terça-feira, 22 de outubro de 2013

AS IMPRESSIONANTES EXPERIÊNCIAS DO CIENTISTA WILLIAM CROOKES COM MÉDIUNS

Fonte da imagem: Livro "Experimentações mediúnicas". Autor: Lamartine Palhano Jr.

Fábio José Lourenço Bezerra

            Antes de tratarmos das experiências com médiuns realizadas pelo cientista inglês Sir William Crookes, vamos conhecê-lo, através dos seus dados biográficos contidos na obra “Experimentações Mediúnicas: A propósito das pesquisas psíquicas de William Crookes”, do autor Lamartine Palhano Júnior, editora CELD:

            “Considerado como um dos mais persistentes e corajosos pesquisadores dos fenômenos espíritas e o maior químico da Inglaterra, William Crookes nasceu em Londres, no dia 17 de Junho de 1832 e desencarnou na mesma cidade, no dia 4 de abril de 1919.
            Estudou no “Colégio de Química”, onde foi aluno brilhante, alcançando o cargo de professor substituto no “Colégio Real” e, posteriormente, foi inspetor da seção de meteorologia do Observatório de Redcliffe. Aos 23 anos, no ano de 1855, assumiu a Cadeira de Química na Universidade de Chester. Após alguns anos, em 1861, ficou bastante conhecido quando descobriu os raios catódicos e isolou o Tálio (elemento Químico), determinando suas propriedades físicas. Em 1872, após prolongados estudos do espectro solar, descobriu a aparente ação repulsiva dos raios luminosos, fato que o levou a à construção do Radiômetro, em 1874. Em 1885, descobriu um novo tipo de processamento do ouro. A existência do quarto estado da matéria, a que denominou “estado radiante”, foi por ele determinada no ano de 1879. Por essa última descoberta, foi amplamente recompensado pela Academia de Ciências da França.
            Em virtude dos seus feitos científicos, recebeu muitos prêmios como a Medalha de Ouro da Sociedade Real, em 1875; a Medalha Davy, em 1888 e a Medalha de “Sir” J.Coprey, em 1904. Esse último galardão foi pelas suas relevantes contribuições no campo da Física e da Química.
            Foi nomeado “Cavalheiro” pela Rainha Vitória, da Inglaterra, em 1897. A Condecoração da Ordem do Mérito foi-lhe outorgada em 1910. Fundou os periódicos “Chemical News” e “Quartely Journal of Science”. Foi presidente de diversas sociedades científicas, tais como a “Sociedade Real de Química”, “Instituto de Engenharia Elétrica” e da “Sociedade de Investigações Psíquicas”.”
            “Não é difícil encontrar dados sobre a vida de William Crookes, as mais completas enciclopédias trazem sua biografia e, mais recentemente, a T. Fisher Unwin LTD (Londres) lançou o livro de Fournier: “The Life of Sir William Crookes”. Como homem de ciência publicou várias obras: em 1870 saiu “Métodos Escolhidos de Análise Química”; em 1880, “Fabricação do Açúcar de Beterraba na Inglaterra”; em 1881, “Manual de Tintura e Impressão de Tecidos”, em 1883, “Manual de Tecnologia: Solução da Questões dos Enxurros”; em 1885, “Maneira de Estabelecer um Sistema de Canalização Vantajosa”.
           
Vejamos o que disse o ilustre discípulo de Louis Pasteur, O Dr.Paul Gibier, em seu livro “O Espiritismo (Faquirismo Ocidental)”, pela editora FEB:

“Aos 20 anos, Crookes publicava interessantes memórias sobre a luz polarizada; depois, foi um dos primeiros, na Inglaterra, a estudar, com o auxílio do espectroscópio, as propriedades dos espectros solar e terrestre.
Deve-se a ele sérios trabalhos sobre a medida da intensidade da luz, e engenhosos instrumentos: o fotômetro de polarização e o microscópico espectral, por exemplo. Os seus escritos sobre a química geral foram muito apreciados desde o momento em que apareceram.
É ele o autor de um tratado de análises químicas (Méthodes Choisies), hoje clássico. Deve-se-lhe numerosas pesquisas em Astronomia e principalmente sobre a fotografia celeste. Em 1855-56, as Sociedades Reais de Londres, que o admitiu no número de seus membros ativos – em primeira votação - decretou-lhe um auxílio monetário para prosseguir em seus trabalhos sobre a fotografia da Lua. O governo da Rainha o enviou ultimamente a Orara para observar um eclipse.
Acrescentamos que ele, além disso, se ocupou de medicina e de higiene, do que dão testemunho os seus trabalhos sobre a peste bovina, etc. Mas, duas descobertas têm sobretudo classificado Crookes entre os mestres da ciência moderna: o ilustre sábio era já distinto pela sua descoberta de um processo de amalgamação com o auxílio do sódio,
processo que é empregado hoje na Austrália, na Califórnia e na América do Sul pela indústria metalúrgica do ouro, quando fez conhecer um novo corpo simples metálico: o Tálio. Aprecia-se o valor de semelhante descoberta. Quando se sabe que o número de corpos simples conhecidos na série dos metais se elevava à cerca de cinqüenta. Ele foi conduzido a essa preciosa descoberta pelos seus trabalhos sobre a análise espectral.
Foi assim, de fato, que foram insulados o césio, o rubidio e o índio.
A segunda descoberta, de Crookes vem corroborar o que avançamos; queremos falar da matéria radiante.
A matéria aparece aos nossos sentidos sob três estados bem diferentes: sólido, líquido e gasoso. Existe, provavelmente, uma infinidade de estados da matéria, mas não conhecemos senão três.
Crookes nos fez entrever um quarto.
Por uma série de experiências, feitas com rara exatidão, o demonstraram os estados entrevistam por Faraday, denominando-a matéria radiante.
Não queremos fazer o histórico dessas experiências tão importantes sob o ponto de vista filosófico da Química, da Física e do estudo da matéria em geral: em resumo resulta disso que a matéria, em sua essência, deve ser una e que os corpos variados que caem sob os nossos sentidos imperfeitos não são senão um agrupamento, uma estrutura molecular especial da matéria, segundo a opinião do celebre químico Boutlerow, de S. Petersburgo, que, dizemo-lo incidentemente, confirmou o que pôde verificar das experiências do Crookes sobre a força psíquica. Crookes repetiu as suas experiências sobre a matéria radiante em 1879 (setembro), no Congresso da Associação Britânica para o adiantamento das ciências, e em 1880, na Escola de Medicina de Paris e no observatório, a convite do Professor Würtz e do Almirante Mouchez.
Os efeitos produzidos pela matéria nesse estado foram os mais surpreendentes e de uma força formidável, valendo um grande êxito para Crookes.”

Conforme já mencionamos no texto Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte, neste blog, no período compreendido entre 1869 e 1875, Sir William Crookes realizou um número enorme de sessões, com os mais diversos médiuns. As de maior relevância ele realizou em seu próprio laboratório, para um maior controle dos experimentos. Os médiuns mais qualificados foram: Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles Edward Williams, Florence Cook e Annie Eva Fay.

Para não estender demasiadamente o texto, escolhemos algumas experiências realizadas com os dois principais médiuns estudados: Dunglas Home e Florence Cook.

