sábado, 30 de março de 2013

MAIORIA DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA DEFENDE O ABORTO DE FETO DE ATÉ 3 MESES


Fábio José Lourenço Bezerra
           
           Na obra “O Livro dos Espíritos”, na pergunta Nº 344, temos: “Em que momento a alma se une ao corpo?”
Resposta: “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”

Na pergunta Nº 357, temos: “Que conseqüências tem para o Espírito o aborto?”
            Resposta: “É uma existência nulificada e que ele terá de recomeçar.”

Na pergunta Nº 358, temos: “Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?”
            Resposta: “Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando.”

E, na pergunta Nº 359: “Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?
Resposta: “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”


          Conforme vimos acima, o Espírito se liga ao corpo físico desde a concepção, ou seja, a partir do momento em que o espermatozóide se une ao óvulo. Nesse momento, já existe um ser humano em vias de formação. Um ser individual, pois já não pode mais ser confundido com o organismo de sua mãe, cujo papel, a partir daí, é de dar suporte à sua existência física.
Interromper essa vida significa tirar uma oportunidade, do Espírito reencarnante, de se submeter às experiências na matéria necessárias à sua evolução espiritual. Um assassinato praticado covardemente, pois  a vítima não pode se defender.

Transcrevemos abaixo, um artigo do blog de Reinaldo Azevedo, do site da Revista Veja, onde ele expõe sua opinião, de forma bastante sensata, sobre a notícia que consta no título deste texto.Vejamos:

21/03/2013
 às 6:30

A cultura da morte avança. Leio na Folha o seguinte título: “Médicos defendem aborto até 12ª semana de gestação”. Indaguei cá comigo o óbvio: “Quais médicos?”. Segundo informa Johanna Nublat, “o entendimento foi aprovado pela maioria dos conselheiros federais de medicina e dos presidentes dos 27 CRMs (Conselhos Regionais de Medicina) reunidos em Belém (PA) no início do mês”.  O texto não informa de quanto é essa “maioria” dos conselheiros federais nem quais são os conselhos regionais que a endossam. Ficamos sabendo que um terço dos CRMs não concordou —  entre eles, o de Minas. Se conseguir detalhes, informo aqui.  Vamos lá.
Entre os defensores da legalização do aborto até a 12ª semana está o próprio presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D’Ávila. “Defendemos o caminho da autonomia da mulher. Precisávamos dizer ao Senado a nossa posição.” Uma boa forma de esconder o fato de que o aborto implica a morte do feto é falar em “autonomia da mulher” — afinal, quem pode ser contra essa autonomia? Doutor D’Ávila é médico. Salvar vidas é a essência do compromisso ético de sua profissão. Das duas uma: ou ele não concorda com isso, ou acha que um feto não vive. Não há uma terceira hipótese.
“Precisávamos dizer isso ao Senado”, afirma ele. Ao Senado? Ele está se referindo àquele projeto aloprado de reforma do Código Penal, elaborado por uma comissão formada pelo senador José Sarney (PMDB-PA), que tramita na Casa. É aquele texto que considera mais grave abandonar um cachorro do que abandonar uma criança. É aquele texto que, ao definir uma quantidade que caracterizaria tráfico de drogas, acaba, na prática, por legaliza-lo. É aquele texto que banaliza a eutanásia (parece que doutor D’Ávila nada tem a dizer a respeito). É aquele texto que reconhece como legítimas ações terroristas praticadas por movimentos sociais. É aquele texto que quer mandar para a cadeia quem desfaz um ninho de passarinho, mas deixa sem punição quem mata fetos humanos. Donde se conclui que, para seus formuladores — e, desconfio, também para o doutor D’Ávila —, existe uma hierarquia entre o ovo do pardal e o ovo de gente…
Dr. D’Ávila perfila-se, assim, com um texto eticamente asqueroso. Mas, como ele confessa, “precisávamos (eles) dizer isso ao Senado”. Ok, doutor, está dito! O senhor também acha que ovo de pardal é superior a ovo de gente. Está plenamente compreendido. Só não queira escapar imune à lógica, doutor. Não tentarei lhe prova que o feto é vida porque essa aula quem deveria me dar é Vossa Senhoria. O senhor prefere, no entanto, ignorar essa evidência em nome da, como é mesmo?, “autonomia da mulher”. Então o senhor não seja intelectualmente covarde e defenda o aborto na sua plenitude.
Se é a autonomia da mulher que conta, até que o feto não seja expulso do ventre materno ou de lá não seja retirado por uma cesariana, quem tem o comando é a mãe. Por que, então, essa história de “12 semanas”?  Seja corajoso, doutor; faça como aqueles dois acadêmicos italianos que defenderam o assassinato também de recém-nascidos. Afinal, também o feto que acaba de sair do útero é um nada, certo? Ousados, eles escreverem um artigo intitulado “After-birth abortion: why should the baby live?’ – literalmente: “Aborto pós-nascimento: por que o bebê deveria viver?”. O texto asqueroso foi publicado no “Journal of Medical Ethics”.Escrevi um post a respeito no dia 2 de março do ano passado. O casal é potencialmente homicida, mas lhe assiste certa razão prática: os motivos evocados para justificar o aborto não são muito distintas dos evocados por eles para justificar o assassinato de recém-nascidos. Doutor D’ Ávila deve saber que, assim como não existe meia gravidez, também não existe meia vida humana, não é mesmo? Se o feto não é coisa, então é vida. Dia desses tentaram me convencer que, até o limite de 12 semanas, o feto não sente dor. Uma galinha sente dor quando abatida, suponho, e não defendo a criminalização da morte de galinhas. Não é a existência da dor que define uma vida humana. 
Na Folha, Claúdia Collucci escreve um artigo apoiando o CFM — há um outro crítico. Afirma ela: “A decisão do CFM (Conselho Federal de Medicina) de apoiar a proposta de descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação é corajosa, mas tende a enfrentar resistência no próprio quintal–entre os médicos.” Ai, ai… “Corajosa” por quê? Corajosa contra quem? O que há de corajoso em interromper a vida? Não sei. A propósito: defender a posição contrária também entra na categoria da coragem ou aí já seria covardia? 
Segundo a autora, nos países em que há descriminação do aborto, há menos ocorrências do que naqueles em que ele é proibido. Reproduzo trecho:

“A favor dos que defendem a descriminalização, estão pesquisas recentes mostrando que as mais altas taxas de aborto estão justamente em regiões com leis restritivas.
Um estudo publicado na revista médica “The Lancet” no ano passado analisou dados de 1995 a 2008 e revelou que na América Latina, onde a maioria dos países criminaliza a interrupção da gravidez, estão concentradas os maiores números.
Em 2008, uma média de 32 entre 1.000 mulheres latino-americanas (entre 15 e 44 anos) abortaram. No mesmo ano, a taxa na África foi de 29. Na Europa Ocidental, onde a lei é mais permissiva, o número é de 12 a cada 1.000.”

Esse tipo de raciocínio é fabuloso! Ainda que esses números sejam verdadeiros, apontem uma só razão, uma só implicação racional e lógica, para que se façam menos abortos em países onde a prática é descriminada. Muito provavelmente, há menos ocorrências na Europa ocidental porque há mais educação, mais saúde, mais renda… Para que a hipótese fosse ao menos examinada, seria preciso comparar países em igual estágio de desenvolvimento e com condições sociais semelhantes, mas com legislações distintas. E, ainda assim, seria preciso ver a coisa com cuidado porque há fatores de outra natureza, como os culturais e religiosos.
É uma sandice, uma estupidez — e se costuma fazer o mesmo raciocínio falacioso em relação à descriminação das drogas — sugerir que uma legislação que facilita determinada prática concorre para a sua diminuição. Sei que o argumento enfurece muita gente, mas não há como evitá-lo: leis que descriminassem a pedofilia e o estupro poderiam ter o efeito positivo de provocar a diminuição de ocorrências, ou esse raciocínio especioso só vale para o aborto e as drogas ilegais? “Ah, são coisas diferentes.” Claro que são! Eu estou é me ocupando do princípio que sustenta a tese.
O texto volta à ladainha de que há, por ano, um milhão de abortos provocados no Brasil. Bem, isso é chute militante. Se alguém me disser de onde sai esse número, qual é a fonte, aí começo a examinar a questão. Hospitais públicos e privados não dispõem de um formulário, ficha ou algo assim que informe: “curetagem decorrente de aborto provocado”. Essa é mais uma das mentiras que se espalham por aí, como aquela, que circulava até outro dia, que sustentava que 200 mil mulheres morriam por ano vítimas de abortos clandestinos.
Segundo uma pesquisa do Instituto do Coração, da USP, entre 1995 e 2007, a curetagem depois do procedimento de aborto foi a cirurgia mais realizada pelo SUS: 3,1 milhões de registros. Observem: 3,1 milhões de procedimentos em 13 anos. E é impossível saber o que é aborto provocado e o que é aborto espontâneo. Aquele milhão é número mágico, militante, sem base na realidade.
Os defensores do aborto têm de deixar de ser covardes e defender o seu ponto de vista sem ficar apelando para falsas questões. Este blog aguarda, e publicará com destaque, um texto demonstrando por que a legalização ou descriminação de determinada prática implicaria a diminuição de sua incidência." 
Por Reinaldo Azevedo

