segunda-feira, 18 de setembro de 2017

EM DEFESA DA VIDA - SUICÍDIO NÃO

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Livreto da Federação Espírita Brasileira: Em defesa da vida – SUICÍDIO NÃO
PREFÁCIO
“A calma e a resignação adquiridas na maneira de considerar a vida terrestre e a confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio”.
Allan Kardec. O evangelho segundo o Espiritismo. Cap. V, it. 14.
Amigo leitor,
As mensagens contidas neste livreto transmitem amor, coragem e fé a todos os que, nos momentos difíceis da Vida, necessitam de apoio para o seu fortalecimento moral.
São pequenos textos espíritas que louvam a excelsitude da Vida, entendida como bênção concedida por Deus, nosso Pai e Criador, ainda que, no momento, esteja sob o peso de desafios e provações existenciais.
O suicídio é triste ilusão porque somos seres imortais, e a Vida continua, plena, além da morte do corpo físico.
Nesse contexto, a Federação Espírita Brasileira convida-o a participar da campanha nacional:
Prefiro viver! Suicídio, não.
POR QUE AS PESSOAS COMETEM SUICÍDIO?
São várias as causas que conduzem o ser humano ao suicídio, todas indicativas do desconhecimento de como funcionam a Justiça e a Misericórdia Divinas.
Materialismo severo, solidão, depressão, enfermidades incuráveis, violência, maus-tratos, abusos de todo tipo, pobreza extrema, fanatismo religioso, negligência e abandono familiar, perdas afetivas, alcoolismo, drogatização, distúrbios mentais, desesperança, obsessão de Espíritos.
O SUICÍDIO E A LOUCURA
Allan Kardec. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. V. it.16.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as ideias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio: produzem a covardia moral. Quando se veem homens de ciência, apoiados na autoridade do seu saber, se esforçarem por provar aos que os ouvem ou leem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que lhes poderia dizer para desviá-los dessa consequência? Que compensação podem oferecer-lhes? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se segue concluir que, se o nada é o único remédio heroico, a única perspectiva, mais vale cair nele

imediatamente, e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.
A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a ideia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se fazem seus defensores assumem terrível responsabilidade. Com o Espiritismo a dúvida já não é possível, modificando -se, portanto, a visão que se tem da Vida.
O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições muito diversas. Daí a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; daí, numa palavra, a coragem moral.
QUESTÕES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Questão 943. De onde vem o desgosto pela Vida que se apodera de certos indivíduos sem motivos que o justifiquem?
“Efeito da ociosidade, da falta de fé e, muitas vezes, da saciedade. Para aquele que exerce suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a Vida se escoa com mais rapidez. Suporta as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto mais age tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que o espera”.

Questão 944. O homem tem o direito de dispor da sua própria Vida?
“Não, somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão da Lei Divina”.

Questão 952. Comete suicídio o homem que perece vítima do abuso de paixões que ele sabia que iriam apressar o seu fim, mas às quais não lhe foi possível resistir, porque o hábito as transformou em verdadeiras necessidades físicas?
“É um suicídio moral. Não compreendeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele falta de coragem, bestialidade e, além disso, esquecimento de Deus”.

Questão 952-a. Será mais ou menos culpado do que o que tira a própria Vida por desespero?
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Naquele que o faz instantaneamente, há, por vezes, uma espécie de desvario, que tem alguma coisa da loucura. O outro será muito mais punido, porque as penas são sempre proporcionais à consciência que se tenha das faltas cometidas”.