Experiências com o médium Daniel Dunglas Home

             Extraímos o texto abaixo, de autoria de Sir William Crookes, da obra de Palhano Júnior já citada:

 [...] Assim, uma vez que as condições convenientes se apresentaram, aproveitei-as com satisfação para aplicar a estes fenômenos a experiência científica cuidadosamente controlada, chegando assim, a resultados preciosos que acho dignos de publicação.
De todas as pessoas dotadas do poder de desenvolver essa "força psíquica", e que são chamados ‘médiuns’ (entre outras teorias sobra a sua origem), o Sr. Daniel Dunglas Home é, sem dúvida, a mais extraordinária. E é principalmente devido às muitas ocasiões em que estive, para fazer pesquisas, em sua presença que tenho sido levado a poder afirmar de maneira tão veemente a existência dessa "força". Muitas foram as tentativas que fiz; mas devido ao conhecimento imperfeito das condições que favorecem ou contrariam as manifestações da "força", da maneira caprichosa, aparentemente, como ela se manifesta, e pelo fato de que o Sr. Home está sujeito à inexplicáveis fluxos e refluxos dessa "força", é que raramente os resultados obtidos puderam ser confirmados e controlados com aparelhos construídos para esse fim em especial.
Entre os fenômenos que se produziram sob a influência do Sr. Home, os mais frequentes e, ao mesmo tempo, os que se prestavam melhor ao exame científico, foram: 1º) a alteração de peso dos corpos; 2º) a execução de melodia em instrumentos de música (geralmente com acordeão, por causa da facilidade de transporte) sem intervenção humana direta, e em condições que tornaram impossível todo contato ou toda manipulação das chaves. Não é senão após ter sido frequentemente testemunha destes fatos e de os haver escrutado com todo o rigor do qual eu sou capaz, que estou convencido de sua realidade concreta. 
Minhas experiências foram feitas em minha própria casa, à noite, num amplo espaço iluminado à luz de gás. Os aparelhos preparados com a finalidade de constatar os movimentos do acordeão consistiam em uma gaiola, formada por dois arcos de madeira, respectivamente de diâmetro de um pé e dez polegadas (55,86 cm) e de dois pés (60, 96 cm), reunidos por doze ripas estreitadas, cada uma de um pé e dez polegadas de comprimento, de modo a formar a estrutura de uma espécie de tambor aberto em cima e em baixo. Ao redor, 50 metros e fios de cobre, isolados, que foram enrolados em 24 voltas; cada uma dessas voltas encontrando-se a menos de uma polegada de distância uma da outra.
 Esses fios de metal, horizontais, foram então solidamente reatados junto com cordas, de modo a formar malhas fechadas. A altura desta gaiola era tal que ela podia passar sob a mesa de minha sala de jantar, mas ela estava muito próxima, pela altura, para permitir a uma mão introduzir-se no seu interior ou a um pé passar por baixo. Em um quarto vizinho, eu havia colocado duas pilhas de Grove, de onde partiam filhos elétricos que conduziam à sala de jantar, para estabelecer a comunicação, se houvesse necessidade, com aqueles que estavam próximos da gaiola.” Vejam as figuras abaixoextraídas do livro de Palhano Júnior:



“O acordeão era novo, eu o havia comprado para essas experiências, em um bazar. O Sr. Home não havia visto ou tocado o instrumento antes do começo de nossos trabalhos [...].
[...] Depois de abrir, com minhas mãos, a chave da parte baixa do instrumento, retirou-se de sob a mesa, a gaiola, o quanto bastou para ser nela introduzida o acordeão com as chaves voltadas para baixo. A gaiola foi depois empurrada para debaixo da mesa, tanto quanto permitiu o braço do Sr. Home, mas sem lhe ocultar a mão aos que estavam perto dele. Os que estavam de cada lado viram o acordeão balançando-se de maneira curiosa; depois desprenderam-se dele alguns sons, e, finalmente, muitas notas foram tocadas sucessivamente; meu ajudante agachou-se sob a mesa, disse-nos que o acordeão alongava-se e encolhia-se; ao mesmo tempo podia ser observado que a mão com a qual o Sr. Home segurava o acordeão estava completamente imóvel e que a outra repousava sobre a mesa. Depois, os que estavam dos dois lados do Sr. Home, viram o acordeão mover-se, oscilar, voltear em torno da gaiola e tocar ao mesmo tempo. Então, o Dr. William Huggins olhou para baixo da mesa e disse que a mão do Sr. Home parecia completamente imóvel enquanto o acordeão movia-se, produzindo sons distintos.
O Sr. Home manteve ainda o acordeão na gaiola pelo modo mais ordinário, isto é, com o lado das chaves voltado para baixo; os seus pés estavam seguros pelas pessoas sentadas ao lado dele, a outra mão repousava sobre a mesa e, ainda assim, ouvimos notas distintas e separadas, ressoando sucessivamente, e depois uma ária simples foi tocada. Como tal resultado só podia ser produzido pelas diferentes chaves do instrumento postas em ação de maneira harmoniosa, todos os presentes consideraram-no decisivo. Mas o que se seguiu foi ainda mais surpreendente; o Sr. Home afastou a mão do acordeão, retirou-a completamente da gaiola e segurou a mão da pessoa que estava perto dele. Então, o instrumento continuou a tocar, sem contato algum e sem mão alguma perto dele.
Eu quis depois experimentar que efeito produziríamos ao passar uma corrente elétrica em torno do fio isolado da gaiola. Para esse fim, meu ajudante estabeleceu a comunicação com fios que partiam das pilhas de Grove. De novo o Sr. Home segurou o instrumento dentro da gaiola, do mesmo modo como já foi descrito anteriormente, e imediatamente ele ressoou, agitando-se de um a outro lado com vigor. Mas não me julgo autorizado a dizer se a corrente elétrica, passando em torno da gaiola, veio em auxílio da força que se manifestava no interior.
 O acordeão ficou então sem nenhum contato visível com a mão do Sr. Home. Ele retirou-a completamente do instrumento e colocou-a sobre a mesa, onde foi segura pela mão da pessoa que se achava perto dele; todos os presentes viram bem que as suas mãos estavam ali. Dois dos assistentes e eu percebemos, distintamente, o acordeão flutuando no interior da gaiola, sem nenhum suporte visível. Após curto intervalo, esse fato repetiu-se uma segunda vez.

Então, Home tornou a pôr a mão na gaiola e tomou de novo o acordeão que começou a tocar, a princípio acordes e arpejos e depois uma doce e melancólica melodia, muito conhecida, que foi executada de modo perfeito e belíssimo. Enquanto essa ária era tocada, peguei no braço do Sr. Home, acima do cotovelo e fiz correr levemente a minha mão, até que ela tocasse a parte superior do acordeão. Não se movia nenhum músculo. A outra mão do Sr. Home estava sobre a mesa, visível a todos os presentes, e seus pés conservavam-se sob os pés dos que estavam a seu lado.

"Os Srs. W. Huggins e Sergente Cox, dois notáveis investigadores científicos da Inglaterra, que auxiliaram Crookes nesses experimentos, escreveram-lhe cartas na ocasião em que Crookes apresentou seu relatório à apreciação deles".

Extraio o texto a abaixo do livro “Fatos Espíritas”, editora FEB, onde constam as experiências de Sir William Crookes durante os anos de 1970-73, publicadas no “Quartely Journal of Science”, de 1874.
  
“Os casos mais notáveis de elevação de que fui testemunha realizaram-se com o Senhor Home.
Em três ocasiões diferentes, vi-o elevar-se completamente acima do soalho da sala.
A primeira vez, estava ele sentado em um canapé; a segunda, de joelhos sobre uma cadeira, e a terceira, de pé.
De cada vez, tive toda a liberdade possível para observar o fato, no momento em que ele se produzia.
Há, pelo menos, cem casos bem verificados de elevação do Senhor Home, produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da boca de três testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lindsay e o capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis desses gêneros, acompanhados dos menores incidentes.
Rejeitar a evidência dessas manifestações, equivale a rejeitar todo o testemunho humano, qualquer que seja, pois que não há fato, na história sagrada ou na profana, que se apóie sobre provas mais decisivas.
O número de testemunhas que confirmam as elevações do Senhor Home é enorme.”

“Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão.
Isto se passou à luz, em minha própria sala, estando os pés e as mãos do médium seguros por mim, durante esses tempo.
Em outra ocasião, uma pequena mão e um pequeno braço, iguais aos de uma criança, apareceram agitando-se sobre uma senhora que estava sentada perto de mim.
Depois, a aparição veio a mim, bateu-me no braço, e puxou várias vêzes o meu paletó.
Outra vez, um indicador e um polegar foram vistos arrancando as pétalas de uma flor que estava na botoeira do Senhor Home, e depositou-as diante de várias pessoas, sentadas perto dele.
Várias vêzes, eu mesmo e outras pessoas observamos mão estranha comprimindo as teclas de uma harmônica, ao passo que, no mesmo momento, víamos as mãos do médium, que algumas vêzes eram seguras pelas pessoas que se achavam perto dele. As mãos e os dedos não me pareceram sempre sólidos e de pessoa viva.
Algumas vêzes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa, condensada em Peste, sob a forma de mão.
Todos os que se achavam presentes não a percebiam igualmente bem. Por exemplo, quando se vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes notará um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma mão de aparência nebulosa, enquanto outro apenas verão a flor em movimento.
Vi mais de uma vez, primeiro, um objeto mover-se, depois uma nuvem luminosa que parecia formar-se ao redor dele, e, enfim, a nuvem condensar-se, tomar forma e transformar-se em mão, perfeitamente acabada. Nesse momento, todas as pessoas presentes podiam ver essa mão. Nem sempre ela é uma simples forma, pois algumas vêzes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos movem-se e a carne parece ser tão humana quanto à de qualquer das pessoas presentes.
No punho e nos braços torna-se vaporosa e perde-se em uma nuvem luminosa.”

“Ao cair do dia, durante uma sessão do Senhor Home, em minha casa, vi agitarem-se as cortinas de uma janela que estava cerca de oito pés de distância do Senhor Home.
Uma forma sombria, obscura, meio transparente, semelhante a uma forma humana, foi vista por todos os assistentes, em pé, perto da janela da sacada, e essa forma agitava a cortina com a mão. Enquanto a olhávamos, desapareceu, e as cortinas deixaram de se mover.
O caso que se segue é ainda mais surpreendente. Como no caso anterior, o Senhor Home era o médium. Uma forma de fantasma avançou de um canto da sala, foi tomar uma harmônica, e em seguida deslizou ligeira pela sala, tocando esses instrumento.
Essa forma foi visível, durante vários minutos, por todas as pessoas presentes, ao mesmo tempo em que se via também o Senhor Home. O fantasma aproximou-se de uma senhora que estava sentada a certa distancia dos demais assistentes, e, a um pequeno grito dessa senhora, desapareceu.”

Experiências com a médium Florence Cook

O texto abaixo, igualmente, foi extraído da já citada obra de Palhano Júnior:

A própria médium Florence Cook foi ao encontro de Crookes para ser testada. Conforme suas próprias palavras:

“[…] O Sr. Crookes fez um comentário que me atormentou e foi por isso que me decidi a ir procurá-lo. Ele recebeu-me e eu lhe disse:

"Já que acreditais que sou uma impostora, se quiserdes virei submeter-me a experimentos em vossa própria residência. Vossa esposa poderá vestir-me como quiserdes e deixarei convosco o que tiver trazido. Podereis vigiar-me como vos aprouver; submeter-me-ei aos experimentos que desejardes, de modo que vos contenteis em todos os sentidos. Só imponho uma condição: se verificardes que sou agente de uma mistificação, denunciai-me publicamente, mas, se vos certificardes de que os fenômenos são reais e de que eu mais não sou que um instrumento de forças invisíveis, isso direis ao público de modo que todo o mundo tome conhecimento da verdade".
Devemos observar que a médium Florence Cook "foi a primeira médium entre os ingleses a obter materializações ou corporificações integrais em plena luz”.

Vejamos o relato de Crookes sobre algumas das aparições do espírito Katie King:
"A sessão foi realizada na casa do Sr. Luxmore, e o ‘gabinete’ era uma sala separada da outra, onde estavam os assistentes, dividida por uma cortina. Efetuada a inspeção da sala e feito o exame de fechaduras, a Srta. Cook entrou no gabinete.

Depois de algum tempo, a forma de Katie apareceu ao lado da cortina, mas depressa se retirou, dizendo que a sua médium não estava boa e não podia ser levada a um sono suficientemente profundo para que não houvesse perigo em afastar-se dela. Achava-me colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a Srta. Cook estava sentada, tocando-a quase, e eu podia ouvir-lhe frequentemente as queixas e soluços, como se ela estivesse sofrendo. Esta indisposição continuou, por intervalos, durante quase todo o tempo da sessão, e uma vez, enquanto a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o som de um gemido, idêntico aos que a Srta. Cook tinha feito ouvir, por intervalos, em todo o tempo da sessão, gemido que vinha de trás da cortina onde ela estava sentada".

"Confesso que a figura era surpreendente pela aparência de vida e realidade, e, tanto quanto eu podia vez à luz um pouco indecisa, suas feições assemelhavam-se às da Srta. Cook, entretanto, a prova positiva, dada por um dos meus sentidos, de que o suspiro vinha da Srta. Cook, no gabinete, ao passo que a figura estava do lado de fora, esta prova, digo, é muito forte para ser destruída por uma simples suposição do contrário mesmo bem sustentada".

Aqui abro um parêntese para citar, com relação à semelhança que, por vezes, se observava entre o Espírito e a médium, a explicação dada pelo grande engenheiro e pesquisador dos fenômenos espíritas Hernani Guimarães Andrade, em sua obra “Parapsicologia: Uma Visão Panorâmica”, editora FE:

“ ...Quando o médium não está em transe suficientemente profundo, pode ocorrer uma ectoplasmia incompleta. Neste caso, o duplo astral da médium arrasta consigo o ectoplasma. O espírito, então, se superpõe a este conjunto, surgindo, daí, uma forma híbrida, com a aparência do médium.”

Crookes tratou de se certificar que o Espírito e a médium eram seres distintos, como veremos adiante. seguem as palavras de Crookes:

"No dia 12 de março (1874), durante uma sessão em minha casa, depois de ter andado pelo meio de nós e de ter-nos falado por algum tempo, Katie retirou-se para trás da cortina que separava o meu laboratório, (onde se achavam os assistentes) da minha biblioteca que, temporariamente, fazia o ofício de gabinete. Depois de um momento, ela voltou à cortina e chamou-me, dizendo: ‘Entrai no quarto e suspendei a cabeça da médium, que escorregou’. Katie estava diante de mim, vestida com sua roupa branca habitual e trazendo seu turbante. Imediatamente entrei na biblioteca para levantar a Srta. Cook, quando Katie deu alguns passos de lado para deixar-me passar. Com efeito, a Srta. Cook havia escorregado parcialmente do canapé, e sua cabeça pendia em situação muito penosa. Tornei a pô-la sobre o canapé, e, fazendo isso, tive, apesar da obscuridade, a viva satisfação de verificar que a Srta. Cook não trajava o vestuário de Katie, mas trazia o costumado vestido de veludo negro e achava-se em profunda letargia. Não se havia passado mais de três segundos entre o momento em que acomodei a Srta. Cook sobre o canapé (tirando-a da posição em que se achava) e voltei ao meu ponto de observação, quando Katie apareceu-me de novo e disse que pensava poder mostrar-se-me conjuntamente com a sua médium. O gás foi abaixado, e ela me pediu a minha lâmpada de fósforo. Depois de manifestar-se à sua luz, durante segundos, ela restituiu-ma, dizendo: ‘Agora entrai e vinde ver minha médium’, segui Katie de perto na biblioteca e, ao clarão da lâmpada, vi a Srta. Cook repousada no sofá, exatamente como eu a deixara. Olhei em redor de mim para ver Katie, porém ela desaparecera. Chamei-a e não obtive resposta.

