sábado, 28 de julho de 2012

UM DIA, O BEM REINARÁ NA TERRA?



Fábio José Lourenço Bezerra

                Na atualidade, assistimos todos os dias, com horror, a notícias sobre atos de grande violência e perversidade. A corrupção impera em várias regiões do planeta, com freqüentes e escandalosos casos ocorrendo aqui mesmo em nosso país, onde considerável parte dos homens públicos desviam, para uso pessoal e de terceiros, volumosos e preciosos recursos, que deveriam ser destinados à saúde, à educação, à segurança e à geração de emprego e renda para a nossa população. Homens egoístas, demasiadamente apegados à matéria, deixam de lado a grande responsabilidade de que se fizeram portadores. No Oriente Médio, vemos povos em constante conflito armado. Vemos o clima do planeta e seus recursos naturais abalados pela ação do homem que, no desejo do lucro inconseqüente, não pensou nas gerações futuras. Este é o quadro do nosso mundo atual.
                A violência dá muita audiência, bem como casos escandalosos. O que não parece ser o caso de ações beneméritas. Apesar de todos os dias no planeta, milhões de pessoas abnegadas trabalharem em prol do próximo, sem nenhum desejo para si, a não ser o de agir em benefício do seu semelhante, não vemos estas ações veiculadas na mídia. São aquelas pessoas que, todos os dias, fazem trabalho voluntário, em instituições religiosas ou não. Sim, faz-se muito o bem em nosso planeta, embora isto não tenha ampla visibilidade. O que é lamentável , pois serviria de nobre exemplo de amor ao próximo.
                O quadro do mundo, que expomos acima, parece estarrecedor. No entanto, apesar de pouco, a humanidade avançou moralmente. Como exemplos, temos: há relativamente pouco tempo atrás, a escravidão era algo considerado comum; As mulheres sequer podiam votar, sendo propriedade dos pais e depois do marido; No início do século XX, aqui mesmo no Recife, temos notícia de pais que emparedavam as próprias filhas, pelo fato de as mesmas aparecerem grávidas e não aparecer o pai para assumir a criança e casar. Este ato horripilante, motivado pela vergonha dos pais ante uma sociedade hipócrita, ocorreu várias vezes; Recuando ainda mais no tempo, na Idade Média, matava-se e torturava-se, com requintes de crueldade, em nome de Jesus, que pregou: “Ama a teu próximo como a ti mesmo”; Na antiguidade, a arena romana era palco de atos monstruosos, onde feras devoravam homens e gladiadores lutavam até a morte. Tudo isso diante de uma sádica platéia, que se divertia bastante com isso. A antiguidade também foi um repositório de guerras sangrentas entre vários povos que, na conquista da terra alheia, nem crianças escapavam de serem passadas a fio de espada; O canibalismo e os sacrifícios humanos eram comuns em vários povos selvagens.
                Intelectualmente, avançamos bastante desde que o homem surgiu no planeta, principalmente nos séculos XIX, XX e o atual. Nesse período, a ciência e a tecnologia deram um enorme salto. Contudo, como dissemos acima, não avançamos tanto em moralidade.
                Conforme a Doutrina Espírita, os mundos, assim como os Espíritos, também estão destinados à evolução. Nosso planeta, atualmente, pode ser classificado como um mundo de expiação e de provas, onde o mal predomina.

Vejamos o que disse Allan Kardec, em sua obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Capítulo III, na parte intitulada “DIFERENTES CATEGORIAS DE MUNDOS HABITADOS”:

“Do ensinamento dado pelos Espíritos, resulta que os diversos mundos estão em condições muito diferentes uns dos outros quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade de seus habitantes. Entre eles há os que seus habitantes são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros estão no mesmo grau, e outros lhes são mais ou menos superiores em todos os aspectos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, as paixões reinam soberanamente, e a vida moral é quase nula. À medida que esta se desenvolve, a influência da matéria diminui, de tal sorte que, nos mundos mais avançados, a vida, por assim dizer, é toda espiritual.
Nos mundos intermediários, há mistura do bem e do mal, predominância de um ou de outro, segundo o grau de adiantamento. Embora não possa ser feita, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se, todavia, em razão de seu estado e de sua destinação, e baseando-se nas diferenças mais acentuadas, dividi-los de um modo geral, como se segue: os mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; os mundos de expiação e de provas, onde o mal domina; os mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; os mundos felizes, onde o bem se sobrepõe ao mal; os mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente. A terra pertence á categoria dos mundos de expiação e de provas, e é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias (todos os grifos no texto são nossos).”