SUICÍDIO – SOLUÇÃO INSOLVÁVEL
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda(Espírito). Temas da vida e da morte. Cap. 1.
O suicídio é terrível mal que aumenta na Humanidade e que deve ser combatido por todos os homens.
Essa rigidez mental que resolve pela solução trágica é doença complexa.
Conscientizar as criaturas a respeito das consequências do ato, no Além-Túmulo, das dores que maceram os familiares e do ultraje às Leis Divinas, é método salutar para diminuir a incidência dessa solução insolvável.
Dialogar com bondade e paciência com as pessoas que têm propensão para o suicídio; sugerir-lhes dar-se um pouco mais de tempo, enquanto o problema altera a sua configuração; evitar oferecer bases ilusórias para esperanças fugazes que o tempo desmancha; estimular a valorização pessoal; acender uma luz no túnel do seu desespero, entre outros recursos, constituem terapia preventiva que se fortalecerá no exercício da oração, das leituras otimistas, espirituais, nos passos e no uso da água fluidificada.
Aquele que tenta o suicídio e não o vê consumado é candidato natural à recidiva, que culmina tão logo se lhe apresenta o móvel desencadeador do desejo... O suicídio é o mais grosseiro vestígio da fragilidade humana, que ata o homem ao primarismo de que se deve libertar.
O homem é, na verdade, a mais alta realização do pensamento divino na Terra, caminhando para a glória total, mediante as lutas e os sacrifícios do dia a dia.
DEPOIMENTO
XAVIER, Francisco Cândido. Irmão X (Espírito). Estante da vida. Cap. 2.
Aqui vai, meu amigo, a entrevista rápida que você solicitou ao velho jornalista desencarnado com uma suicida comum. Sabe você, quanto eu, que não existem casos absolutamente iguais. Cada um de nós é um mundo por si. Para nosso esclarecimento, porém, devo dizer­‑lhe que se trata de jovem senhora que, há precisamente quatorze anos, largou o corpo físico, por deliberação própria, ingerindo formicida.
Mais alguns apontamentos, já que não podemos transformar o doloroso assunto em novela de grande porte: ela se envenenou no Rio, aos 32 de idade, deixando o esposo e um filhinho em casa; não era pessoa de cultura excepcional, do ponto de vista do cérebro, mas caracterizava­‑se, na Terra, por nobres qualidades morais, moça tímida, honesta, operosa, de instrução regular e extremamente devotada aos deveres de esposa e mãe.
Passemos, no entanto, às suas onze questões e vejamos as respostas que ela nos deu e que transcrevo, na íntegra:
A irmã possuía alguma fé religiosa, que lhe desse convicção na vida depois da morte?
Seguia a fé religiosa, como acontece a muita gente que acompanha os outros no jeito de crer, na mesma situação com que se atende aos caprichos da moda. Para ser sincera, não admitia fosse encontrar a vida aqui, como a vejo, tão cheia de problemas ou, talvez, mais cheia de problemas que a minha existência no mundo.
Quando sobreveio a morte do corpo, ficou inconsciente ou consciente?
Não conseguia sequer mover um dedo, mas, por motivos que ainda não sei explicar, permaneci completamente lúcida e por muito tempo.
Quais as suas primeiras impressões ao verificar‑se desencarnada?
Ao lado de terríveis sofrimentos, um remorso indefinível tomou conta de mim. Ouvia os lamentos de meu marido e de meu filho pequenino, debalde gritando também, a suplicar socorro. Quando o rabecão me arrebatou o corpo imóvel, tentei ficar em casa, mas não pude. Tinha a impressão de que eu jazia amarrada ao meu próprio cadáver pelos nós de uma corda grossa. Sentia em mim, num fenômeno de repercussão que não sei definir, todos os baques do corpo no veículo em correria; atirada com ele a um compartimento do necrotério, chorava de enlouquecer. Depois de poucas horas, notei que alguém me carregava para a mesa de exame. Vi-me desnuda de chofre e tremi de vergonha. Mas a vergonha fundiu­‑se no terror que passei a experimentar ao ver que dois homens moços me abriam o ventre sem nenhuma cerimônia, embora o respeitoso silêncio com que se davam à pavorosa tarefa. Não sei o que me doía mais, se a dignidade feminina retalhada aos meus olhos, ou se a dor indescritível que me percorria a forma, em meu novo estado de ser, quando os golpes do instrumento cortante me rasgavam a carne. Mas o martírio não ficou nesse ponto, porque eu, que horas antes me achava no conforto de meu leito doméstico, tive de aguentar duchas de água fria nas vísceras expostas, como se eu fosse um animal dos que eu vira morrer, quando menina, no sítio de meu pai... Então, clamei ainda mais por socorro, mas ninguém me escutava, nem via...
Recorreu à prece no sofrimento?
Sim, mas orava, à maneira dos loucos desesperados, sem qualquer noção de Deus... Achava­‑me em franco delírio de angústia, atormentada por dores físicas e morais... Além disso, para salvar o corpo que eu mesma destruíra, a oração era um recurso de que lançava mão muito tarde.
Encontrou amigos ou parentes desencarnados, em suas primeiras horas no plano espiritual?
Hoje sei que muitos deles procuravam auxiliar­‑me, mas inutilmente, porque a minha condição de suicida me punha em plenitude de forças físicas. As energias do corpo abandonado como que me eram devolvidas por ele e me achava tão materializada em minha forma espiritual quanto na forma terrestre. Sentia­‑me completamente sozinha, desamparada...

Assistiu ao seu próprio enterro?
Com o terror que o meu amigo é capaz de imaginar.

Não havia Espíritos benfeitores no cemitério?
Sim, mas não poderia vê­‑los. Estava mentalmente cega de dor. Senti‑me sob a terra, sempre ligada ao corpo, como alguém a se debater num quarto abafado, lodoso e escuro...

Que aconteceu em seguida?
Até agora, não consigo saber quanto tempo estive na cela do sepulcro, seguindo, hora a hora, a decomposição de meus restos... Houve, porém, um instante em que a corda magnética cedeu e me vi libertada. Pus­‑me de pé sobre a cova. Reconhecia-me fraca, faminta, sedenta, dilacerada... Não havia tomado posse de meus próprios raciocínios, quando me vi cercada por uma turma de homens que, mais tarde, vim a saber serem obsessores cruéis. Deram-me voz de prisão. Um deles me notificou que o suicídio era falta grave, que eu seria julgada em corte de justiça e que não me restava outra saída, senão acompanhá-los ao tribunal. Obedeci e, para logo, fui por eles encarcerada em tenebrosa furna, onde pude ouvir o choro de muitas outras vítimas. Esses malfeitores me guardaram em cativeiro e abusaram da minha condição de mulher, sem qualquer noção de respeito ou misericórdia... Somente após muito tempo de oração e remorso, obtive o socorro de Espíritos missionários, que me retiraram do cárcere, depois de enormes dificuldades, a fim de me internarem num campo de tratamento.

Por que razão decidiu matar‑se?
Ciúmes de meu esposo, que passara a simpatizar com outra mulher.