Voltei ao meu lugar e Katie, reaparecendo logo, disse-me que estivera de pé junto da Srta Cook. Perguntei-lhe se, por si própria, ela não poderia tentar uma experiência; então, tomando das minhas mãos a lâmpada de fósforo, ela passou para trás da cortina, recomendando-me que não olhasse por enquanto para o gabinete. Passados alguns minutos, restituiu-me a lâmpada, dizendo-me nada ter conseguido, pois havia esgotado todo o fluido da médium, mas que tentaria de novo, mais tarde. Meu filho mais velho, rapaz de quatorze anos, que estava sentado defronte de mim, em posição de poder ver atrás da cortina, disse-me que vira distintamente a lâmpada de fósforo parecendo flutuar no espaço por cima da Srta. Cook e iluminando-a, enquanto ela permanecia estendida imóvel no sofá, mas que não vira ninguém segurando a lâmpada" (grifo do original).

Passo agora para a sessão de ontem à noite em Hackney. Jamais Katie me apareceu com tão grande perfeição; por espaço de duas horas, ela passeou pela sala, conversando familiarmente com todos os presentes. Muitas vezes tomou meu braço e a impressão produzida em meu espírito foi que a meu lado se achava uma mulher viva e não uma visitante de outro mundo, essa impressão, afirmo, foi tão forte, que se me tomou irresistível a tentação de repetir uma recente e curiosa experiência.

Pensando que, se não tinha perto de mim um espírito, eu estava, pelo menos, junto de uma senhora, pedi-lhe permissão para tomá-la em meus braços, a fim de poder verificar as interessantes observações que um experimentador audaz tinha feito conhecer de maneira um tanto prolixa. Essa permissão foi-me graciosamente concedida, e utilizei-me dela – convenientemente – como o teria feito em semelhante circunstância todo homem bem educado. O Sr.Volckman ficará encantado sabendo que posso corroborar a sua asseveração, afirmando que o ‘fantasma’ (o qual não empregou nenhuma resistência) era um ser tão material como a própria Srta. Cook. Mas a continuação mostrará como um experimentador procede mal, por mais cuidadosas que sejam as suas observações, se arriscasse a formular uma importante conclusão quando as provas não existem em suficiente quantidade.

Katie disse que desta vez ela se julgava capaz de mostrar-se simultaneamente com a Srta. Cook. Abaixei o gás, e depois, com a lâmpada de fósforo, penetrei no quarto que servia de gabinete. Mas, antecipadamente, pedi a um de meus amigos, hábil estenógrafo, que tomasse nota de todas as observações que ouvisse no gabinete, porque conheço a importância que merecem as primeiras impressões, e não queria confiar na minha memória mais do que convinha. Neste momento tenho estas novas sob os olhos.

Entrei no quarto com precauções, estava escuro, e foi às apalpadelas que procurei a Srta. Cook. Encontrei-a agachada no soalho. Ajoelhando-me, deixei o ar penetrar na lâmpada e, à sua luz, vi essa moça vestida de veludo negro, como ela estava no começo da sessão, e conservando toda a aparência de completa insensibilidade. Ela não se moveu quando lhe peguei na mão, segurando a lâmpada bem perto do seu rosto, mas continuou a respirar calmamente. Elevando a lâmpada em torno de mim e vi Katie de pé, muito alva e flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Prendendo nas minhas uma das mãos da Srta. Cook, ajoelhando-se outra vez, ergui e abaixei a lâmpada, não só para iluminar a figura de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu estava realmente vendo a verdadeira Katie que eu havia apertado em meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de cérebro enfermo. Ela não falou, mas moveu a cabeça em sinal de reconhecimento. Por três vezes diferentes, examinei cuidadosamente a Srta. Cook agachada diante de mim, para certificar-me que a mão que eu segurava era a de uma mulher viva, e, por três vezes diferentes, voltei a lâmpada para Katie, a fim de examiná-la com firme atenção, até que não me restasse a mínima dúvida de que ela estava ali na minha frente".
 "Antes de terminar este artigo, desejo fazer conhecer algumas das diferenças que existem entre a Srta. Cook e Katie. A estatura de Katie é variável; em minha casa eu a vi mais alta seis polegadas do que a Srta. Cook. Ontem à noite, com os pés nus e andando nas pontas dos pés tinha quatro polegadas e meia mais que Cook. Ontem à noite, Katie tinha o pescoço descoberto, a pele era perfeitamente doce (suave) ao tato e à vista, ao passo que Cook tem no pescoço uma cicatriz que, em semelhantes circunstâncias, se vê distintamente e é áspera ao tato. As orelhas de Katie são furadas, enquanto que a Srta. Cook usa sempre brincos. A cor de Katie é muito alva, ao passo que a de Cook é trigueira. Os dedos de Katie são muito mais compridos do que os de Cook e seu rosto também é maior. Nos modos de exprimir-se há também muitas diferenças notáveis.” Vejam as fotos a seguir, extraídas do livro de Palhano Júnior:





"[...] Vi tão bem Katie pela luz elétrica, que posso acrescentar alguns traços às diferenças que, em artigo precedente, estabeleci entre ela e sua médium. Tenho a certeza mais absoluta de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas ao menos no que diz respeito aos seus corpos. Pequenos sinais que se encontram no rosto da Srta Cook não existem no de Katie. Os cabelos de Cook são de castanho tão escuro que permanecem quase negros; um cacho dos de Katie, que tenho sob os olhos e que ela me permitiu cortá-los acompanhado com meus dedos até ao alto da cabeça e ter verificado que eles haviam nascido ali, é de um belo castanho dourado. [...]"
 "As sessões quase cotidianas com que ultimamente a Srta. Cook me favoreceu, prejudicaram suas forças, e eu desejo manifestar publicamente os favores que devo pela boa vontade com que me auxiliou nas minhas experiências. Ela aceitou de boa mente submeter-se a todas as provas que lhe propus; sua palavra é franca e vai diretamente ao alvo, e jamais vi coisa alguma que traísse a mais leve aparência do desejo de enganar. Certamente, não creio que, se ela empregasse a fraude, tivesse sido bem sucedida; e se ela o tentasse, seria prontamente desmascarada, porque tal modo de proceder é inteiramente estranho à sua natureza. E quanto a imaginar que uma inocente colegial de quinze anos tenha sido capaz de conceber e realizar durante três anos, com todo êxito, uma impostura tão gigantesca como essa, e que, durante esse tempo, ela se tenha submetido a todas as condições que exigimos dela; que haja suportado as investigações mais minuciosas; que tenha pedido para ser revistada a qualquer momento, quer antes, quer depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxitos em minha própria casa do que na de seus pais, sabendo que aí veio expressamente para submeter-se a rigorosas provas científicas; quanto a imaginar, digo, que Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso do que acreditar que ela seja o que ela própria afirma".

Crookes Afirma, veemente: "Eu não disse que esses fatos eram possíveis, o que afirmei é que são verdadeiros."

