anjo guardião para o seu seio volte, cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias perdida, a aguardar a punição no outro.
Todos vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.
Oh! Meu Deus, será preciso que o Cristo volte segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem sabe? Ó homens! Se o não renegaríeis como outrora, caso Deus vos concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria o orgulho dos modernos fariseus. É bem possível que o fizésseis perlustrar novamente o caminho do Gólgota.
Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o Deus verdadeiro. Homens e mulheres deram o ouro e as jóias que possuíam, para que se construísse um ídolo que entraram a adorar. Vós outros, homens civilizados, os imitais. O Cristo vos legou a sua doutrina; deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso com as vossas paixões, fizestes um Deus a vosso jeito: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, alheado dos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas idéias.
Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos ecoe nos vossos corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um proceda pouco a pouco à demolição dos altares que todos ergueram ao orgulho. Numa palavra: sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não continueis a duvidar da bondade de Deus, quando dela vos dá ele tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família; que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que ele vos vem trazer; que ao eleito somente se deparem em seu caminho as palmas que aí tenhais deposto, volvendo ao bem, à caridade, à fraternidade. Então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica de ciências, mas, no entanto, tão pobre de bons sentimentos, ah! Então não nos restará senão chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, agradecendo-lhe a inesgotável bondade e glorificando-o por todos os séculos dos séculos. Assim seja.”

Lacordaire. (Constantina, 1863)


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o EspiritismoFEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O DIA DE FINADOS: QUAL A SUA IMPORTÂNCIA PARA OS ESPÍRITOS?



Fábio José Lourenço Bezerra

            Os restos mortais não mais constituem a morada do Espírito que, com a morte, passa a habitar o mundo espiritual, tendo-lhe como veículo o corpo espiritual ou perispírito (Ver o texto O Mundo Espiritual, neste blog), composto por matéria sutil, imperceptível aos sentidos e aos instrumentos materiais. Porém permanecem ligados a nós, que ainda estamos no mundo material, pelo pensamento, também nos vendo e nos escutando, através dos seus corpos espirituais.

Na pergunta Nº 320 de “O Livro dos Espíritos”, temos: “Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?”

Resposta: “Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”

Na pergunta Nº 321: “O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraze-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?”
Resposta:“Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer.”

a) — “Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?”
Resposta: “Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então
também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”

b) — “Sob que forma aí comparecem e como os veríamos, se pudessem tornar-se visíveis?”
Resposta: “Sob a que tinham quando encarnados.”

Na pergunta Nº 322: “E os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai visitar, também lá, não obstante, comparecem e sentem algum pesar por verem que nenhum amigo se lembra deles?”
Resposta: “Que lhes importa a Terra? Só pelo coração nos achamos a ela presos. Desde que aí ninguém mais lhe vota afeição, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro.”

Na pergunta Nº 323: “A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?”
Resposta: “Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”

Na pergunta Nº 326: “Comovem a alma que volta à vida espiritual as honras que lhe prestem aos despojos mortais?”
Resposta: “Quando já ascendeu a certo grau de perfeição, o Espírito se acha escoimado de vaidades terrenas e compreende a futilidade de todas essas coisas. Porém, ficai sabendo, há Espíritos que, nos primeiros momentos que se seguem à sua morte material, experimentam grande prazer com as honras que lhes tributam, ou se aborrecem com o pouco caso que façam de seus envoltórios corporais. É que ainda conservam alguns dos preconceitos desse mundo.”
           
Contudo, os Espíritos ainda muito apegados às coisas materiais, levam um longo período para se desprenderem do seu corpo físico, mesmo não tendo este mais nenhuma vitalidade.

Na pergunta Nº 155, temos: “Como se opera a separação da alma e do corpo?
Resposta:“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”

a) — “A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?”
Resposta: “Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.”

Comentário de Allan Kardec: “Durante a vida, o Espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida, mas uma simples afinidade com o Espírito, afinidade que guarda sempre proporção com a preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo. Tal o resultado dos estudos feitos em todos os indivíduos que se têm podido observar por ocasião da morte. Essas observações ainda provam que a afinidade, persistente entre a alma e o corpo, em certos indivíduos, é, às vezes, muito penosa, porquanto o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte.Verifica-se com alguns suicidas.”