Julga que a sua atitude lhe trouxe algum benefício?
Apenas complicações. Após seis anos de ausência, ferida por terríveis saudades, obtive permissão para visitar a residência que eu julgava como sendo minha casa no Rio. Tremenda surpresa!... Em nada adiantara o suplício. Meu esposo, moço ainda, necessitava de companhia e escolhera para segunda esposa a rival que eu abominava... Ele e meu filho estavam sob os cuidados da mulher que me suscitava ódio e revolta... Sofri muito em meu orgulho abatido. Desesperei­‑me.
Auxiliada pacientemente, contudo, por instrutores caridosos, adquiri novos princípios de compreensão e conduta... Estou aprendendo agora a converter aversão em amor. Comecei procedendo assim por devotamento ao meu filho, a quem ansiava estender as mãos, e só possuía, no lar, as mãos dela, habilitadas a me prestarem semelhante favor... Pouco a pouco, notei­‑lhe as qualidades nobres de caráter e coração e hoje a amo, deveras, por irmã de minha alma... Como pode observar, o suicídio me intensificou a luta íntima e me impôs, de imediato, duras obrigações.
Que aguarda para o futuro?
Tenho fome de esquecimento e de paz. Trabalho de boa vontade em meu próprio burilamento e qualquer que seja a provação que me espere, nas corrigendas que mereço, rogo à Compaixão Divina me permita nascer na Terra, outra vez, quando então conto retomar o ponto de evolução em que estacionei, para consertar as terríveis consequências do erro que cometi.
* Aqui, meu caro, termina o curioso depoimento em que figurei na posição de seu secretário.
Sinceramente, não sei por que você deseja semelhante entrevista com tanto empenho. Se é para curar doentia ansiedade em pessoa querida, inclinada a matar­‑se, é possível que você alcance o objetivo almejado. Quem sabe? O amor tem força para convencer e instruir. Mas se você supõe que esta mensagem pode servir de instrumento para alguma transformação na sociedade terrena, sobre os alicerces da verdade espiritual, não estou muito certo quanto ao êxito do tentame. Digo isso, porque, se estivesse aí, no meu corpo de carne, entre o frango assado e o café quente, e se alguém me trouxesse a ler a presente documentação, sem dúvida que eu julgaria tratar­‑se de uma história da carochinha.
SUICÍDIO E OBSESSÃO
XAVIER, Francisco Cândido. Vozes do grande além. Cap. 39. Pelo Espírito Hilda
Fala-vos humilde companheira que ainda sofre, depois de aflitiva tragédia no suicídio, alguém que conhece de perto a responsabilidade na queda a que se arrojou, infeliz.
O pensamento delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa mente.
[...] Jovem caprichosa, contrariada em meus impulsos afetivos, acariciei a ideia da fuga, menoscabando todos os favores que a Providência Divina me concedera à estra a primaveril.
Acalentei a ideia do suicídio com volúpia e, com isso, por meio dela, fortaleci as ligações deploráveis com os desafetos de meu passado, que falavam mais alto no presente.
[...] Refletia no suicídio com a expectação de quem se encaminhava para uma porta libertadora, tentando, inutilmente, fugir de mim mesma.
E, nesse passo desacertado, todas as cadeias do meu pretérito se reconstituíram, religando-me às trevas interiores, até que numa noite de supremo infortúnio empunhei a taça fatídica que me liquidaria a existência na carne.
[...] [Na] penumbra do quarto, rostos sinistros se materializaram de leve e braços hirsutos me rodearam.
Vozes inesquecíveis e cavernosas infundiram-me estranho pavor, exclamando: “É preciso beber”.
[...] Senti-me desequilibrada e, embora sustentasse a consciência do meu gesto, sorvi, quase sem querer, a poção com que meu corpo se rendeu ao sepulcro.
Em verdade, eu era obsidiada... Sofria a perseguição de adversários, residentes na sombra, mas perseguição que eu mesma sustentei com a minha desídia e ociosidade mental.
[...] Em razão disso, padeci, depois do túmulo, todas as humilhações que podem rebaixar a mulher indefesa... Agora, que se me refazem as energias, recebi a graça de acordar nos amigos encarnados a noção de ‘responsabilidade’ e ‘consciência’, no campo das imagens que nós mesmos criamos e alimentamos [...].
O TRÁGICO DESFECHO
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda(Espírito). Loucura e obsessão. Cap. 24.
Vocês me deram a vida corporal e sacrificaram-se por toda a existência, a fim de que sua filha fosse honrada e feliz. Nunca mediram esforços em favor da minha ventura primeiro, para, depois, a sua. Facultaram-me o título universitário e o excelente trabalho a que me tenho entregue com responsabilidade e consciência de dever. Devo-lhes tudo e amo-os com total empenho da alma... Todavia, sofro muito, experimentando, ignota, estranha dor que me macera revelar-lhes. Sou frágil nessa área, que é a do Amor. Apesar de jamais ele me haver faltado nos seus sentimentos a mim dirigidos, a adolescência e a idade da razão levaram-me a buscá-lo em expressão diferente.
Há pouco, quando o encontrei, passei a viver, no mesmo momento, um céu e um inferno que agora alcançam o seu estado máximo. O homem a quem amo e que me diz amar é, infelizmente, para mim, casado e pai generoso. O nosso é um amor impossível na Terra, exceto se nos dispusermos a fruí-lo no mar das lágrimas dos outros, que não lhe merecem a deserção do lar... Fui forjada nos metais da dignidade que o seu carinho de pais modelou no meu caráter... Não é necessário minudenciar mais nada. Não podendo viver com ele, nem me sendo possível prosseguir sem ele, retiro-me de cena, preferindo sofrer e fazer os seus corações amantíssimos chorarem uma filha digna a permanecer, para desespero de muitos, inclusive de vocês, que pranteariam uma filha alucinada... Perdoem-me, anjos da minha vida. Não pensem que ajo egoisticamente, esquecida do amor de vocês. Pelo contrário, atuo em homenagem ao seu amor e por amor também. Não avalio, em profundidade, a tragédia do suicídio. Tenho-o na mente há algum tempo e não o posso  adiar mais, ou optarei pelo suicídio moral, que culminará, certamente, mais tarde, nesta forma infeliz... Ele, o homem amado, ficará tão surpreso com o meu gesto tresvariado quanto vocês estarão ao ler esta carta.
Mais uma vez, abençoem-me e intercedam à Mãe de Jesus, que tanto sofreu, pela filha que os ama, porém não suporta mais viver...”
[...] O suicídio é a culminância de um estado de alienação que se instala sutilmente. O candidato não pensa com equilíbrio, não se dá conta dos males que o seu gesto produz naqueles que o amam. Como perde a capacidade de discernimento, apega-se-lhe como única solução, esquecido de que o tempo equaciona sempre todos os problemas, não raro, melhor do que a precipitação. A pressa nervosa por fugir e o desespero que se instala no íntimo empurram o enfermo para a saída sem retorno... ”
TIPOS DE SUICÍDIO
O suicídio pode ser classificado como: direto ou intencional e indireto. O suicídio intencional resulta de ato consciente. Há planejamento da morte, às vezes, com detalhes.
O suicídio indireto resulta de hábitos e comportamentos viciosos que lesam a saúde física ou psíquica, ou ambas.
SUICÍDIO
XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel (Espírito). Religião dos espíritos. Cap. 48.
No suicídio intencional, sem as atenuantes da moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete contra si mesma, por meio da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo. Atormentada de dor, a consciência desperta no nível de sombra a que se precipitou, suportando compulsoriamente as companhias que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação. Contudo, os resultados não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências próximas.
É assim que, após determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são habitualmente reintegrados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições. Ser-nos-á fácil, desse modo, identificá-los, no berço em que repontam, entremostrando a expiação a que se acolhem.
Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endocrínicas, tanto quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram carregam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.
Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma.
Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa, funciona a ciência médica por missionária da redenção, conseguindo ajudar e melhorar os enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou segundo o merecimento de que disponham.
Guarda, pois, a existência como dom inefável, porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer para a luz e a viver para o Amor, ante a glória de Deus
SUICÍDIO SEM DOR
FRANCO, Divaldo Pereira. Manoel Philomeno de Miranda (Espírito). Temas da vida e da morte. Cap. 1.
Lutar por vencer as vicissitudes é inevitável, desde que a própria injunção biológica é uma constante faina, em que nascimento, morte, transformação e ressurgimento se dão por automatismos na maquinaria fisiológica, ensinando à consciência a técnica do esforço para a preservação da Vida.
O pretenso suicida, que consumou a trágica fuga da responsabilidade, jamais se libera, como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, sempre tresloucado, por ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de conservação da Vida, que governa a existência animal e o possui como fator para sua preservação.
Orgulhoso ou pusilânime, irresponsável ou vão, o suicida não se evade de si mesmo, da sua consciência; torna-se, aliás, o seu próprio algoz cujas penas o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil vezes mais afligentes do que na forma em que ora se apresentam.
A burla que se permite, por supostos meios indolores para sofrer a desencarnação, hiberna-o por algum tempo, em espírito, até o momento em que desperta mais vilipendiado e agônico, vivo, estuante de vitalidade, padecendo as camarteladas que a superlativa imprudência provocou.
É óbvio que ninguém ludibria a Consciência cósmica, que se expressa na harmonia do Universo e vige, pulsante, na consciência humana individual.
Necessário que o homem assuma as responsabilidades da Vida e instrua-se nas leis que lhe regem a existência, aprimorando-se e reunindo valores de que possa dispor nos momentos-desafio, a fim de superá-los e reorganizar-se para os futuros cometimentos até o instante em que se lhe encerre o ciclo biológico. Estará, então, liberado da matéria, mas mantido na Vida... Nas aparentes mortes sem dor, provocadas pelos que desejam fugir ou esquecer, o sofrimento moral tem início quando se elabora o programa da evasão e jamais se pode prever quando terminará.
A consciência humana é indestrutível, portanto, o suicídio de qualquer espécie é arrematada loucura, um salto no desconhecido abismo da imprevisível desesperação”.
CONSEQUÊNCIAS DO SUICÍDIO
O suicídio, independentemente da forma como se manifesta, sempre produz sofrimentos no curto, médio ou longo prazo, em ambos os planos da Vida: o espiritual e o físico.
SUICIDAS
KARDEC, Allan. O céu e o inferno. 2ª parte, cap. V. Espírito François-Simon Louvet
A seguinte comunicação foi dada espontaneamente, em uma reunião espírita no Havre, a 12 de fevereiro de 1863:
“Tereis piedade de um pobre miserável que sofre desde muito tempo de cruéis torturas? Oh! o vácuo... o espaço... caio, caio... socorro! ... Meu Deus, eu tive uma existência tão miserável! ... Era um pobre coitado; sofri tanta fome na velhice!
Foi por isso que me habituei a beber, a ter vergonha e desgosto de tudo... Quis morrer e atirei-me... Oh! meu Deus! que momento! E para que tal desejo, quando o termo da Vida já estava tão próximo? Orai, para que eu não veja incessantemente este vácuo debaixo de mim... Vou despedaçar-me de encontro a essas pedras!... Eu vos suplico, a vós que conheceis as misérias dos que não mais pertencem a esse mundo. Não me conheceis, mas eu sofro tanto... Para que mais provas? Sofro! Não será isso o bastante? Se eu tivesse fome, em vez desse sofrimento mais terrível e aliás imperceptível para vós, não vacilaríeis em aliviar-me com uma migalha de pão.
Pois eu vos peço que oreis por mim.... Não posso permanecer por mais tempo neste estado... Perguntai a qualquer desses felizes que aqui estão e sabereis quem fui. Orai por mim”.
QUESTÕES DE O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Questão 956. Aqueles que, não podendo suportar a perda dos entes queridos, se matam na esperança de se juntarem a eles atingem o seu objetivo?
“O resultado que colhem é muito diverso do que esperavam: em vez de se unirem ao objeto de sua afeição, dele se afastam por mais tempo, já que Deus não pode recompensar um ato de covardia, nem o insulto que lhe fazem ao duvidarem da sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições ainda maiores do que as que pensavam abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam”
(934 e seguintes).
Questão 957. Quais são, em geral, com relação ao estado do Espírito, as consequências do suicídio?
“As consequências do suicídio são muito diversas. Não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o produziram. Há, porém, uma consequência à qual o suicida não pode escapar: o desapontamento. Ademais, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam”.
Comentário de Allan Kardec
A observação mostra, realmente, que os efeitos do suicídio não são idênticos. Há, porém, os que são comuns a todos os casos de morte violenta e que resultam da interrupção brusca da Vida. Isso se deve principalmente à persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, já que esse laço se encontra em todo seu vigor no momento em que é rompido, enquanto na morte natural ele se enfraquece gradualmente e muitas vezes se desfaz antes mesmo que a Vida se haja extinguido completamente. As consequências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, sucedendo um período de ilusão em que o Espírito, durante mais ou menos tempo, julga pertencer ainda ao número dos vivos [encarnados].
A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim sente, à sua revelia, os efeitos da decomposição, fazendo-o experimentar uma sensação cheia de angústias e de horror, estado que também pode persistir pelo tempo que devia durar a Vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral, mas, em caso algum, o suicida se livra das consequências da sua falta de coragem e, mais cedo ou mais tarde, expia, de um modo ou de outro, a culpa em que incorreu. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infelizes na Terra, disseram ter-se suicidado na existência anterior e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, lhes é interdito. Na maior parte deles, é o pesar de haver feito uma coisa inútil, que só redundou em decepções.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às Leis da Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a Vida. Mas por que não se tem esse direito? Por que o homem não é livre para pôr termo aos seus sofrimentos?
Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta apenas por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes é o contrário que se dá. Não é pela teoria que o Espiritismo nos ensina isso, mas pelos fatos que ele nos põe sob as vistas.
O VALE DOS SUICIDAS
PEREIRA, Yvonne, A. Camilo Cândido Botelho (Espírito). Memórias de um suicida. Primeira Parte, cap. O vale dos suicidas, p.19-22.
Precisamente no mês de janeiro do ano da graça de 1891, fora eu surpreendido com meu aprisionamento em região do Mundo Invisível cujo desolador panorama era composto por vales profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas sinistras, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios enfurecidos, Espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os martirizavam.
Nessa paisagem aflitiva da contemplação, com a vista torturada do grilheta, não distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse suas horas de desesperação, tampouco paisagens confortativas que pudessem distraí-lo da contemplação cansativa dessas gargantas onde não penetrava outra forma de Vida que não a traduzida pelo supremo horror!
[...] Não havia então ali, como não haverá jamais, nem paz, nem consolo, nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela desgraça era miséria, assombro, desespero e horror.