A fim de verificar que a Srta Cook e o Espírito Katie King eram seres distintos, Crookes, juntamente com o eminente Físico Cromwell Varley, descobridor do condensador elétrico, realizaram uma experiência rigorosíssima com eletricidade. Extraímos o texto abaixo do livro Animismo e Espiritismo, de autoria de outro ilustre pesquisador dos fenômenos espíritas, Alexander Aksakof:

“Para estabelecer se a Srta. Cook se achava no interior do gabinete enquanto Katie se apresentava aos assistentes da sessão, fora do gabinete, o Senhor Varley teve a lembrança de fazer atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica, durante todo o tempo em que a forma materializada era visível, e de confrontar os resultados, assim obtidos, por meio de um galvanômetro instalado no mesmo aposento, fora do gabinete...
“A experiência de que falamos foi feita no aposento do Senhor Luxmoore. O aposento de trás foi separado do da frente por meio de uma cortina, para impedir a entrada da luz; ele devia servir de gabinete escuro. Antes de começar a sessão, tomou-se à precaução de inspecionar com cuidado esse gabinete escuro e de fechar as portas à chave. O aposento da frente era iluminado por uma lâmpada de parafina com um anteparo que coava a luz. Colocou-se o galvanômetro em cima do fogão, à distância de 11 pés da cortina.”
            “Os assistentes eram os Srs. Luxmoore, Crookes, a Senhora Crookes e a Senhora Cook com sua filha; os Srs. Tapp, Harrison e eu (Varley).
“A Srta. Cook ocupava uma poltrona no aposento de trás.
Fixou-se com esparadrapo, em cada um de seus braços, um pouco acima dos punhos, uma moeda de ouro, à qual estava soldada uma ponta de fio de platina. As moedas de ouro estavam separadas da pele por três camadas de papel mata-borrão branco, de grande espessura, umedecido em uma solução de cloridrato de amônio. Os fios de platina corriam ao longo dos braços, até as espáduas, e eram presos com cordões, de maneira que deixavam aos braços a liberdade de movimentos. As pontas de fora dos fios de platina eram reunidas a fios de cobre, cobertos de algodão, e iam ter ao aposento iluminado onde se achavam os experimentadores. Os fios condutores estavam ligados a dois elementos Daniell e a um aparelho de confronto. Quando tudo ficou pronto, fecharam-se as cortinas, deixando assim a médium (Srta. Cook) às escuras. A corrente elétrica atravessou o corpo durante todo o tempo da sessão...”
“Essa corrente, originando-se nos dois elementos atravessava o galvanômetro, os elementos de resistência, o corpo da Srta. Cook e voltava em seguida à bateria.)”
Antes da introdução da Srta. Cook na corrente, quando estavam reunidas as duas moedas que formavam os pólos da bateria, o galvanômetro marcava um desvio de 300°.
Depois da introdução da Srta. Cook, as moedas foram colocadas nos braços da médium, um pouco acima do punho, e o galvanômetro não marcou mais de 220°.
Assim, pois, o corpo da médium, introduzido na corrente, oferecia uma resistência à corrente elétrica equivalente a 80 divisões da escala.
O objetivo principal daquela experiência era precisamente conhecer a resistência que o corpo da médium podia oferecer á corrente elétrica.
A menor deslocação dos pólos da bateria, que estavam fixados nos braços da Srta. Cook pelo adesivo, teria inevitavelmente produzido uma mudança na força de resistência oferecida pelo corpo da médium.
Ora, foi em tais condições que a figura de Katie apareceu por muitas vezes na abertura da cortina; mostrou as mãos e os braços, depois pediu papel, um lápis e escreveu perante os assistentes.”
“Se as moedas e o papel mata-borrão tivessem sido repuxados até os ombros, de maneira a deixar em liberdade os dois braços da médium, o trajeto percorrido pela corrente elétrica no corpo da médium teria sido reduzido de metade, no mínimo; por conseguinte, a resistência oferecida pelo corpo da médium teria também diminuído de metade, ou 40°, e a agulha do galvanômetro teria subido de 220° a 260°. E entretanto foi o contrário que sucedeu: desde o começo da sessão, não só deixou de haver qualquer aumento de desvio, como, pelo contrário, ele diminuiu constantemente e gradualmente até ao fim da sessão, sob a influência do dessecamento do papel molhado; essa circunstância aumentou a resistência à corrente elétrica e diminuiu o desvio de 220° a 146'.
É fora de dúvida que, se uma das moedas tivesse sido desviada uma polegada apenas, o desvio teria aumentado, e a fraude da médium desmascarada; mas, conforme o disse, o galvanômetro não deixou de baixar.
Fica, pois, estabelecido peremptoriamente que as moedas de ouro aplicadas aos braços da médium não foram deslocadas de um milímetro, que os braços que apareceram e que escreveram não eram os braços da médium, que, por conseguinte, o uso da cadeia galvânica, para se ficar certo da presença da médium atrás da cortina, deve ser considerado uma garantia suficiente...”
“As variações das condições às quais estava submetida a corrente elétrica, passando pelo corpo da médium, eram indicadas pelo galvanômetro-refletor, instrumento tão sensível que a corrente elétrica mais fraca, transmitida a 3.000 milhas por um cabo submarino, seria registrada.
Por conseguinte, o menor movimento da médium teria também provocado oscilações do aparelho; e a prova disso tirou-se antes da experiência, como se verifica pela passagem seguinte, extraída de um artigo do Senhor Varley, onde todos os movimentos do galvanômetro são consignados minuciosamente, minuto por minuto:

“Antes de a médium cair em transe, pediu-se-lhe que fizesse movimentos com os braços; a mudança da superfície metálica, posta em contacto real com o papel e o corpo, produziu um desvio que se elevou de 15 a 20 divisões, e às vezes ainda mais; por conseguinte, se, no decurso da sessão, a médium tivesse feito o menor movimento com as mãos, seguramente o galvanômetro o teria indicado. Na espécie, a Srta. Cook representava um cabo telegráfico no momento do confronto.” (“Psychische Studien”, 1874, pág. 344).

Para finalizar, transcrevemos o que disse Sir William Crookes, em sua palestra presidencial na “British Association at Bristol”, em 1898, sobre suas experiências com médiuns:

“Trinta anos se passaram desde que eu publiquei um relatório de experimentos, visando demonstrar que além do nosso conhecimento científico existe uma Força exercida, por inteligência diferente da inteligência ordinária, comum aos mortais. Não tenho nada a retratar. Mantenho-me fiel às minhas afirmações já publicadas. Na realidade, eu poderia acrescentar muito mais, além disso.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 PALHANO JÚNIOR, Lamartine.Experimentações mediúnicas: a propósito das pesquisas de William Crookes.Rio de Janeiro: CELD. [1996];

2 CROOKES, William.Fatos Espíritas.Rio de Janeiro: FEB [1991];

3 AKSAKOF, Alexander. Animismo e Espiritismo. Volume 1. Rio de Janeiro: FEB [1991];

4 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica. São Paulo: FE [2002].

                       


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A INTENSA ATIVIDADE MENTAL DO ESPÍRITO NO ÚTERO. ELE SABE QUANDO QUEREM ABORTÁ-LO


Fonte da imagem: http://www.betapositivo.com.br/2013/03/afeto-para-o-feto-por-dioclecio-campos-junior/

Fábio José Lourenço Bezerra

          Na pergunta N°344 de “O Livro dos Espíritos”, temos: Em que momento a alma se une ao corpo?
          Resposta: – A união começa na concepção, mas só se completa no instante do nascimento. No momento da concepção, o Espírito designado para habitar determinado corpo se liga a ele por um laço fluídico e vai aumentando essa ligação cada vez mais, até o instante do nascimento da criança. O grito que sai da criança anuncia que ela se encontra entre os vivos e servidores de Deus.
          E na pergunta N° 345, temos: A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? Durante esse primeiro período o Espírito poderia renunciar ao corpo designado?
          Resposta: – A união é definitiva no sentido de que nenhum outro Espírito poderá substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços que o unem são muito frágeis, fáceis de se romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito, se este recuar diante da prova que escolheu; nesse caso, a criança não vive.