E, no mesmo capítulo, na parte seguinte intitulada “DESTINAÇÃO DA TERRA. CAUSA DAS MISÉRIAS HUMANAS”, temos:

“Espanta-se em encontrar sobre a Terra tanta maldade e más paixões, tantas misérias e enfermidades de toda a sorte, e se conclui disso que a espécie humana é uma triste coisa. Esse julgamento provém do ponto de vista limitado em que se está colocado, e que dá uma idéia falsa do conjunto. É preciso considerar que, sobre a Terra, não se vê a humanidade, mas apenas uma pequena fração dela. Com efeito, a espécie humana compreende todos os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do Universo; ora, o que é a população da Terra, perto da população total desses mundos? Bem menos que a de um lugarejo em relação à de um grande império. A situação material e moral da Humanidade terrestre nada mais tem que espante, inteirando-se da destinação da Terra e da natureza daqueles que a habitam.”
“[...]Ora, da mesma forma que, numa cidade, toda a população não está sobre a Terra; como se sai do hospital quando se está curado, e da prisão quando se cumpre o tempo, o homem deixa a Terra por mundo mais felizes, quando está curado de suas enfermidades morais (Ver o texto Por Que Devemos Fazer o Bem?, neste blog).”

A Terra, em sua evolução, caminha para a categoria de mundo de regeneração.

No Capítulo XVIII, na parte de título “A GERAÇÃO NOVA”, Kardec nos diz:

“Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão  Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.”
“[...] A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e a chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhe são peculiares.
Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.”

Interessante comparar o texto de Kardec, acima, escrito na segunda metade do século XIX, com esta entrevista concedida pelo grande médium e orador espírita Divaldo Pereira Franco, cujos trechos reproduzimos abaixo:

“Espiritismo Responde - Um de seus mais recentes livros publicados tem por título “A Nova Geração: A visão Espírita sobre as crianças índigo e cristal”.Quem são as crianças índigo e cristal?

Divaldo – Desde os anos 70, aproximadamente, psicólogos, psicoterapeutas e pedagogos começaram a notar a presença de uma geração estranha, muito peculiar.
Tratava-se de crianças rebeldes, hiperativas que foram imediatamente catalogadas como crianças patologicamente necessitadas de apoio médico. Mais tarde, com as observações de outros psicólogos chegou-se à conclusão de que se trata de uma nova geração. Uma geração espiritual e especial, para este momento de grande transição de mundo de provas e de expiações que irá alcançar o nível de mundo de regeneração.
As crianças índigo são assim chamadas porque possuem uma aura na tonalidade azul, aquela tonalidade índigo dos blue jeans (Dra. Nancy Ann Tape).
O índigo é uma planta da Índia (indigofera tinctoria), da qual se extrai essa coloração que se aplicava em calças e hoje nas roupas em geral. Essas crianças índigo sempre apresentam um comportamento sui generis.
Desde cedo demonstram estar conscientes de que pertencem a uma geração especial. São crianças portadoras de alto nível de inteligência, e que, posteriormente, foram classificadas em quatro grupos: artistas, humanistas, conceituais e interdimensionais ou transdimensionais.
As crianças cristal são aquelas que apresentam uma aura alvinitente, razão pela qual passaram a ser denominadas dessa maneira.
A partir dos anos 80, ei-las reencarnando-se em massa, o que tem exigido uma necessária mudança de padrões metodológicos na pedagogia, uma nova psicoterapia a fim de serem atendidas, desde que serão as continuadoras do desenvolvimento intelecto-moral da Humanidade.

ER – Essas crianças não poderiam ser confundidas com as portadoras de transtornos da personalidade, de comportamento, distúrbios da atenção? Como identificá-las com segurança?