[...] Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que nenhum favor ameniza, a tragédia que ideia alguma tranquilizadora vem orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume, não há tréguas!
O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados que nunca se harmonizam! O assombroso “ranger dos dentes” da advertência prudente e sábia do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações penosas! A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se haver arrojado na morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras!
O que há é a consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas trevas oriundas de si mesma! [...].
PREVENÇÃO ESPÍRITA DO SUICÍDIO
São ações de apoio usualmente disponibilizadas no Centro Espírita, como prece, passe, estudo, trabalho no Bem, diálogo fraterno, esclarecimento doutrinário a Espíritos obsessores, entre outros.
PREVENÇÃO CONTRA O SUICÍDIO
XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel (Espírito). Pronto-socorro. Cap. 30.
Quando a ideia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete, antes de tudo, na infinita bondade de Deus, que te instalou na residência planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no Espaço Cósmico.
Em seguida, ora, pedindo socorro aos Mensageiros da Providência Divina.
Medita no Amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência. Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável ponderares quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada contra ti mesmo.
Se a ideia perniciosa continua a torturar-te, mesmo que te sintas doente, refugia-te no trabalho possível, em que te mostres útil aos que te cercam.
Visita um hospital, onde consigas avaliar as vantagens de que dispões, em confronto com o grande número de companheiros portadores de moléstias irreversíveis.
Vai pessoalmente ao encontro de algum instituto beneficente, a que se recolhem irmãos necessitados de apoio total, para os quais alguns momentos de  diálogo  amigo se transformam em preciosa medicação.
Lembra-te de alguém que saibas em penúria  e busca avistar-te com esse alguém, procurando aliviar-lhe a carga de aflição.
Comparece espontaneamente aos contatos com amigos reeducandos que se encontrem internados em presídios do teu conhecimento, de maneira a prestares a esse ou aquele algum pequenino favor.
Não desprezes a leitura de alguma página esclarecedora, capaz de renovar-te os pensamentos.
Entrega-te ao serviço do Bem ao próximo, qualquer que ele seja, e faze empenho em esquecer-te, porque a voluntária destruição de tuas possibilidades físicas não só representa um ato de desconsideração para com as bênçãos que te enriquecem a Vida, como também será o teu recolhimento  compulsório  à intimidade de ti mesmo, no qual, por tempo indefinível, permanecerás no envolvimento de tuas próprias perturbações.
A prece é de valor inestimável para os que sofrem. Devemos orar sempre que estivermos diante de um desafio existencial, sempre que formos atingidos pelas provações da Vida.
Nesse sentido, o Espírito suicida ou alguém que queira fugir da Vida, independentemente das causas geradoras do seu sofrimento, deve buscar conforto espiritual na prece.
Em seguida, apresentamos alguns trechos de O Evangelho segundo o espiritismo como ilustração.
O PODER DA PRECE
Allan Kardec
O poder da prece está no pensamento. Não depende de palavras, nem de lugar, nem do momento em que seja feita.
Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. A influência do lugar e do tempo só se faz sentir nas circunstâncias que favoreçam o recolhimento. A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e têm o mesmo objetivo: é como se muitos clamassem juntos e em uníssono.
Mas que importa reunir-se grande número de pessoas se cada uma atua isoladamente e por conta própria? Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, orarão como verdadeiros irmãos em Deus, de sorte que a prece que dirijam a Deus terá mais força do que a das cem outras (Cap. XXVII, item 15).
Pela prece o homem atrai o concurso dos Espíritos bons, que vêm sustentá-lo em suas boas resoluções e inspirar-lhe bons pensamentos. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária para vencer as dificuldades e voltar ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê sua saúde arruinada pelos excessos que cometeu e arrasta, até o fim de seus dias, uma vida de sofrimento; terá o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, porque poderia ter encontrado na prece a força de resistir às tentações (Cap.XXVII, item 11).
Se dividirmos em duas partes os males da Vida, uma constituída dos males que o homem não pode evitar, outra das tribulações de que ele mesmo é a causa principal, pela sua incúria ou por seus excessos [...], ver-se-á que a segunda excede em grande número a primeira. Torna-se, pois, bastante evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições, das quais se pouparia se agisse sempre com prudência e sabedoria. […] A prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é recusar, para si, a sua assistência e, para os outros, abrir mão do bem que lhes pode fazer (Cap.XXVII, item 12).
PRECE POR UM SUICIDA
Allan Kardec. O evangelho segundo o espiritismo. Cap.XXVIII, Item 71.
O homem jamais tem o direito de dispor da sua própria Vida porque somente a Deus cabe retirá-lo do cativeiro terreno, quando o julgue oportuno. Todavia, a Justiça Divina pode abrandar seus rigores, de acordo com as circunstâncias, reservando, porém, toda severidade para com aquele que quis subtrair-se às provas da Vida. O suicida é como o prisioneiro que se evade da prisão antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é tratado com mais severidade. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças ainda maiores.
Sabemos, ó meu Deus, qual a sorte que espera os que violam as tuas leis, abreviando voluntariamente seus dias; mas sabemos também que a tua misericórdia é infinita. Digna-te, pois, estendê-la, sobre a alma de N... Possam as nossas preces e a tua comiseração abrandar a amargura dos sofrimentos que ele está experimentando, por não haver tido a coragem de aguardar o fim de suas provas.
Espíritos bons, que tendes por missão assistir os infelizes, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o pesar da falta que cometeu. Que a vossa assistência lhe dê forças para suportar com mais resignação as novas provas por que haja de passar, a fim de reparar a falta. Afastai dele os Espíritos maus, capazes de o impelirem novamente para o mal e prolongar-lhe os sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.
A ti, cuja desgraça motiva as nossas preces, que a nossa comiseração possa amenizar as tuas amarguras e fazer que nasça em ti a esperança de um futuro melhor! Nas tuas mãos está ele; confia na bondade de Deus, cujo seio se abre a todos os arrependimentos e só se conserva fechado aos corações endurecidos.
REFERÊNCIAS
FRANCO, Divaldo Pereira. Loucura e obsessão. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 12. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2016.
______. Temas da vida e da morte. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 7. ed. 2. imp. Bra‑
sília: FEB, 2013.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 4. imp.Brasília: FEB, 2017.
______. O céu e o inferno. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013.
______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2016.
PEREIRA, Yvonne, A. Memórias de um suicida.Pelo Espírito Camilo Cândido Botelho. 27. ed. 7.
imp. Brasília: FEB, 2017.
XAVIER, Francisco Cândido. Estante da vida. Pelo Espírito Irmão X. 10. ed. 7. imp. Brasília: FEB,
2017.
______. Pronto-socorro. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 1. imp. Brasília: FEB e CEU, 2015.
_______. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 22. ed. 5. imp. Brasília: FEB, 2016.
_______. Vozes do grande além. Espíritos diversos. 6. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013.