          O Espírito, durante a sua fase de feto, no útero, possui grande atividade mental. Memória e raciocínio foram demonstrados mesmo com poucas semanas de vida. O que não é de admirar, uma vez que há ali um ser milenar, com vários séculos de experiência, mas limitadas pelo organismo ao qual está ligado.


          O autor Adenáuer Novaes, no seu livro “Reencarnação – Processo Educativo”, nos informa:


Thomas Varney (1985) realizou pesquisas que foram conduzidas tanto na Europa como na América do Norte em casos nos quais, no decorrer da terapia, pacientes com problemas psicológicos eram levados atrás no tempo, à sua infância, e por vezes chegavam de tal maneira atrás, que iam ao período antes do nascimento, durante a gravidez, lembrando-se de fatos ocorridos enquanto estavam na barriga de sua mãe.
A informação obtida por este processo indica-nos que a pessoa que está nascendo pode lembrar-se, mais tarde, de incidentes que ocorreram durante a gravidez, cuja mãe nunca comentou com ninguém e fica surpresa quando lhe é perguntado acerca desses incidentes. Muitos outros tipos de experiências são também relatados e indicam que as lembranças são retidas desde o período da gravidez. Estes fatos são provas evidentes que algo dentro do feto tem a capacidade de entender, compreender e lembrar fatos do meio ambiente externo a si mesmo, sem que nele ainda esteja formado o córtex cerebral. Esse algo que não depende do organismo pode ser chamado de alma ou espírito.
A pesquisa sobre a memória do feto demonstra que algo nele pode lembrar experiências de forma adulta e madura, o que indica que uma alma adulta reside no corpo de um bebê imaturo.
O que vale dizer que o espírito não cresce com o crescimento do corpo, isto é, a alma não é criada junto com o corpo, mas antes dele. O perispírito sim, cresce com o crescimento do corpo. O espírito precede ao corpo. Se fosse criada junto com ele, após o nascimento teríamos uma alma infantil, e não adulta. Ora, se é possível a lembrança de fatos ocorridos nesse período em que, em princípio, o espírito está hibernando, porque não seria possível ter-se acesso às memórias de vidas anteriores? Tais fenômenos de lembranças de fatos ocorridos com o espírito no período em que ele se encontrava no ventre da mãe, reforça a tese da ligação do espírito ao seu corpo no momento da concepção, e não na hora do parto.
Se a memória se formasse no corpo físico, não seria possível retê-la no organismo do feto tendo em vista a não formação completa do cérebro. As lembranças ficam no perispírito, acessíveis por mecanismos desencadeados pelas conexões que se formam através das emoções da mãe.
O fenômeno da lembrança ocorrida no período fetal coloca um novo dado sobre a questão do aborto. Desde o princípio, na organização fetal, já existe um ser em processo de ligação. A vida já está presente desde a concepção. As leis que autorizam o aborto até determinada fase do crescimento fetal, foram elaboradas por pessoas que desconhecem a realidade do espírito. Seria recomendável o aborto quando se constatasse a ausência de espírito no corpo em formação ou quando a continuidade da gravidez pusesse em risco a vida da mãe. A primeira hipótese só seria possível através de investigação mediúnica, o que adia sua possibilidade, dada a complexidade do controle necessário a esse tipo de pesquisa. A perturbação ou o estado de letargia que se acredita existente nesse período da reencarnação, nem sempre ocorre, como demonstram as lembranças posteriores. As conversas que a mãe tem com seu bebê podem, dessa forma, serem correspondidas muito mais do que se imagina. O espírito pode estar participando de todas as atividades externas ao útero. É dessa forma que o espírito, cujos pais intentaram abortá-lo, sabe dessas intenções.
Alguns problemas de relacionamentos podem advir dessa rejeição inconscientemente (ou conscientemente) sabida.
Vale lembrar que esse tipo de fenômeno serve também para comprovar os padrões existentes no que tange a imortalidade da alma. As afirmações de Albertson e Freeman, as quais veremos adiante, também se basearam na investigação desse tipo de fenômeno.”


Abaixo, transcrevemos, em parte, um interessantíssimo artigo do site da Revista Cristã de Espiritismo, sobre regressão de memória à vida intra-uterina e a influência na personalidade do Espírito nessa fase da sua vida.