Dr. Bernard Nathanson foi um dos maiores abortistas dos Estados Unidos. Declarava-se pessoalmente responsável por mais de 75.000 abortos. Com suas próprias mãos, fez mais de 5.000 deles. Contudo, tornou-se um ativista pró-vida após ter suas convicções pró-aborto contraditadas com o surgimento do ultrassom, convencendo-se que, a cada aborto, é assassinado um ser humano.
Relativamente ao Dr Nathanson, extraímos o trecho abaixo, de um texto publicado no site católico www.acidigital.com.br:

“[...] "Abortei os filhos não nascidos dos meus amigos, colegas, conhecidos e inclusive professores. Cheguei ainda a abortar meu próprio filho", chorou amargamente o médico, que explicou que por volta da metade da década de 60 engravidou a uma mulher que gostava muito dele (...) Ela queria seguir adiante com a gravidez mas ele se negou. Já que eu era um dos especialistas no tema, eu mesmo realizaria o aborto, expliquei. E assim procedi.", precisou.

Entretanto a partir deste acontecimento as coisas começaram a mudar. Deixou a clínica abortista e possou a ser chefe de obstetricia do Hospital St. Luke's. A nova tecnologia, o ultrassom, começava a aparecer no ambiente médico. No dia em que Nathanson pôde observar o coração do feto nos monitores eletrônicos, começou a perguntar-se "quê estamos fazendo verdadeiramente na clínica".

Decidiu reconhecer o seu erro. Na revista médica The New England Journal of Medicine, escreveu um artigo sobre sua experiência com os ultrasonografias, recohecendo que no feto existia vida humana. Incluia declarações como a seguinte: "o aborto deve ser visto como a interrupção de um processo que de outro modo teria produzido um cidadão no mundo. Negar esta realidade é o tipo mais grosseiro de evasão moral".

Aquele artigo provocou uma forte reação. Nathanson e sua família receberam inclusive ameaças de morte, porém a evidência de que não podia continuar praticando abortos se impôs. Tinha chegado à conclusão que não havia nenhuma razão para abortar: o aborto é um crime.

Pouco tempo depois, uma nova experiência com as ultrasonografias serviu de material para um documentario que encheu de admiração e horror ao mundo. Era titulado "O grito silencioso", e sucedeu em 1984 quando Nathanson pediu a um amigo seu - que praticava entre 15 a 20 abortos por dia- que colocasse um aparelho de ultrasom sobre a mãe, gravando a intervenção.

"Assim o fez -explica Nathanson- e, quando viu a gravação comigo, ficou tão afetado que nunca mais voltou a realizar um aborto. As gravações eram assombrosas, por mais que não eram de boa qualidade. Selecionei a melhor e comecei a projetá-la nos meus encontros pró-vida por todo o país".”
            
        Abaixo colocamos o vídeo com o documentário “O grito silencioso”Fundamental para aqueles que ainda se posicionam favoráveis a essa covarde prática:





BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos.Ed.FEB. Versão digital por: L.NEILMORIS © 2007

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:


http://www.acidigital.com/vida/aborto/nathanson.htm

http://www.youtube.com/watch?v=XjUGoSr4MWE


quinta-feira, 28 de março de 2013

JESUS RESSUSCITOU? AS APARIÇÕES DE JESUS APÓS SUA MORTE


Fonte da imagem: http://silviosantosdecolores.blogspot.com.br/2011_04_01_archive.html

Fábio José Lourenço Bezerra

Determinadas doutrinas religiosas pregam que Jesus, após sua morte, teve o seu corpo físico ressuscitado, aparecendo aos seus discípulos. Terá sido isso, realmente, o que ocorreu?
No Capítulo XV da obra “A Gênese”, Allan Kardec analisa essa questão. Inicialmente, ele transcreve trechos dos Evangelhos bastante interessantes. Vejamos:

“Mas, Maria (Madalena) se conservou fora, perto do sepulcro, a derramar lágrimas. E,estando a chorar, como se abaixasse para olhar dentro do sepulcro — viu dois anjos vestidos de branco, assentados no lugar onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira, o outro do lado dos pés. — Disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela respondeu: É que levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.
Tendo dito isto, voltou-se e viu a Jesus de pé, sem saber, entretanto que fosse Jesus. — Este então lhe disse: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, pensando fosse o jardineiro, lhe disse: Senhor, se foste tu quem o tirou, dize-me onde o puseste e eu o levarei.
Disse-lhe Jesus: Maria. Logo ela se voltou e disse: Rabboni , isto é: Meu Senhor. — Jesus lhe respondeu: Não me toques, porquanto ainda não subi para meu Pai; mas, vai ter com meus irmãos e dize-lhes de minha parte: Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus.
Maria Madalena foi então dizer aos discípulos que vira o Senhor e que este lhe dissera aquelas coisas. (S. João, 20:11 a 18.)
Naquele mesmo dia, indo dois deles para um burgo chamado Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios — falavam entre si de tudo o que se passara. — E aconteceu que, quando conversavam e discorriam sobre isso, Jesus se lhes juntou e se pôs a caminhar com eles; — seus olhos, porém, estavam tolhidos, a fim de que não o pudessem reconhecer . — Ele disse: De que vínheis falando a caminhar e por que estais tão tristes?
Um deles, chamado Cleofas, tomando a palavra disse: Serás em Jerusalém o único estrangeiro que não saiba do que aí se passou estes últimos dias? — Que foi? perguntou ele.
Responderam-lhe: A respeito de Jesus de Nazaré, que foi um poderoso profeta diante de Deus e diante de toda a gente, e acerca do modo por que os príncipes dos sacerdotes e os nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. — Ora, nós esperávamos fosse ele quem resgatasse a Israel, no entanto, já estamos no terceiro dia depois que tais coisas se deram. — É certo que algumas mulheres das que estavam conosco nos espantaram, pois que, tendo ido ao seu sepulcro antes do romper do dia, nos vieram dizer que anjos mesmos lhes apareceram, dizendo-lhes que ele está vivo. — E alguns dos nossos, tendo ido também ao sepulcro, encontraram todas as coisas conforme as mulheres haviam referido; mas, quanto a ele, não o encontraram.
Disse-lhes então Jesus: Oh! insensatos, de coração tardo a crer em tudo a que os profetas hão dito! Não era preciso que o Cristo sofresse todas essas coisas e que entrasse assim na sua glória? — E, a começar de Moisés, passando em seguida por todos os profetas, lhes explicava o que em todas as Escrituras fora dito dele.
Ao aproximarem-se do burgo para onde se dirigiam, ele deu mostras de que ia mais longe. — Os dois o obrigaram a deter-se, dizendo-lhe: Fica conosco, que já é tarde e o dia está em declínio. Ele entrou com os dois. — Estando com eles à mesa tomou do pão, abençoou-o e lhes deu. — Abriram-se-lhes ao mesmo tempo os olhos e ambos o reconheceram; ele, porém, lhes desapareceu das vistas.
Então, disseram um ao outro: Não é verdade que o nosso coração ardia dentro de nós, quando ele pelo caminho nos falava, explicando-nos as Escrituras? — E, erguendo-se no mesmo instante, voltaram a Jerusalém e viram que os onze apóstolos e os que continuavam com eles estavam reunidos — e diziam: O Senhor em verdade ressuscitou e apareceu a Simão. — Então, também eles narraram o que lhes acontecera em caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
Enquanto assim confabulavam, Jesus se apresentou no meio deles e lhes disse: A paz seja convosco; sou eu, não vos assusteis. — Mas, na perturbação e no medo de que foram tomados, eles imaginaram estar vendo um Espírito.
E Jesus lhes disse: Por que vos turbais? Por que se elevam tantos pensamentos nos vossos corações? — Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo. Tocai-me e considerai que um Espírito não tem carne, nem osso, como vedes que eu tenho. — Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Mas, como eles ainda não acreditavam, tão transportados de alegria e de admiração se achavam, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que se coma? — Eles lhe apresentaram um pedaço de peixe assado e um favo de mel. — Ele comeu diante deles e, tomando os restos, lhes deu, dizendo: Eis que, estando ainda convosco, eu vos dizia que era necessário se cumprisse tudo o que de mim foi escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. Ao mesmo tempo lhes abriu o espírito, a fim de que entendessem as Escrituras — e lhes disse: É assim que está escrito e assim era que se fazia necessário sofresse o Cristo e ressuscitasse dentre os mortos ao terceiro dia; — e que se pregasse em seu nome a penitência e a remissão dos pecados em todas as nações, a começar por Jerusalém. — Ora, vós sois testemunhas dessas coisas. — Vou enviar-vos o dom de meu Pai, o qual vos foi prometido; mas, por enquanto, permanecei na cidade, até que eu vos haja revestido da força do Alto. (S. Lucas, 24:13 a 49.)