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:
http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/11/Livreto-Suicidio.pdf

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A ATUAÇÃO DOS ESPÍRITOS SUPERIORES NA ESCRITA DE O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

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Fonte da imagem: http://meucantinho-ariadne.blogspot.com.br/2010/07/conduta-espirita-do-medium.html


     No livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, constam passagens que revelam a ação da Espiritualidade Superior durante a escrita da obra O Evangelho Segundo o Espiritismo

"Ségur, 9 de agosto de 1863

(Médium: Sr. d’A...)

IMITAÇÃO DO EVANGELHO

NOTA — Eu a ninguém dera ciência do assunto do livro em que estava trabalhando. Conservara-lhe de tal modo em segredo o título, que o editor, Sr. Didier, só o conheceu quando da impressão. Esse título foi, a princípio: Imitação do Evangelho. Mais tarde, por efeito de reiteradas observações do mesmo Sr. Didier e de algumas outras pessoas, mudei-o para o de O Evangelho segundo o Espiritismo. Assim, as reflexões contidas nas comunicações seguintes não podem ser tidas como fruto de idéias preconcebidas do médium.

Pergunta — Que pensais da nova obra em que trabalho neste momento?

Resposta — Esse livro de doutrina terá considerável influência, pois que explanas questões capitais, e não só o mundo religioso encontrará nele as máximas que lhe são necessárias, como também a vida prática das nações haurirá dele instruções excelentes. Fizeste bem enfrentando as questões de alta moral prática, do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. A dúvida tem que ser destruída; a terra e suas populações civilizadas estão prontas; já de há muito os teus amigos de além-túmulo as arrotearam; lança, pois, a semente que te confiamos, porque é tempo de que a Terra gravite na ordem irradiante das esferas e que saia, afinal, da penumbra e dos nevoeiros intelectuais. Acaba a tua obra e conta com a proteção do teu guia, guia de todos nós, e com o auxílio devotado dos Espíritos que te são mais fiéis e em cujo número digna-te de me incluir sempre.

P. — Que dirá o clero?

R. — O clero gritará — heresia, porque verá que atacas decisivamente as penas eternas e outros pontos sobre os quais ele baseia a sua influência e o seu crédito. Gritará tanto mais, quanto se sentirá muito mais ferido do que com a publicação de O Livro dos Espíritos, cujos dados principais, a rigor, poderia aceitar. Agora, porém, tu entraste por um novo caminho, no qual não poderá ele acompanhar-te. O anátema secreto se tornará oficial e os espíritas serão repelidos, como o foram os judeus e os pagãos, pela Igreja Romana.

Em compensação, os espíritas verão aumentar-se-lhes o número, em virtude dessa espécie de perseguição, sobretudo com o qualificarem, os padres, de demoníaca uma doutrina cuja moralidade esplenderá como um raio de Sol pela publicação mesma do teu novo livro e dos que se seguirão.