Na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Capítulo XVIII – Parte IV – PREFÁCIO, temos o seguinte comentário de Allan Kardec:

         “As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente, dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar. Ainda aí, porém, como em qualquer outra circunstância, a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras que se profiram mais ou menos pomposamente e em que, amiúde, nenhuma parte toma o coração.
As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito, cujas idéias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar do sono.”

          Ao lembrar dos nossos entes queridos e grandes amigos, que nos precederam no retorno à pátria espiritual, não devemos manifestar sentimento de revolta ou desespero, pois eles, podendo captar nossos pensamentos e até nos ver e ouvir, acabarão sofrendo muito, já que muito ampliada é a sensibilidade dos desencarnados. Porém um salutar sentimento de saudade, fruto da doce recordação dos momentos em que estavam ao nosso lado é, para eles, motivo de grande alegria.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

1 KARDEC, Allan O livro dos espíritos: princípios da doutrina espírita. FEB. Versão digital: L.Neilmoris – 2007;

2 _____________. O Evangelho segundo o EspiritismoFEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O BEM: ELEVADO ESTADO DE CONSCIÊNCIA DO ESPÍRITO


Madre Tereza de Calcutá: Grande exemplo de vida dedicada ao próximo

Fábio José Lourenço Bezerra

No nosso texto anterior, de título Os Animais Possuem Alma?, neste blog, vimos que o Espírito humano surge após sucessivas existências, quando ainda é chamado de “Princípio Inteligente”. É nessa fase, que abrange os diversos reinos dos seres vivos,  que ele se elabora e se individualiza, verdadeiro ensaio da consciência, através de um progressivo desenvolvimento da sensibilidade e do intelecto. Contudo, aí o seu maior guia é o instinto, encaminhando-o  pela vida, para que sobreviva e se reproduza.
Contudo, chega um momento no qual o Princípio Inteligente, que agora pode ser chamado Espírito, atinge tal patamar de inteligência que o permite ter consciência do futuro e noção do bem e do mal. Surge aí o livre-arbítrio, que é a capacidade de escolher conscientemente suas ações. É nesse momento que também surgem as emoções, fruto dos instintos de sua época de Princípio Inteligente, porém bem mais elaborados.
Agora, o instinto de sobrevivência, exacerbado, torna-se egoísmo, orgulho, vaidade, desejo de vingança. O Espírito, ainda preso à matéria, procura avidamente obter a satisfação de suas paixões. Daí, muitas vezes, procura dominar, ludibriar e prejudicar seu semelhante, para obter seu intento. Surge daí o Mal. O prejudicado, por sua vez, procura vingança, o que, na sociedade primitiva em que vive, é algo encarado como plenamente natural. Foi daí que surgiu a lei de talião: olho por olho, dente por dente.
O mal é a ausência do bem, assim como a escuridão é a ausência da luz. Os Espíritos foram criados para viverem em comunhão com Deus e com seus semelhantes. Eles estão organicamente interligados, de modo que o benefício que um proporciona ao outro repercute em si próprio. Da mesma forma o mal que pratiquem (Ver o texto Porque Devemos Fazer o Bem?, neste blog). Daí a necessidade de passarem por várias existências na matéria: dar consciência ao Espírito de sua verdadeira condição, desenvolvendo seu intelecto e seu senso moral, através de muito esforço, para que, assim, tenha mérito (Ver o texto A Lógica da Reencarnação, neste blog). Dessa forma, despoja-se das ilusórias paixões relacionadas à matéria, para atingir a condição de puro Espírito, quando obtém a verdadeira e plena felicidade em união com o Criador e com seus irmãos. Deseja a felicidade para aqueles que ainda estão em aprendizado, daí virem em missão, dada por Deus, de ajudá-los em sua ascensão espiritual.
Durante o seu desenvolvimento, o Espírito passa por estados de consciência cada vez mais amplos, sendo mais feliz à medida em que deixa para trás os sentimentos inferiores. Desapegando-se das coisas materiais, do egoísmo, do orgullho e da vaidade, livra-se da ansiedade por possuir, a todo custo, bens materiais, poder, ser melhor que os outros. Tem plena consciência de que a satisfação obtida com tudo isso é passageira e frágil. Livrando-se do rancor e do ódio, alivia-se da pesada energia trazida por esses sentimentos, que só trás malefícios ao seu Espírito e, até, chega a repercutir em seu corpo físico, trazendo doenças. Fica sabendo que praticar a vingança só lhe trará más conseqüências para si mesmo.
Despojando-se de todos os sentimentos acima descritos, sente-se mais leve, mais conectado aos seus semelhantes. Passam a ser outras as suas prioridades. A felicidade dos seus semelhantes é a sua felicidade.
No capítulo XVII, da obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, na parte intitulada “O Homem de Bem”, Allan Kardec nos dá uma excelente descrição do Espírito que já atingiu elevado patamar na hierarquia espiritual, ao qual todos devemos trabalhar para alcançar:
“O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos. Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado.”
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.”
Tivemos na Terra luminosos exemplos de Espíritos beneméritos, que viveram em prol dos seus semelhantes. Vejamos alguns exemplos:

 Irmã Dulce (1914-1992) foi uma religiosa católica brasileira que dedicou a sua vida a ajudar os mais pobres e necessitados.
Em Salvador, já como freira, fundou a União Operária São Francisco juntamente com o Frei Hildebrando Kruthaup. Deve-se à Irmã Dulce a criação do Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e suas famílias. Importante também foi a sua participação na criação de um albergue para doentes localizado no convento de Santo Antônio, o que iria se transformar no Hospital Santo Antônio.
Em 1988, foi indicada ao Nobel da Paz

Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) foi uma missionária católica albanesa. Dedicou toda sua vida aos pobres.
Tendo frequentado uma carreira docente, passa a ensinar Geografia no Colégio de Santa Maria, da Congregação de Nossa Senhora do Loreto, em Calcutá. Mais tarde foi nomeada Diretora. Irmã Teresa gostava de ensinar, sempre dedicada e atenta a todos os problemas. Havia muito humanismo em suas atitudes, impressionava-se com o que via quando saia à rua. A pobreza, o abandono dos doentes e famintos, espalhados pela rua, tocava seu coração.
O grande desejo de se dedicar exclusivamente aos pobres e doentes a levou ao arcebispo Mons. Fernando Périer a quem expôs o seu plano. Ele a ouviu atentamente, mas negou o pedido. A Irmã Teresa voltou a sua lida diária, que cumpria cada vez com maior dedicação e entusiasmo. O carinho das alunas demonstrado de tantas maneiras e a amizade das companheiras não lhe fizeram esquecer a imagem horrorosa dos doentes e dos famintos que morriam pelas ruas de Calcutá. Um ano depois, foi ter novamente com o arcebispo. Mons. Périer escutou, mais uma vez, as razões da Madre Teresa. A sua simplicidade, fervor e persistência convenceram-no de que estava perante uma manifestação da vontade de Deus. Por isso, desta vez mais afável, aconselhou a Teresa pedir autorização à Madre Superiora.
A Irmã Teresa escreveu prontamente uma carta expondo o seu plano. A Superiora viu nessas linhas a expressão da vontade de Deus. O que aquela religiosa pedia era algo de muito valor. Respondeu-lhe nestes termos: "Se essa é a vontade de Deus, autorizo-te de todo o coração. De qualquer maneira, lembra-te sempre da amizade que todas nós te consagramos. Se algum dia, por qualquer razão, quiseres voltar para o meio de nós, fica sabendo que te receberemos com amor de irmãs."
Mons. Périer pediu autorização à Roma para a Irmã Teresa deixar as Irmãs de Loreto, para viver fora do claustro, tendo Deus como único protetor e guia, no meio dos mais pobres de Calcutá. A resposta de Pio XII chegou no dia 12 de Abril de 1948. Nela se concedia a desejada autorização sublinhando-se que, embora deixando a congregação de Nossa Senhora de Loreto, a Irmã Teresa continuava religiosa sob a obediência do arcebispo de Calcutá. Só em 08 de Agosto de 1948 ela deixou o colégio de Santa Maria.
Madre Teresa dirigiu-se para Patna, para fazer um breve curso de enfermagem que julgava de imensa utilidade para a sua atividade futura. Em 21 de dezembro obtém a nacionalidade indiana. Data que reunia um grupo de cinco crianças, num bairro pobre, quem começou a dar aula. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando. Dez dias depois eram cerca de cinquenta crianças. Tendo abandonado o hábito da Congregação de Loreto, a Irmã Teresa comprou um sari branco, debruado de azul e colocou-lhe no ombro uma pequena cruz. Seria o seus novo hábito, o vestido de uma modesta mulher indiana. Com afeto, a irmã dava lições de higiene, muitas vezes iniciava a aula lavando o rosto dos alunos. Depois ia de abrigo em abrigo levando, mais que donativos, palavras amigas e as mãos sempre prestáveis para qualquer trabalho.