Ora, Tomé, um dos doze apóstolos, chamado Dídimo, não se achava com eles quando Jesus lá foi vindo. — Os outros discípulos então lhe disseram: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes disse: Se eu não vir nas suas mãos as marcas dos cravos que as atravessaram e não puser o dedo no buraco feito pelos cravos e minha mão no rasgão do seu lado, não acreditarei, absolutamente.
Oito dias depois, estando ainda os discípulos no mesmo lugar e com eles Tomé, Jesus se apresentou, achando-se fechadas as portas, e, colocando-se no meio deles, disse-lhes: A paz seja convosco.
Disse em seguida a Tomé: Põe aqui o teu dedo e olha minhas mãos; estende também a tua mão e mete-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas fiel. — Tomé lhe respondeu: Meu Senhor e meu Deus!       — Jesus lhe disse: Tu creste, Tomé, porque viste; ditosos os que creram sem ver. (S. João, 20:24 a 29.)
Jesus também se mostrou depois aos seus discípulos à margem do mar de Tiberíades, mostrando-se desta forma:
Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná, na Galiléia, os filhos de Zebedeu e dois outros de seus discípulos estavam juntos. — Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Os outros disseram: Também nós vamos contigo. Foram-se e entraram numa barca; mas, naquela noite, nada apanharam.
Ao amanhecer, Jesus apareceu à margem sem que seus discípulos conhecessem que era ele. — Disse-lhes então: Filhos, nada tendes que se coma? Responderam-lhe: Não. Disse-lhes ele: Lançai a rede do lado direito da barca e achareis. Eles a lançaram logo e quase não a puderam retirar, tão carregada estava de peixes.
Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor. Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, vestiu-se (pois que estava nu) e se atirou ao mar. — Os outros discípulos vieram com a barca, e, como não estavam distantes da praia mais de duzentos côvados, puxaram daí a rede cheia de peixes. (S. João, 21:1 a 8.)
Depois disso, ele os conduziu para Betânia e, tendo lavado as mãos, os abençoou — e, tendo-os abençoado, se separou deles e foi arrebatado ao céu. Quanto a eles, depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém, cheios de alegria. — Estavam constantemente no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém. (S.Lucas, 24:50 a 53.)
 Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea, oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo modo desaparece; uns o vêem, outros não, sob aparências que não o tornam reconhecível nem sequer aos seus discípulos; mostra-se em recintos fechados, onde um corpo carnal não poderia penetrar; sua própria linguagem carece da vivacidade da de um ser corpóreo; fala em tom breve e sentencioso, peculiar aos Espíritos que se manifestam daquela maneira; todas as suas atitudes, numa palavra, denotam alguma coisa que não é do mundo terreno. Sua presença causa simultaneamente surpresa e medo; ao vê-lo, seus discípulos não lhe falam com a mesma liberdade de antes; sentem que já não é um homem.
Jesus, portanto, se mostrou com o seu corpo perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se estivesse com o seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. (Cap. XIV, nos 14 e 35 a 38.)
Ao passo que a incredulidade rejeita todos os fatos que Jesus produziu, por terem uma aparência sobrenatural, e os considera, sem exceção, lendários, o Espiritismo dá explicação natural à maior parte desses fatos. Prova a possibilidade deles, não só pela teoria das leis fluídicas, como pela identidade que apresentam com análogos fatos produzidos por uma imensidade de pessoas nas mais vulgares condições. Por serem, de certo modo, tais fatos do domínio público, eles nada provam, em princípio, com relação à natureza excepcional de Jesus.” (Ver o texto O Que São Médiuns?, neste blog. Vários cientistas de renome, na segunda metade do século XIX e início do século XX, realizando experiências com médiuns, rigorosamente fiscalizadas, puderam observar a materialização completa de muitos Espíritos. Ver o texto Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte, neste blog).
.        “O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a revolução que seus ensinos produziram no mundo, malgrado à exigüidade dos seus meios de ação.
Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, no seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, apenas durante três anos prega a sua doutrina; em todo esse curto espaço de tempo é desatendido e perseguido pelos seus concidadãos; vê-se obrigado a fugir para não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos, renegado por outro, abandonado por todos no momento em que cai nas mãos de seus inimigos. Só fazia o bem e isso não o punha ao abrigo da malevolência, que dos próprios serviços que ele prestava tirava motivos para o acusar. Condenado ao suplício que só aos criminosos era infligido, morre ignorado do mundo, visto que a História daquela época nada diz a seu respeito. Nada escreveu; entretanto, ajudado por alguns homens tão obscuros quanto ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão por que dizemos que o triunfo alcançado pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecessem de nome.”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. A gênese: Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Ed.FEB.Versão digital por: ERY LOPES © 2007. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