Aproxima-se a hora em que te será necessário apresentar o Espiritismo qual ele é, mostrando a todos onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à face do céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana. Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.

Entretanto, amigo, se a tua coragem ainda não desfaleceu sob a tarefa tão pesada que aceitaste, fica sabendo que foste feliz até ao presente, mas que é chegada a hora das dificuldades. Sim, caro Mestre, prepara-se a grande batalha; o fanatismo e a intolerância, exacerbados pelo bom êxito da tua propaganda, vão atacar-te e aos teus com armas envenenadas. Prepara-te para a luta. Tenho, porém, fé em ti, como tu tens fé em nós, e sei que a tua fé é das que transportam montanhas e fazem caminhar por sobre as águas. Coragem, pois, e que a tua obra se complete. Conta conosco e conta sobretudo com a grande alma do Mestre de todos nós, que te protege de modo muito particular.

Paris, 14 de setembro de 1863

NOTA — Eu solicitara para mim uma comunicação sobre um assunto qualquer e pedira que ela me fosse enviada para o meu retiro de Sainte-Adresse.

“Quero falar-te de Paris, embora isso não me pareça de manifesta utilidade, uma vez que as minhas vozes íntimas se fazem ouvir em torno de ti e que teu cérebro percebe as nossas inspirações, com uma facilidade de que nem tu mesmo suspeitas. Nossa ação, principalmente a do Espírito de Verdade, é constante ao teu derredor e tal que não a podes negar. Assim sendo, não entrarei em detalhes ociosos a respeito do plano de tua obra, plano que, segundo meus conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente.

Compreendes agora por que precisávamos ter-te sob as mãos, livre de toda preocupação outra, que não a da Doutrina.

Uma obra como a que elaboramos de comum acordo necessita de recolhimento e de insulamento sagrado. Tenho vivo interesse pelo teu trabalho, que é um passo considerável para a frente e abre, afinal, ao Espiritismo a estrada larga das aplicações proveitosas, a bem da sociedade. Com esta obra, o edifício começa a libertar-se dos andaimes e já se lhe pode ver a cúpula a desenhar-se no horizonte. Continua, pois, sem impaciência e sem fadiga; o monumento estará pronto na hora determinada.

“Já tratamos contigo das questões incidentes do momento, isto é, das questões religiosas. O Espírito de Verdade te falou das rebeliões que já se levantam na hora presente. São necessárias essas hostilidades para manter desperta a atenção dos homens, que tão facilmente se deixam desviar de um assunto sério. Aos soldados que combatem pela causa, incessantemente se juntarão combatentes novos, cujas palavras e escritos hão de causar sensação e levarão a perturbação e a confusão às fileiras dos adversários.

“Adeus, caro companheiro de antanho, discípulo fiel da verdade, que continua através da vida a obra a que outrora, diante do Espírito que te ama e a quem venero, juramos consagrar as nossas forças e as nossas existências, até que ela se achasse concluída. Saúdo-te.”

OBSERVAÇÃO — O plano da obra fora, de fato, completamente modificado, o que sem dúvida o médium não podia saber, pois que ele estava em Paris e eu em Sainte-Adresse. Tampouco podia saber que o Espírito de Verdade me falara da atitude de revolta do Bispo de Argélia e outros. Todas essas circunstâncias eram bem urdidas para me comprovar que os Espíritos tomavam parte em meus trabalhos. (Ver o APÊNDICE no final da obra, pp. 471 e seguintes. Nota da Editora — FEB — à 15a edição, em 1975.)"

O seguinte caso consta no apêndice do livro Obras Póstumas, e escrito pelo próprio Allan Kardec:

"FENÔMENO DE CLARIVIDÊNCIA

Paris, 20 de outubro de 1863

A Senhorita V..., natural de Lyon, é dotada de uma notável segunda vista, conseguindo não só ver os Espíritos no estado normal, sem que esteja sonambulizada, como também observar, com grande precisão, os fatos que se desenrolam a distância.

Uma vez em Paris, onde veio passar alguns dias, deliberou visitar-me, na Rua Sainte-Anne, tendo encontrado minha esposa, vez que — desde meu retorno de Sainte-Adresse — me havia eu retirado para Ségur, a fim de, com mais tranqüilidade, trabalhar em minha obra sobre o Evangelho. Nosso encontro foi impossível, em vista de ter a Senhorita empreendido viagem de regresso ainda naquela tarde. Mas, durante a conversa com minha esposa diz-lhe esta: — “Uma vez que não podereis avistar-vos com meu marido, o que ele muito lamentará, não poderíeis transportar-vos em Espírito até onde se encontra, e vê-lo?”

Por um instante, recolheu-se a Senhorita, e disse:

— “Sim, vejo-o; acha-se num aposento muito iluminado, no pavimento térreo; há ali três janelas... Oh!... e como tudo é alegre! A casa é circundada por jardins... por toda parte árvores e flores... Tudo respira a calma e tranqüilidade... Ele está sentado, próximo a uma janela, trabalhando... Está cercado por uma multidão de Espíritos que lhe conservam a boa saúde... alguns há que parecem muito elevados, e o inspiram; um deles especialmente parece ser superior a todos os demais, sendo-lhes objeto de deferências.

Pergunta — Acaso percebeis a natureza do trabalho de que meu marido se ocupa?

Resposta — Um momento... Vejo um Espírito que segura um livro de grandes proporções... abre-o e mostra-me o que se acha escrito... leio-o: Evangelho.

OBSERVAÇÃO — Com efeito, trabalhava eu em meu livro sobre os Evangelhos, e cujo título constitui-se ainda em segredo para todos. A Senhorita V... não poderia conhecê-lo. Quanto à minha esposa, ignorava ela se, naquele momento, me ocupava disso ou de outro qualquer assunto. Nada, conseqüentemente, podia influenciar o pensamento da clarividente. A descrição dos recantos é, além do mais, precisa, sendo de ressaltar que ela jamais viu esses lugares.