COMO NOSSA PERSONALIDADE PODE SER CONSTRUíDA A PARTIR DA VIDA INTRA-UTERINA


Por Juliane Prieto Peres e Maria Júlia Prieto Peres

Regressão à vida Intra-Uterina
O assunto aqui tratado é especificamente a regressão à Vida Intra-Uterina (VIU), ou seja, quando um trauma de VIU origina um problema, uma dificuldade, um transtorno futuro, mais, ou quando esse trauma é um evento reforçador de um problema já existente.
A criança, antes do nascimento, é um ser dotado de sentimentos, de lembranças e de consciência, portanto, tudo o que lhe acontece nos nove meses de gestação tem grande importância na formação e na estruturação da personalidade.
O feto pode ver (sensibilidade à luz), ouvir, degustar, entender e aprender num nível primitivo. Ele é capaz de manifestar sentimentos menos elaborados que os adultos, mas bem reais. Ele pode acionar uma ou outra tendência, conforme as mensagens que recebe no útero (que, de alguma forma vão sendo moldadas).
A principal fonte dessas mensagens é a mãe.
O feto capta os pensamentos, sentimentos e sensações da mãe, que interferem no modo significativo em sua forma de ser.
Pesquisadores como os médicos Thomas Verny, Dominik Purpura, David Chamberlain Stanislaw Grof, e outros, descobriram que existe uma ligação intrauterina muito complexa, gradativa e sutil quanto à estrutura racional que se estabelece após o nascimento.
A ligação entre mãe e filho, que se estabelece após o nascimento, é a consequência do que a precedeu.
Existe uma comunicação fisiológica, psicológica e extra-sensorial entre mãe e feto. As perturbações do bebê são provocadas tanto pelas consequências psicológicas, quanto pelas consequências físicas da ansiedade, depressão, aflições, medo, estresse etc. O que traz uma repercussão mais profunda na criança não são as preocupações menores da mãe, mas uma ansiedade crônica ou uma ambivalência perturbadora dos pensamentos e dos sentimentos em relação a maternidade.
Por exemplo, um sentimento negativo, imenso e duradouro de rejeição à criança pode deixar uma cicatriz profunda.
Perdas afetivas, mortes, separações, choques emocionais, grandes catástrofes, acidentes, agressões etc., podem gerar desajustes emocionais no paciente, que variam de acordo com a forma e com a intensidade com que ele registrou aquele fato traumático. Podem ainda esgotar as reservas emocionais da mulher grávida a ponto de torná-la incapaz de se comunicar com o filho que carrega. E ele percebe isso.
No ambiente familiar, o pai também tem influência muito importante sobre o feto. O estresse do pai, por exemplo, tem uma repercussão direta sobre o filho em formação, e também indireta através da mãe.
Uma discussão entre os pais e o desajuste familiar também podem perturbar intensamente o ser que está no útero materno.
Traumas em Vida Intra-Uterina, dependendo das heranças que aquele ser traz, podem gerar diferentes transtornos futuros como: insegurança, dificuldade de relacionamento, transtornos depressivos, transtornos ansiosos (na tentativa de satisfazer o outro para ser amado), personalidade dependente etc.
O feto tem necessidades intelectuais e afetivas mais primitivas que as nossas, mas que realmente existem, como as de querer se sentir amado e desejado.
Esse sentimento tem uma repercussão importante na segurança e auto-confiança. Emoções positivas de alegria e espera contribuem de maneira importante no desenvolvimento afetivo da criança sadia.
Se considerarmos o modelo reencarnatório, que é apenas um dos modelos explicativos da regressão da memória, podemos perceber que essa criança apresenta um passado muitas vezes tumultuado com esta família, trazendo vivências de inimizade. Esse passado pode ser mais ou menos aflorado dependendo dos estímulos por ela vivenciados.
A criança dentro do útero pode manifestar um comportamento de rejeição da mãe em relação a ela.
Ou a criança pode manifestar um sentimento espontâneo de rejeição àquela mãe, àquela família, àquela condição financeira, cultural, social, racial, sentimento este que pode levar a desânimo, tristeza, falta de motivação, revolta, depressão, insegurança, ansiedade, dificuldade de relacionamento em geral ou especificamente entre mãe e filho.
Como acontece essa comunicação?
A criança percebe uma ação ou pensamento da mãe e seu cérebro transforma isso imediatamente em uma emoção e comanda o seu corpo a um conjunto de reações. Se a mãe sente medo, ansiedade, depressão ou estresse, ela desencadeia uma descarga hormonal, que se de forma intensa e contínua, pode trazer nessa criança uma predisposição a esse sentimento.
Se a atenção da mãe está completamente absorvida pela tristeza, por uma perda e se ela se fecha em si mesma, é provável que sua criança sofra profundamente. O feto não dispõe de recursos suficientes para tolerar essa sobrecarga.
Um consumo excessivo de tabaco, álcool e de medicamentos, ingestão excessiva de alimentos ou privação alimentar, insônia ou hipersônia também são formas de comunicação materna, que prejudica fisicamente o feto e, emocionalmente, traduzem de modo indireto a sua ansiedade.
Mesmo sem estar em perigo, no momento em que o feto percebe a aflição materna, ele pode reagir com vigorosos pontapés. O feto reage diante do crescimento da taxa de adrenalina produzida pela mãe e em “solidariedade” à aflição da mãe.
Portanto, a ameaça mais grave ao feto é a reação emocional da mãe a longo prazo e quando suas necessidades físicas ou psicológicas são ignoradas. Ele não exige nada de extraordinário, tudo o que quer é um pouco de amor e de atenção, e quando os obtém, tudo mais, mesmo a formação da ligação com sua mãe, acontece automaticamente.
A formação da ligação entre a mãe e o feto exige tempo, amor e compreensão para que ela exista e funcione de maneira satisfatória. A criança antes do nascimento possui recursos resistentes para fazer durar uma emoção materna. Mas ela não pode se comunicar sozinha. Se a mãe bloqueia a comunicação afetiva, ela fica desamparada.
Segundo a medicina tradicional, a criança, antes de dois anos era incapaz de ter lembranças porque seu sistema nervoso não está completamente mielinizado (mielina é uma substância que envolve a fibra nervosa) e não pode assim transmitir mensagens.
Porém, pesquisadores descobriram que a falta de mielina retarda a condução de impulsos nervosos, mas não os impede de passar.
Também a psiquiatria tradicional afirmava que a criança antes de dois anos era incapaz de pensar. Porém, hoje sabemos que mesmo antes do nascimento, os esquemas de memória estão delineados e que eles seguem modelos reconhecíveis. Nesse estágio, o cérebro da criança e seu sistema nervoso estão suficientemente desenvolvidos para que isto seja possível, e o fato de a lembrança desse período ter uma forma e um contorno identificáveis, que pode ser acionada através da regressão de memória, vem confirmar a hipótese de que antes do nascimento o cérebro já tem um funcionamento semelhante ao adulto.
A formação da memória
No fim da décima segunda semana, o feto está inteiramente formado e nesse período aparecem os primeiros sinais da atividade cerebral. A partir do terceiro trimestre de gestação, o cérebro já tem um funcionamento semelhante ao do adulto. A partir do sexto mês após a concepção, o sistema nervoso central da criança é capaz de receber, tratar e codificar as mensagens; a memória neurológica já está funcionando.
Muitas lembranças escapam à memória voluntária, talvez pelo processo em que intervém o neuropolipeptídio ocitocina, produzida pelas mulheres no momento do parto, e que controlam o ritmo das contrações do útero nessa ocasião e fluem para a circulação da criança. A ocitocina produzida em grande quantidade provoca amnésia em animais de laboratório. Talvez essa possa ser a explicação para as lembranças anteriores desaparecerem durante o nascimento.
A capacidade de recuperar essas memórias de vida intra-uterina, mais tarde, está ligada à produção de hormônio adrenocorticopina ou ACTH, que ajuda a fixar as lembranças. Quando uma mulher grávida ou que está dando a luz se sente tensa, sofre pressão ou medo, libera hormônios do estresse (cortizol), e a substância que regula seu fluxo é o ACTH, como acontece em qualquer pessoa que sinta medo ou ansiedade.
A gestante nessa situação libera muito hormônio que chega à  circulação sanguínea da criança e ajuda a conservar uma imagem mental do sentimento de sua mãe e seus efeitos sobre si.