A ORAÇÃO DE JESUS - O PAI NOSSO - SEGUNDO OS ESPÍRITOS


Fonte da imagem: http://www.otumulovazio.com/religiao/capitulo173.html

Fábio José Lourenço Bezerra

No Capítulo XXVIII, intitulado “COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS”, do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec escreveu:

“Os Espíritos recomendaram que, encabeçando esta coletânea, puséssemos a Oração dominical, não somente como prece, mas também como símbolo. De todas as preces, é a que eles colocam em primeiro lugar, seja porque procede do próprio Jesus (Mateus, 6:9 a 13), seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem; é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra prima de sublimidade na simplicidade.
Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria para si.
Contudo, em virtude mesmo da sua brevidade, o sentido profundo que encerram as poucas palavras de que ela se compõe escapa à maioria das pessoas. Daí vem o dizerem-na, geralmente, sem que os pensamentos se detenham sobre as aplicações de cada uma de suas partes. Dizem-na como uma fórmula cuja eficácia se ache condicionada ao número de vezes que seja repetida. Ora, quase sempre esse é um dos números cabalísticos: três, sete ou nove, tomados à antiga crença supersticiosa na virtude dos números e de uso nas operações da magia.
Para preencher o que de vago a concisão desta prece deixa na mente, a cada uma de suas proposições aditamos, aconselhado pelos Espíritos e com a assistência deles, um comentário que lhes desenvolve o sentido e mostra as aplicações. Conforme, pois, as circunstâncias e o tempo de que disponha, poderá, aquele que ore, dizer a Oração dominical, ou na sua forma simples, ou na desenvolvida.

 Prece. – I. Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome!

Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o pequenino inseto, até os astros que se movem no espaço, o nome se acha inscrito de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda a parte se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças.

II. Venha o teu reino!

Senhor, deste aos homens leis plenas de sabedoria e que lhes dariam a felicidade, se eles as cumprissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça e mutuamente se auxiliariam, em vez de se maltratarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Evitados seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da violação de tuas leis, porquanto nenhuma infração delas deixa de ocasionar fatais conseqüências.
Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele maquinalmente se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteligência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmente lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações.
Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis, pois, com paternal previdência, quiseste que elas se gravassem na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam.
Dia virá em que, segundo a tua promessa, todos as praticarão. Desaparecido terá, então, a incredulidade. Todos te reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra.
Digna-te, Senhor, de apressar-lhe o advento, outorgando aos homens a luz necessária, que os conduza ao caminho da verdade.

III. Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu.

Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a tua vontade, Senhor, é observar as tuas leis e submeter-se, sem queixumes, aos teus decretos. O homem a ela se submeterá, quando compreender que és a fonte de toda a sabedoria e que sem ti ele nada pode. Fará, então, a tua vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu.

IV. Dá-nos o pão de cada dia.

Dá-nos o alimento indispensável à sustentação das forças do corpo; mas, dá-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito. O bruto encontra a sua pastagem; o homem, porém, deve o sustento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criaste livre.
Tu lhe hás dito: “Tirarás da terra o alimento com o suor da tua fronte.” Desse modo, fizeste do trabalho, para ele, uma obrigação, a fim de que exercitasse a inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e ao seu bem estar, uns mediante o labor manual, outros pelo labor intelectual. Sem o trabalho, ele se conservaria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores.
Ajudas o homem de boa vontade que em ti confia, pelo que concerne ao necessário; não, porém, àquele que se compraz na ociosidade e desejara tudo obter sem esforço, nem àquele que busca o supérfluo. (Cap. XXV.)
Quantos e quantos sucumbem por culpa própria, pela sua incúria, pela sua imprevidência, ou pela sua ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes havias concedido! Esses são os artífices do seu infortúnio e carecem do direito de queixar-se, pois que são punidos naquilo em que pecaram. Mas, nem a esses mesmos abandonas, porque és infinitamente misericordioso. As mãos lhes estendes para socorrê-los, desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para ti. (Cap. V, nº 4.)
Antes de nos queixarmos da sorte, inquiramos de nós mesmos se ela não é obra nossa. A cada desgraça que nos chegue, cuidemos de saber se não teria estado em nossas mãos evitá-la.
Consideremos também que Deus nos outorgou a inteligência para tirarnos do lameiro, e que de nós depende o modo de a utilizarmos.
Pois que à lei do trabalho se acha submetido o homem na Terra, dá-nos coragem e forças para obedecer a essa lei. Dá-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não perdermos o respectivo fruto.
Dá-nos, pois, Senhor, o pão de cada dia, isto é, os meios de adquirirmos, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, porquanto ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.
Se trabalhar nos é impossível, à tua divina providência nos confiamos.
Se está nos teus desígnios experimentarnos pelas mais duras provações, malgrado aos nossos esforços, aceitamo-las como justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta existência, ou noutra anterior, porquanto és justo. Sabemos que não há penas imerecidas e que jamais castigas sem causa.
Preserva-nos, ó meu Deus, de invejar os que possuem o que não temos, nem mesmo os que dispõem do supérfluo, ao passo que a nós nos falta o necessário.
Perdoa-lhes, se esquecem a lei de caridade e de amor do próximo, que lhes ensinaste. (Cap. XVI, nº 8)
Afasta, igualmente, do nosso espírito a idéia de negar a tua justiça, ao notarmos a prosperidade do mau e a desgraça que cai por vezes sobre o homem de bem. Já sabemos, graças às novas luzes que te aprouve conceder-nos, que a tua justiça se cumpre sempre e a ninguém excetua; que a prosperidade material do mau é efêmera, quanto a sua existência corpórea, e que experimentará terríveis reveses, ao passo que eterno será o júbilo daquele que sofre resignado. (Cap. V, nº 7, 9, 12 e 18)

V. Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem. Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam.