A peça onde me instalara está provida de exatamente três janelas, o que não é comum, e, de todos os lados, confina com os jardins. Minha esposa ignorava estivesse eu nesse cômodo, que é o salão. Poderia, com muito maior probabilidade, supor-me no escritório. Todas as circunstâncias comungam na prova de que, em realidade, a Senhorita V... a tudo presenciava, não sendo joguete da própria imaginação. Tal fato constitui-se, para mim, numa prova do interesse que os Espíritos tinham por esse trabalho, bem como da assistência que a mim dispensam e a minhas atividades.

Allan Kardec.”

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, Allan. Obras Póstumas. FEB. 


COMO A FÉ RACIOCINADA NA VIDA ESPIRITUAL E O DESAPEGO À VIDA MATERIAL PODEM NOS FORTALECER DIANTE DAS DIFICULDADES E SOFRIMENTOS DA VIDA

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Fábio José Lourenço Bezerra

Allan Kardec, no Capítulo II de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ítens de 5 a 7,  esclarece-nos como a fé raciocinada na vida espiritual e o desapego à vida material podem melhorar o ser humano no seu aspecto moral e  fortalecê-lo diante das dificuldades e sofrimentos da vida.

"O ponto de vista

5. A idéia clara e precisa que se faça da vida futura proporciona inabalável fé no porvir, fé que acarreta enormes conseqüências sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista sob o qual encaram eles a vida terrena. Para quem se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é indefinida, a vida corpórea se torna simples passagem, breve estada num pai ingrato. As vicissitudes e tribulações dessa vida não passam de incidentes que ele suporta com paciência, por sabê-las de curta duração, devendo seguir-se-lhes um estado mais ditoso. A morte nada mais restará de aterrador; deixa de ser a porta que se abre para o nada e torna-se a que dá para a libertação, pela qual entra o exilado numa mansão de bem-aventurança e de paz. Sabendo temporária e não definitiva a sua estada no lugar onde se encontra, menos atenção presta às preocupações da vida, resultando-lhe daí uma calma de espírito que tira àquela muito do seu amargor.

Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos. E não O Evangelho Segundo o Espiritismo há o que não faça para conseguir os únicos bens que se lhe afiguram reais. A perda do menor deles lhe ocasiona causticante pesar; um engano, uma decepção, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que seja vítima, o orgulho ou a vaidade feridos são outros tantos tormentos, que lhe transformam a existência numa perene angústia, infligindo-se ele, desse modo, a si próprio, verdadeira tortura de todos os instantes. Colocando o ponto de vista, de onde considera a vida corpórea, no lugar mesmo em que ele aí se encontra, vastas proporções assume tudo o que o rodeia. O mal que o atinja, como o bem que toque aos outros, grande importância adquire aos seus olhos. Aquele que se acha no interior de uma cidade, tudo lhe parece grande: assim os homens que ocupem as altas posições, como os monumentos. Suba ele, porém, a uma montanha, e logo bem pequenos lhe parecerão homens e coisas.

É o que sucede ao que encara a vida terrestre do ponto de vista da vida futura; a Humanidade, tanto quanto as estrelas do firmamento, perde-se na imensidade. Percebe então que grandes e pequenos estão confundidos, como formigas sobre um montículo de terra; que proletários e potentados são da mesma estatura, e lamenta que essas criaturas efêmeras a tantas canseiras se entreguem para conquistar um lugar que tão pouco as elevará e que por tão pouco tempo conservarão. Daí se segue que a importância dada aos bens terrenos está sempre em razão inversa da fé na vida futura.

6. Se toda a gente pensasse dessa maneira, dir-se-ia, tudo na Terra periclitaria, porquanto ninguém mais se iria ocupar com as coisas terrenas. Não; o homem, instintivamente, procura o seu bem-estar e, embora certo de que só por pouco tempo permanecerá no lugar em que se encontra, cuida de estar aí o melhor ou o menos mal que lhe seja possível. Ninguém há que, dando com um espinho debaixo de sua mão, não a retire, para se não picar. Ora, o desejo do bem-estar força o homem a tudo melhorar, impelido que é pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas leis da Natureza. Ele, pois, trabalha por necessidade, por gosto e por dever, obedecendo, desse modo, aos desígnios da Providência que, para tal fim, o pôs na Terra. Simplesmente, aquele que se preocupa com o futuro não liga ao presente mais do que relativa importância e facilmente se consola dos seus insucessos, pensando no destino que o aguarda.

Deus, conseguintemente, não condena os gozos terrenos; condena, sim, o abuso desses gozos em detrimento das coisas da alma. Contra tais abusos é que se premunem os que a si próprios aplicam estas palavras de Jesus: Meu reino não é deste mundo.

Aquele que se identifica com a vida futura assemelha-se ao rico que perde sem emoção uma pequena soma. Aquele cujos pensamentos se concentram na vida terrestre assemelha-se ao pobre que perde tudo o que possui e se desespera.

7. O Espiritismo dilata o pensamento e lhe rasga horizontes novos. Em vez dessa visão, acanhada e mesquinha, que o concentra na vida atual, que faz do instante que vivemos na Terra único e frágil eixo do porvir eterno, ele, o Espiritismo, mostra que essa vida não passa de um elo no harmonioso e magnífico conjunto da obra do Criador. Mostra a solidariedade que conjuga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Faculta assim uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma por ocasião do nascimento de cada corpo torna estranhos uns aos outros todos os seres. Essa solidariedade entre as partes de um mesmo todo explica o que inexplicável se apresenta, desde que se considere apenas um ponto. Esse conjunto, ao tempo do Cristo, os homens não o teriam podido compreender, motivo por que ele reservou para outros tempos o fazê-lo conhecido."

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Rio de janeiro: FEB, 1996.