Elaborando a vivência
No processo de Terapia Regressiva Vivencial Peres, trabalha-se com um tema de cada vez, com uma série de regressões focalizando esse tema, nos diferentes períodos da vida do paciente. Entre uma regressão e outra, trabalha-se aquele conteúdo que aflorou na regressão, com o objetivo de conduzir o paciente e elaborá-lo. Essas sessões de elaboração e integração têm extrema importância para o paciente poder aproveitar da melhor forma possível aquela vivência, e utilizá-la no seu dia-a-dia na solução de seus problemas fazendo a relação entre os pensamentos, sentimentos, sensações e comportamentos vivenciados na regressão suas características atuais. Nessa série de regressões, é importante focalizar alguns períodos de vida, significativos, como idade adulta, adolescência, infância, nascimento, vida intrauterina e supostas vidas passadas; momentos importantes em que a pessoa pode ter criado um padrão de comportamento negativo ou pode ter reforçado um padrão que já existia. Então, a vida intra-uterina sempre será vivenciada em regressão, em cada problema que o paciente trabalhar.
Existe algumas fases importantes no período gestacional, como: momentos e circunstâncias que precedem a concepção; suspeita da gravidez e confirmação da gravidez; período subsequente da gestação e momentos que precedem o nascimento. Vejamos agora alguns exemplos clínicos de regressão à VIU.
Depressão
E.F.G. mulher, 40 anos, solteira, engenheira. Queixa-se de depressão desde a adolescência. Sua mãe havia tido um aborto espontâneo, seis meses antes de engravidar dela. Parto difícil e demorado, quando a mãe sente medo e desespero. O paciente com dificuldade de relacionamento afetivo com os homens porque não aceitava-se como mulher. Dificuldade de relacionamento com a mãe, por sentir-se rejeitada por ela, e rejeitá-la também.
Vivências regressivas: Vivencia sua mãe se contorcendo de dor, assustada. Sente-se como em um turbilhão.
Vai sentindo apertada. Sente que algo está dando errado. Sente-se fraca e com a respiração difícil.
Tudo escuro. Mãe está com medo. A paciente diz que tem a impressão de estar cometendo suicídio. Tem um sentimento de fracasso. Mãe tem medo de engravidar.
Sente vontade de ajudá-la a não ter medo, mas também tem um impulso de não querer nascer como mulher, porque acha que vai sofrer muito. Sente contra essa condição e medo de enfrentar a vida num corpo feminino. Não quer estar ali, sente-se contrariada. A paciente diz perceber que a mãe pressente que ela não quer estar ali e sente medo e insegurança. Diz que acha que transmite esses sentimentos para a mãe. Diz sentir provocar seu próprio abortamento, por não querer nascer, pelo medo de passar por todo sofrimento de novo; tem a sensação de fracasso e de culpa. Sente que aproveita o medo da mãe e provoca sensações desagradáveis no corpo dela, através de movimentos bruscos e desordenados, que fazem com que a mãe aumente o seu medo. Percebe sua mãe sonhando com um parto mal sucedido e sente que esse sonho exerce influência sobre ela.
E, ao mesmo tempo, também sente medo. A mãe vai ficando perturbada, descontrolada emocionalmente, deixa de ter cuidados com o próprio corpo e acaba tendo um aborto espontâneo.
Momento mais traumático: Abortamento.
Decisão: Eu me destruí. Sinto culpa por ter destruído essa chance.
Relação com o tema repressão: Não mereço viver.
Sentimento de culpa e de fracasso. Autopunição através da depressão.
Redecisão: Eu aceito, valorizo e agradeço pela minha vida.
Mais ou menos de um terço dos abortos espontâneos, são clinicamente inexplicáveis; a mãe tem boa saúde e é fisicamente capaz de carregar uma criança em seu útero, mas suas dificuldades são emocionais.
O pesquisador T. Verny concluiu que o temor ou o sentimento de sua responsabilidade e o medo de pôr no mundo uma criança anormal aumentam, organicamente, o risco de aborto espontâneo.
Através da TRVP percebemos que a mãe pode provocar um aborto espontâneo inconscientemente, através da falta de cuidado físico e emoções desequilibradas.
Uma parte da responsabilidade pela gravidez também é do feto, que garante o bom funcionamento endócrino da gravidez e desencadeia uma parte das inúmeras mudanças físicas, pelas quais passa o corpo da mãe, para assegurar seu desenvolvimento e sua alimentação antes do nascimento. Ela produz substâncias, contribuindo ativamente para a sua sobrevivência.
Em outra regressão, essa paciente vivenciou novamente a vida intra-uterina, com a mesma mãe, agora na gestação da vida atual. Entrou em contato com uma sensação de que sempre deve estar em alerta, porque tem a impressão de que vai acontecer alguma coisa ruim. A mãe sente medo de abortar novamente e a paciente, na vivência dentro do útero, sente medo de morrer antes de nascer e medo de se movimentar. Fica imóvel com medo de assustá-la. Sentimento de culpa por estar desencadeando mal-estar em sua mãe. Sensação de angústia como se estivesse perdendo tempo.
Nessa vivência, surgiu um aspecto de depressão, medo, revolta, culpa. Sua depressão estava intimamente relacionada à revolta contra a própria vida, ou contra o próprio corpo feminino, situação financeira, cultura, raça etc., fazendo com que ela entrasse num processo de vitimização, sentimento de injustiça, desânimo, falta de motivação pela vida, tristeza.
Essa paciente apresenta uma doença auto-imune, que pode ser melhor compreendida num processo de autopunição pela sua parcela de responsabilidade pelo aborto. Tinha também pesadelos, nos quais via-se girando num meio a um turbilhão .
Depois de esgotado o tema da depressão, essa mesma paciente trabalhou a dificuldade em aceitar-se como mulher e vivenciou em regressão um outro aspecto da vida intra-uterina: seus pais desejavam um filho do sexo masculino. Não queria decepcioná-los porque sabia que ela não era quem eles gostariam que fosse. Não queria nascer. Desenvolve então um padrão:
vou ser forte como um homem para satisfazê- los, para conquistar o amor deles”. Em algumas regressões anteriores, a paciente vivenciou cenas em que ela própria entendeu como, em vidas passadas, em que era homem, fez sofrer muitas mulheres, tratando-as como um ser inferior.
Insegurança
H.I.J. mulher, 48 anos, divorciada, empresária.
Queixa-se de insegurança, manifestadas por medos, há 17 anos.
Vivências regressivas: Aos dois meses. Mãe está tomando algo ruim para abortá-la, sente desconforto na garganta e no nariz. “É para eu morrer, eu não quero morrer”. Sente a boca amarga. Percebe-se intoxicada fisicamente e pelo sentimento da mãe.
Manifesta raiva da mãe por ela rejeitar a sua gravidez.
Depois sente alívio por não ter morrido.
Diz que identifica pensamentos do tipo: “o mundo é ruim”. Percebe que a mãe esta passando fome porque sente uma fraqueza, uma queda da sua vitalidade.
Aos três meses. Sente que seu pai também quer matá-la. Pai bate na mãe e ela se percebe como se estivesse apanhando também.
Apresenta dor no corpo e fica toda encolhida.
Sente-se rejeitada.
Tem medo de nascer e continua apanhando.
tenho que ser encolhida”, “tenho que ficar quieta”.
Quer dizer para o pai que ela quer viver e dá um chute. Diz sentir-se como se estivesse chorando por dentro, como se estivesse saindo a tristeza de dentro dela, através do seu coração. A mãe sente-se também rejeitada pelo pai.
Aos quatro meses. Chora. “Ninguém me quer”. Encolhe-se toda. Mãe está triste e quer morrer. Ouve a mãe dizer: “O que eu fiz para merecer isso?”. Mãe refere-se às dificuldades financeiras, desprezo de sua família, mas a paciente diz que sente como se referisse a ela. Sentimento de querer dar forças à mãe. Sente que precisa morrer.
Momento mais traumático: Tentativa da mãe em provocar abortamento.
Decisão: “Se nem meus pais me querem, ninguém mais vai me querer. Não sou digna do amor de ninguém”.
Redecisão: “Eu me valorizo e me aproximo das pessoas, com amor”.
A paciente estava fixada no sentimento da vítima, acreditando que ninguém poderia querê-la; ela também afastava-se das pessoas e foi necessário em seu processo psicoterápico trazer a responsabilidade para ela mesma, para se tornar mais ativa, indo em direção às pessoas e melhorando sua auto-estima.
Seu sentimento de rejeição fazia com que nenhum afeto fosse suficiente, e fazia com que a paciente criasse uma defesa de também rejeitar os pais e sentir raiva deles. Ela apresentava um problema sério de relacionamento com os pais e com as pessoas em geral, pela insegurança, timidez e sentimento de incapacidade.
Tinha uma personalidade independente por ter auto-estima comprometida. Após as sessões de regressão e da prática de suas redecisões, seus problemas foram plenamente solucionados.
Uma ligação intra-uterina sólida constitui a melhor proteção da criança contra os perigos do mundo externo. Através desses conhecimentos, mães e pais dispõem de uma oportunidade rica de participar da formação da personalidade de seu filho antes do nascimento, acionando suas tendências mais positivas, registrando nos níveis físico e espiritual, e incentivando nesse novo ser, sentimentos éticos de interesse e compreensão pelo outro de trabalho e doação.
Fica clara a responsabilidade dos pais de estimularem intelectualmente e afetivamente o novo ser, desde o início de sua vida intra-uterina, contribuindo para desenvolver suas melhores tendências, ensinamentos positivos, inibindo e diluindo as suas dificuldades.”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita.

2 NOVAES, Adenáuer Marcos Ferraz de. Reencarnação: processo educativo. – Salvador: Fundação Lar Harmonia, 12/2003.


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