Em 19 de março de 1949, as vocações começaram a surgir entre as suas antigas alunas. A primeira foi Shubashini. Filha de uma rica família, disposta a colocar sua vida ao serviço dos pobres. Irmã Teresa aconselhava "Minha filha, pensa melhor, reza mais, daqui a algum tempo, vem ter novamente comigo". Era quase o mesmo conselho que Mons. Périer lhe tinha dado, tempos atrás. A jovem foi, prensou, rezou e no dia 19 de Março de 1949, dia de São José, era aceita na nova Congregação. Outras voluntárias foram se juntando ao trabalho missionário. Mais tarde chamadas de "Missionárias da Caridade".
A partir de 1949, começou a se formar uma pequena comunidade. Escolas foram abertas, enquanto continuaram as visitas aos bairros pobres. As vocações afluíam e a casa tornou-se muito pequena. O primeiro trabalho com os doentes e moribundos recolhidos na rua era lavar-lhes o rosto e o corpo. Ainda em 1949, a constituição das Missionárias da Caridade, começou a ser redigida.
A Congregação de Madre Teresa, foi aprovada pela Santa Sé em 7 de outubro de 1950. Em agosto de 1952, abre o lar infantil Sishi Bavan (Casa da Esperança) e inaugura o seu famoso "Lar para Moribundos", em Kalighat, ao qual dedica as suas melhores energias físicas e espirituais. A partir dessa data, a sua Congregação começa a expandir-se pela Índia e por várias partes do mundo. Na Índia, principia por Ranchi e continua depois por Nova Delhi e Bombaim, onde foi recebida pelo papa Paulo VI em 1964. A obra de Madre Teresa cresceu rapidamente.
Madre Teresa recebeu duas grandes salas de um edifício contíguo ao Templo da Deusa Kali, denominado "Casa do Peregrino" porque servia de dormitório aos peregrinos. Ela passou a chamar o local de Casa do Moribundo. Os sacerdotes, frequentadores do templo, não aceitaram a entrega de uma dependência sagrada a uma mulher católica, para eles era uma profanação. Observando o trabalho da irmã, mudaram seus pensamentos.
Na catedral do Santíssimo Rosário, em abril de 1953, as primeiras Missionárias da Caridade fizeram os seu votos religiosos. A ordem é aprovada pela Santa Sé e no dia 1 de fevereiro de 1965, com a aprovação pontifícia, estende-se por toda a Índia. No dia 26 de Julho de 1965 a aberta a primeira casa na América Latina, na Venezuela, na arquidiocese de Barquisimeto. Em 1967, abre uma casa no coração da cristandade, em Roma, por desejo expresso de Paulo VI. Mais tarde, João Paulo II lhe presenteia com uma casa dentro do próprio Vaticano. A partir de 22 de agosto de 1968, a Congregação estende-se por outras regiões: Ceilão, Itália, Austrália, Bangladesh, Ilhas Maurícias, Peru e Canadá. Em 8 de Dezembro de 1970, as Missionárias da Caridade abrem a sua primeira casa em Londres.
Em 1973, abre uma casa em Gaza, na Palestina, para atender os refugiados. Celebra a primeira Assembléia Internacional dos Colaboradores das Missionárias da Caridade, instituição cujo estatuto havia sido aprovado em 1969 e que reúne milhares de pessoas de todo o mundo. Em 15 de junho de 1976, precisamente em Nova York, funda o ramo contemplativo das Missionárias da Caridade. E em dezembro de 1976, inaugura centros de assistência no México e Guatemala.
Madre Teresa recebe o Prêmio Nobel da Paz, em outubro de 1979 e
nesse mesmo ano, João Paulo II recebe a Madre, em audiência privada e a nomeia "embaixadora" do Papa em todas as nações. Muitas universidades lhe conferiram o título "Honoris Causa". E em 1980, recebe a ordem "Distinguished Public Service Award" nos EUA. Anos mais tarde, será recebida por Mikhail Gorbachov e abrirá uma casa na Rússia. E no mesmo estava presente em Cuba. Em 1983, estando em Roma, sofre o primeiro grave ataque do coração. Tinha 73 anos.