Cada uma das nossas infrações às tuas leis, Senhor, é uma ofensa que te fazemos e uma dívida que contraímos e que cedo ou tarde teremos de saldar.
Rogamos-te que no-las perdoes pela tua infinita misericórdia, sob a promessa, que te fazemos, de empregarmos os maiores esforços para não contrair outras.
Tu nos impuseste por lei expressa a caridade; mas, a caridade não consiste apenas em assistirmos os nossos semelhantes em suas necessidades; também consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a tua indulgência, se dela não usássemos para com aqueles que nos hão dado motivo de queixa? Concede-nos, ó meu Deus, forças para apagar de nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Faze que a morte não nos surpreenda guardando nós no coração desejos de vingança. Se te aprouver tirar-nos hoje mesmo deste mundo, faze que nos possamos apresentar, diante de ti, puros de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujos últimos pensamentos foram em prol dos seus algozes. (Cap. X)
Constituem parte das nossas provas terrenas as perseguições que os maus nos infligem. Devemos, então, recebê-las sem nos queixarmos, como todas as outras provas, e não maldizer dos que, por suas maldades, nos rasgam o caminho da felicidade eterna, visto que nos disseste, por intermédio de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!” Bendigamos, portanto, a mão que nos fere e humilha, uma vez que as mortificações do corpo nos fortificam a alma e que seremos exalçados por efeito da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4.) Bendito seja teu nome, Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada depois da morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e de reparar nossas culpas passadas, de cumprir em nova vida o que não podemos fazer nesta, para nosso progresso. (Cap. IV, e cap. V, nº 5)
Assim se explicam, afinal, todas as anomalias aparentes da vida. É a luz que se projeta sobre o nosso passado e o nosso futuro, sinal evidente da tua justiça soberana e da tua infinita bondade.

VI. Não nos deixes entregues à tentação, mas livra-nos do mal

Dá-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos Espíritos maus, que tentem desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos.
Mas, somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos.
Em nós mesmos está a causa primária do mal e os maus Espíritos mais não fazem do que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentarem.
Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. É inútil tudo o que possamos fazer para afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer no bem e absoluta renunciação ao mal. Contra nós mesmos, pois, é que precisamos dirigir os nossos esforços e, se o fizermos, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, porquanto o mal é que os atrai, ao passo que o bem os repele. (Veja-se aqui adiante: “Preces pelos obsidiados”.)
Senhor, ampara-nos em nossa fraqueza; inspira-nos, pelos nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de nos corrigirmos de todas as imperfeições a fim de obstarmos aos Espíritos maus o acesso à nossa alma. (Veja-se aqui adiante o nº 11.)
O mal não é obra tua, Senhor, porquanto o manancial de todo o bem nada de mau pode gerar. Somos nós mesmos que criamos o mal, infringindo as tuas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos outorgaste. Quando os homens as cumprirmos, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu de mundos mais adiantados que o nosso.
O mal não constitui para ninguém uma necessidade fatal e só parece irresistível aos que nele se comprazem. Desde que temos vontade para o fazer, também podemos ter a de praticar o bem, pelo que, ó meu Deus, pedimos a tua assistência e a dos Espíritos bons, a fim de resistirmos à tentação.

VII. Assim seja.

Praza-te, Senhor, que os nossos desejos se efetivem. Mas, curvamo-nos perante a tua sabedoria infinita. Que em todas as coisas que nos escapam à compreensão se faça a tua santa vontade e não a nossa, pois somente queres o nosso bem e melhor do que nós sabes o que nos convém.
Dirigimos-te esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitem a nossa assistência e, em particular, por N... Para todos suplicamos a tua misericórdia e a tua bênção.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, Allan.O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.

sábado, 23 de março de 2013

TERIA JESUS ANUNCIADO O SURGIMENTO DO ESPIRITISMO?


Fonte da imagem: http://gezielandrade-espiritismo.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html

Fábio José Lourenço Bezerra

Em sua obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo VI, Allan Kardec transcreve as seguintes palavras de Jesus, contidas no Evangelho de João:

“Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.”
(JOÃO, 14:15 a 17 e 26)

Logo em seguida, Kardec faz a seguinte análise dessas palavras:

“Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.” Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.”

