quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O LABORATÓRIO DE ALLAN KARDEC

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Fábio José Lourenço Bezerra

Do início de 1858 até 1869, Allan Kardec editou um importante periódico mensal, onde podemos constatar claramente o processo de desenvolvimento da codificação do Espiritismo. É a "Revista Espírita" (Revue Spirite, no original Francês). Em suas páginas, constam as experiências do codificador à frente do movimento de divulgação da Doutrina Espírita, principalmente através das viagens que realizou pela Europa, suas numerosas correspondências com espíritas de várias partes do mundo, os diálogos, também por carta, com os críticos e opositores da doutrina e a verdadeira “experimentação” espírita, quando ocorreu a preparação e o surgimento de suas outras obras e a importante revisão das que ele já havia publicado.

  É por isso que a Revista Espírita é conhecida por vários autores espíritas como o Laboratório de Kardec. Nela, ele demonstrou o seu rigor metodológico; descreveu, de forma bastante clara experiências e diálogos; resumiu ideias conflitantes com o Espiritismo, para em seguida apresentar o contraponto, permitindo que o leitor formasse sua convicção de forma autônoma; defendeu os princípios espíritas; exemplificou valores verdadeiramente humanistas, como o amor e o respeito ao próximo; relatou as suas lutas e vitórias, assim como sua resistência à calúnia, à mentira e à difamação, principalmente por líderes religiosos católicos e protestantes; explicou, à luz do Espiritismo, fatos de sua época; produziu artigos doutrinários; rebateu os argumentos de detratores da Doutrina e publicou várias mensagens mediúnicas.

Sem dúvida, a Revista Espírita é o maior e melhor repositório de instruções ao movimento espírita que existe!

  A Revista Espírita foi fundamental para a divulgação do Espiritismo, bem como das novas ideias que surgiam mediante a continuidade da pesquisa de Kardec, novos ensinamentos e teorias, sempre colocados para análise e discussão antes de serem considerados princípios ou axiomas da Doutrina Espírita.

Em "O Livro dos Médiuns", no Capítulo III, Kardec aconselha que,

"[...] Aos que quiserem adquirir essas noções preliminares, pela leitura das nossas obras, aconselhamos que as leiam nesta ordem:

1º - O que é o Espiritismo? Esta brochura, de uma centena de páginas somente, contém sumária exposição dos princípios da Doutrina Espírita, um apanhado geral desta, permitindo ao leitor apreender-lhe o conjunto dentro de um quadro restrito. Em poucas palavras ele lhe percebe o objetivo e pode julgar do seu alcance. Aí se encontram, além disso, respostas às principais questões ou objeções que os novatos se sentem naturalmente propensos a fazer. Esta primeira leitura, que muito pouco tempo consome, é uma introdução que facilita um estudo mais aprofundado.

2º - O Livro dos Espíritos. Contém a doutrina completa, como a ditaram os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas conseqüências morais. E a revelação do destino do homem, a iniciação no conhecimento da natureza dos Espíritos e nos mistérios da vida de além-túmulo. Quem o lê compreende que o Espiritismo objetiva um fim sério, que não constitui frívolo passatempo.

3º - O Livro dos Médiuns. Destina-se a guiar os que queiram entregar-se à prática das manifestações, dando-lhes conhecimento dos meios próprios para se comunicarem com os Espíritos. E um guia, tanto para os médiuns, como para os evocadores, e o complemento de O Livro dos Espíritos.

4º - A Revue Spirite. Variada coletânea de fatos, de explicações teóricas e de trechos  isolados, que completam o que se encontra nas duas obras precedentes, formando-lhes, de certo modo, a aplicação. Sua leitura pode fazer-se simultaneamente com a daquelas obras, porém, mais proveitosa será, e, sobretudo, mais inteligível, se for feita depois de O Livro dos Espíritos (Nota da Editora FEB: De Kardec são ainda as obras: O Evangelho segundo o Espiritismo. - O Céu e o Inferno. - A Gênese. - Obras Póstumas.). 

Isto pelo que nos diz respeito. Os que desejem tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como as apologias, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação.

Por esse lado, não preconizamos, nem criticamos obra alguma, visto não querermos, de nenhum modo, influenciar a opinião que dela se possa formar. Trazendo nossa pedra ao edifício, colocamo-nos nas fileiras. Não nos cabe ser juiz e parte e não alimentamos a ridícula pretensão de ser o único distribuidor da luz. Toca ao leitor separar o bom do mau, o verdadeiro do falso."

  No livro “Obras Póstumas”, no Capítulo X, consta o seguinte escrito de Kardec:

“A Revista foi até agora, e não podia deixar de ser, uma obra pessoal, visto que fazia parte de nossas obras doutrinárias, constituindo os Anais do Espiritismo. Por seu intermédio é que todos os princípios novos foram elaborados e entregues ao estudo. Era, pois, necessário conservar o seu caráter individual, para que se estabelecesse a unidade.”

  Através de mensagens mediúnicas obtidas em diferentes momentos e por vários médiuns muito jovens, adolescentes até, como as Irmãs Caroline e Julie Baudin, Ruth Celine Japhet e Ermance Dufaux, Kardec foi estabelecendo racionalmente o conjunto de axiomas e princípios que, mais tarde, formaram uma doutrina.

A Federação Espírita Brasileira disponibilizou toda a coleção da Revista Espírita (de 1858 a 1869) em arquivos digitais, para download, em seu site (clique no link -http://www.febnet.org.br/blog/geral/pesquisas/downloads-material-completo/).

Estudando-se profundamente a Revista Espírita, podemos chegar á conclusão de que a evocação de Espíritos é uma prática espírita genuína, que pode e deve ser realizada em reuniões mediúnicas sérias, contrariando, assim, a opinião pessoal de certos Espíritos de que "o telefone só toca de lá para cá".

Pode-se dizer que Kardec redigiu, na Revista Espírita, Atas das sessões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde registrou, minuciosamente e in loco, as evocações experimentais, com todas as perguntas e respostas dos diálogos entre Kardec e cada Espírito comunicante, a fim obter-se todas as informações necessárias ao esclarecimento dos assuntos tratados.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Guia dos médiuns e evocadores. Rio de janeiro: FEB.[1996];

_____________. Obras Póstumas. Rio de janeiro: FEB. [1998].

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

 http://www.aeradoespirito.net/HomMH-JHP/A_REV_ESP_DE_KARDEC_SOB_A_LEN_D_HERCUL_MH.html

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