Em setembro de 1985, é reeleita Superiora das Missionárias da Caridade. Nesse mesmo ano, recebe do Presidente Reagan, na Casa Branca, a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração do país. Em agosto de 1987, vai à União Soviética e é condecorada com a Medalha de ouro do Comitê soviético da Paz. Pouco depois, visita a China e a Coréia. Em agosto de 1989, realiza um dos seus sonhos, abrir uma casa na sua Albânia, sua terra natal. Em setembro de 1989, sofre o seu segundo ataque do coração e recebe um marcapasso. Em 1990, pede ao Papa para ser substituída no seu cargo, mas volta a ser reeleita por mais seis anos, até 1996.
Madre Teresa de Calcutá morre no dia 05 de setembro de 1997, depois de sofrer uma parada cardíaca. Uma fila interminável formou-se durante dias, diante da igreja de São Tomé, em Calcutá, onde o seu corpo estava sendo velado. Ao fim de uma semana, com milhares de pessoas ainda querendo dá o último adeus, o corpo da Madre foi transladado ao Estádio Netaji, onde o cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado do Vaticano, celebrou a Missa de corpo presente. O mesmo veículo que, em 1948, transportara o corpo do Mahatma Gandhi foi utilizado para realizar o cortejo fúnebre da Mãe dos pobres.

Francisco Cândido Xavier (1910-1992), mais conhecido como Chico Xavier, foi um dos maiores expoentes do espiritismo no Século XX. Da infância pobre ao reconhecimento internacional, ele nunca pensou nele, e sim, no próximo.

Depois de conhecer seu guia espiritual, Chico levou o dom psicográfico às livrarias. Autores falecidos puderam continuar suas obras através do médium. Foram mais de 400 obras psicografadas e publicadas em diversos idiomas, uma vendagem superior a 50 milhões de exemplares.

Chico Xavier nunca ficou com um centavo do dinheiro arrecadado com as vendas. Toda renda, desde o seu primeiro livro, foi destinada a instituições espíritas e a seus trabalhos sociais, que ajudou sempre os mais necessitados.
O médium recebeu dezenas de homenagens de várias cidades. Porém, humildemente achava que esta admiração pertencia à doutrina espírita e não a ele.

Chico também era uma ponte de conforto para milhares de mães que buscavam nele a esperança de contato com os filhos já mortos. Um trabalho que passou a ter notoriedade graças ao seu empenho e disciplina.

Mahatma Gandhi (1869-1948) foi líder pacifista indiano. Principal personalidade da independência da Índia, então colônia britânica. Ganhou destaque na luta contra os ingleses por meio de seu projeto de não-violência. Além de sua luta pela independência da índia, também ficou conhecido por seus pensamentos e sua filosofia. Acreditava na santidade de todos os seres vivos. Recorria a jejuns, marchas e à desobediência civil, ou seja, estimulava o não pagamento dos impostos e o boicote aos produtos ingleses.
Promoveu um programa de organização da nação a partir da luta em favor dos pobres, que incluía o incentivo às indústrias regionais e a implantação de um sistema de educação voltado para as necessidades do povo.
O título dado a ele, Mahatma, que significa alma grande,expressou o respeito e a veneração do povo indiano por seu líder.

Martin Luther King (1929-1968) foi um ativista político e pastor protestante norte-americano conhecido pela luta contra a discriminação racial nos EUA e luta pelos direitos civis dos negros.
Luther King começou a sua luta contra a discriminação racial no estado do Alabama, envolvendo-se num conflito, no qual, uma cidadã chamada Rosa Park recusou-se a ceder o seu lugar a um branco num transporte público. Liderou o movimento anti-segregacionista, sendo preso por conta disso. A Suprema Corte acabou por eliminar a segregação racial nos transportes públicos.
A partir de 1957, intensificou a sua luta. Foi presidente da Conferência da Liderança Cristão do Sul, participou de diversos eventos e passeatas. Por conta disso, foi preso e torturado.
Seu evento mais importante foi quando conseguiu reunir 200.000 pessoas e proferiu o lema “Eu tenho um sonho”. O discurso foi tão Importante que deu origem à lei dos Direitos Civis de 1964. Em 1965, foi publicada a lei dos direitos de voto dos negros.
Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1964. Não só lutou pelos direitos dos negros, mas teve participação ativa em movimentos contra a guerra do Vietnã.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.

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