Na mesma obra acima citada, no Capítulo XV, Kardec escreveu sobre a mensagem de Jesus:

“Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.” (ver o texto Quem é Jesus? Parte 3 – Como Podemos Obter a Salvação?, neste blog).

De fato, a essência da mensagem de Jesus foi mal compreendida e esquecida, como ele havia predito. A ela, foram acrescidos rituais e dogmas diversos, colocando-se em segundo plano, ou mesmo ignorando, a regra essencial da mesma, o “Ama a teu próximo como a ti mesmo”. Inclusive, muitos estudiosos do Novo Testamento chegaram à conclusão de que esses rituais e dogmas se baseiam em alterações feitas, posteriormente, nos Evangelhos. Não representam, portanto, o verdadeiro pensamento de Jesus.  (ver os textos O Que Realmente Jesus Ensinou? e Quem é Jesus Parte 2 – Jesus é Deus?, neste blog). Ao longo da história chegou-se, até mesmo, a matar e a torturar em nome dele inúmeras vezes, como no caso da Inquisição e das Cruzadas.

O Espiritismo surgiu como nas palavras de Sir Arthur Conan Doyle, em seu excelente livro “História do Espiritismo”:

“É impossível fixar uma data para as primeiras aparições de uma força inteligente exterior, de maior ou menor elevação, influindo nas relações humanas. Os espíritas tomaram oficialmente a data de 31 de março de 1848 como o começo das coisas psíquicas, porque o movimento foi iniciado naquela data. Entretanto não há época na história do mundo em que não se encontrem traços de interferências preternaturais e o seu tardio reconhecimento pela humanidade. A única diferença entre esses episódios e o moderno movimento é que aqueles podem ser apresentados como casos esporádicos de extraviados de uma esfera qualquer, enquanto os últimos têm as características de uma invasão organizada (grifo nosso). Como, porém, uma invasão poderia ser precedida por pioneiros em busca da Terra, também o influxo espírita dos últimos anos poderia ser anunciado por certo número de incidentes, susceptíveis de verificação desde a Idade Média e até mais para trás.”
  
A invasão organizada, citada por Conan Doyle, teve início justamente com os fatos ocorridos em Hydesville, nos Estados Unidos, através da mediunidade das irmãs Fox. Estes fatos inauguraram uma nova Era de comunicações organizadas com o mundo invisível, encorajando vários médiuns e testemunhas a tornarem públicas as manifestações dos Espíritos, que já vinham ocorrendo (ver o texto O Início do Espiritismo Parte 1 – Hydesville, neste blog). Até que, em determinado momento, os próprios Espíritos sugeriram um novo método de comunicação: mesas que, suspensas no ar, davam pancadas no chão, passando as mensagens através de um código pré-estabelecido. Através deste método, surgiu o fenômeno que ficou conhecido como “As Mesas Girantes”. Surgindo nos Estados Unidos, espalhou-se lá, depois na Europa e no resto do mundo. Nos salões de festa, nas residências e nos laboratórios, os Espíritos, através das mesas, anunciavam que a alma não desaparece com a morte. Estes fatos foram amplamente noticiados em jornais e livros da época. Foi este fenômeno que atraiu a atenção de Allan Kardec, que passou a estudá-lo séria e rigorosamente (ver o texto O Início do Espiritismo Parte 2 – A Codificação, neste blog). Vários Espíritos, intelectual e moralmente muito avançados, liderados pelo que se denominava como o Espírito de Verdade, comunicaram a Kardec que ele próprio havia encarnado com a missão de organizar e divulgar, sob a supervisão deles, os ensinamentos que traziam: A Doutrina Espírita.

O Espírito de Verdade deu as seguintes comunicações, publicadas no Capítulo VI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis.”
Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.
Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.
Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: “Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1860)

“Venho instruir e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de suas provas, que chorem, porquanto a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; mas, que esperem, pois que também a eles os anjos consoladores lhes virão enxugar as lágrimas.
Obreiros, traçai o vosso sulco; recomeçai no dia seguinte o afanoso labor da véspera; o trabalho das vossas mãos vos fornece aos corpos o pão terrestre; vossas almas, porém, não estão esquecidas; e eu, o jardineiro divino, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso, e a trama da vida se vos escapar das mãos e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis que surge em vós e germina a minha preciosa semente. Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desnudo dentre todos vós será talvez o mais resplandecente.
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem-amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio d’Aquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1861)


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

1 KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995.;

2_________________. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. Versão digital: Ery Lopes – 2007.;

3_________________. Obras póstumas. Rio de janeiro: Editora FEB.;

4 DOYLE, Arthur Conan. História do Espiritismo. Editora Pensamento.