Divaldo - Essa é uma grande dificuldade que os psicólogos têm experimentado, porque normalmente existem as crianças que são portadoras de transtornos da personalidade (DDA) e aquelas que, além dos transtornos da aprendizagem, são também hiperativas (DTAH), mas os estudiosos classificaram em 10 itens as características de uma criança índigo, assim como de uma criança cristal.
A criança índigo tem absoluta consciência daquilo que está fazendo, é rebelde por temperamento, não fica em fila, não é capaz de permanecer sentada durante um determinado período, não teme ameaças...
Não é possível com essas crianças fazermos certos tipos de chantagem. É necessário dialogar, falar com naturalidade, conviver e amá-las.
Para tanto, os especialistas elegem como métodos educacionais algumas das propostas da doutora Maria Montessori, que criou, em Roma, no ano de 1907, a sua célebre Casa dei Bambini, assim como as notáveis contribuições pedagógicas do Dr. Rudolf Steiner. Steiner é o criador da antroposofia. Ele apresentou, em Stuttgart, na Alemanha, os seus métodos pedagógicos, a partir de 1919, que foram chamados Waldorf.
A partir daquela época, os métodos Waldorf começaram a ser aplicados em diversos países. Em que consistem? Amor à criança. A criança não é um adulto em miniatura. É um ser que está sendo formado, que merece o nosso melhor carinho. A criança não é objeto de exibição, e deve ser tratada como criança. Sem pieguismo, mas também sem exigências acima do seu nível intelectual.
Então, essas crianças esperam encontrar uma visão diferenciada, porque, ao serem matriculadas em escolas convencionais, tornam-se quase insuportáveis. São tidas como DDA ou DTAH. São as crianças com déficit de atenção e hiperativas. Nesse caso, os médicos vêm recomendando, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, a Ritalina, uma droga profundamente perturbadora. É chamada a droga da obediência.
A criança fica acessível, sim, mas ela perde a espontaneidade. O seu cérebro carregado da substância química, quando essa criança atinge a adolescência, certamente irá ter necessidade de outro tipo de droga, derrapando na drogadição.
Daí é necessário muito cuidado.
Os pais, em casa (como normalmente os pais quase nunca estão em casa e suas crianças são cuidadas por pessoas remuneradas que lhes dão informações, nem sempre corretas) deverão observar a conduta dos filhos, evitar punições quando errem, ao mesmo tempo colocando limites. Qualquer tipo de agressividade torna-as rebeldes, o que pode levar algumas a se tornar criminosos seriais. Os estudos generalizados demonstram que algumas delas têm pendores artísticos especiais, enquanto outras são portadoras de grandes sentimentos humanistas, outras mais são emocionais e outras ainda são portadoras de natureza transcendental.
Aquelas transcendentais, provavelmente serão os grandes e nobres governantes da Humanidade no futuro.
As artísticas vêm trazer uma visão diferenciada a respeito do Mundo, da arte, da beleza. Qualquer tipo de punição provoca-lhes ressentimento, amargura que podem levar à
violência, à perversidade.”

Existem vários exemplos destas crianças que ficaram famosas. Divaldo, nesta entrevista, cita alguns:

ER – Já que eles estão chegando há cerca de 20, 30 anos, nós temos aí uma juventude que já está fazendo diferença no Mundo? 
Divaldo – Acredito que sim. Podemos observar, por exemplo, e a imprensa está mostrando, nesse momento, gênios precoces, como o jovem americano Jay Greenberg considerado como o novo Mozart. Ele começou a compor aos quatro anos de idade. Aos seis anos, compôs a sua sinfonia. Já compôs cinco. Recentemente, foi acompanhar a gravação de uma das suas sinfonias pela Orquestra Sinfônica de Londres para observar se não adulteravam qualquer coisa.
O que é fascinante neste jovem, é que ele não compõe apenas a partitura central, mas todos os instrumentos, e quando lhe perguntam como é possível, ele responde: “Eu não faço nenhum esforço, está tudo na minha mente”.
Durante as aulas de matemática, ele compõe música. A matemática não lhe interessa e nem uma outra doutrina qualquer. É mais curioso ainda, quando afirma que o seu cérebro possui três canais de músicas diferentes. Ele ouve simultaneamente todas, sem nenhuma perturbação. Concluo que não é da nossa geração, mas que veio de outra dimensão.
Não somente ele, mas muitos outros, que têm chamado a atenção dos estudiosos. No México, um menino de seis anos dá aulas a professores de Medicina e assim por diante... Fora aqueles que estão perdidos no anonimato.


ER – O que você diria aos pais que se encontram diante de filhos que apresentam essas características?

Divaldo - Os técnicos dizem que é uma grande honra tê-los e um grande desafio, porque são crianças difíceis no tratamento diário. São afetuosas, mas tecnicamente rebeldes. Serão conquistadas pela ternura. São crianças um pouco destrutivas, mas não por perversidade, e sim por curiosidade.
Como vêm de uma dimensão onde os objetos não são familiares, quando vêem alguma coisa diferente, algum objeto, arrebentam-no para poder olhar-lhes a estrutura.
São crianças que devemos educar apelando para a lógica, o bom tom.
A criança deve ser orientada, esclarecida, repetidas vezes.
Voltarmos aos dias da educação doméstica, quando nossas mães nos colocavam no colo, falavam conosco, ensinavam-nos a orar, orientavam-nos nas boas maneiras, nas técnicas de uma vida saudável, nos falavam de ternura e nos tornavam o coração muito doce, são os métodos para tratar as modernas crianças, todas elas, índigo, cristal ou não.”

Neste blog, já publicamos um texto contendo um vídeo sobre a menina Akiane (Ver A Encarnação de Um Bom Espírito, neste blog).

Este texto continua em "Um Dia, o Bem Reinará na Terra? - Parte 2", neste blog.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

1 KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro : Editora FEB,1995.;

2_____________ . O Evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo : Editora Petit, 1997.;

3______________.A Gênese: Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Editora FEB, 1988;

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:

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