sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A REENCARNAÇÃO E A PSICOGRAFIA FORAM EVIDENCIADAS EM MAPEAMENTO CEREBRAL POR TOMOGRAFIA

Fábio José Lourenço Bezerra
        Á medida em que se aperfeiçoam os equipamentos de estudo do cérebro, e estes são aplicados no estudo da natureza espiritual do ser humano, mais se constata que o homem é muito mais do que o seu corpo físico. Acumulam-se, a cada dia, através de diversos pesquisadores, as evidências em favor da Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec.
        Vejamos, abaixo, três reportagens que exemplificam bem este fato.
Reportagem do site do Globo Reporter:
Viagens a um passado que transcenderia ao nosso corpo físico. Teria a nossa memória um arquivo secreto de momentos que não experimentamos nesta vida? O homem carrega com ele lembranças de vidas passadas? Especialistas em terapias que utilizam a técnica da regressão estão tentando desvendar esse mistério.
Os psicólogos paulistas Manoel Simão e Júlio Peres fizeram o mapeamento cerebral de alguns dos seus pacientes, durante as sessões de regressão, usando aparelhos de tomografia computadorizada. Foi uma experiência inédita. E o que revelaram os exames?
A área do cérebro ativada quando os pacientes entram em uma hipotética vida passada é a da memória. A parte que comanda os circuitos da imaginação, durante a regressão, não entra em atividade, garante o psicólogo.
"As vias neurofisiológicas utilizadas para o resgate de memórias traumáticas de vida atual foram também utilizadas para o resgate de situações traumáticas de vidas passadas - supostas vidas passadas. Os circuitos neurofisiológicos que estão relacionados à fantasia são outras estruturas”, explica o psicólogo Júlio Peres.
O publicitário Tertuliano Pinheiro se submeteu à regressão e diz ter se encontrado em duas outras existências. "A primeira vivência foi na Roma Antiga. Utilizava o poder para praticar o mal. Vivia emitindo ordens. Ouvia os gritos das pessoas. Foram muitos erros cometidos. Exercia o poder da forma mais errada. Ele tomou bens", revela.
Ao descobrir tudo isso, Tertuliano encontrou o caminho para se livrar de todas as suas aflições. A depressão, o medo do escuro, o pânico, tudo desapareceu. “Hoje eu sou outra pessoa, de bem com a vida. Sem dúvida isso aconteceu por causa da regressão. Não é questão de achar, é de sentir", diz o publicitário.
Sentir, mergulhar em uma memória desconhecida sem perder a consciência. Isso seria mesmo possível? "Não importa o nome que se atribua a esse conteúdo. De fato, ele é verdadeiro, genuíno para o paciente, porque ele dispara emoções. E o paciente se liberta de dificuldades a partir do resgate dessas situações", explica o psicólogo Júlio Peres.”
Reportagem publicada na revista ISTOÉ de 10/07/02 e extraída do site:
Há dois anos, ISTOÉ divulgou o primeiro mapeamento de ondas cerebrais feito durante uma sessão de regressão (ISTOÉ 1594). O estudo do psicólogo Júlio Peres, do Instituto de Terapia Regressiva Vivencial Peres, de São Paulo, mostrava que a atividade cerebral é muito lenta, mesmo quando o paciente mostra reações como suor e taquicardia. Na época, Peres anunciou uma parceria de pesquisa com a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, para monitorar o fluxo sanguíneo e as estruturas cerebrais acionadas durante a regressão. Quatro mulheres e dois homens sadios, com idades entre 28 e 39 anos, se submeteram a uma tomografia com emissão de radiofármaco (método spect), realizada no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Depois, seus exames foram analisados pelo médico Andrew Newberg, especialista em estados modificados de consciência da universidade americana. Finalizados, os estudos revelaram que as áreas do cérebro mais requisitadas neste processo são as do lobo médio temporal e as do lobo pré-frontal esquerdo, que respondem pela memória e pela emoção. É mais um passo na busca de comprovação de que essas experiências não são fruto da imaginação. “Se o paciente estivesse criando uma história, o lobo frontal seria acionado e a carga emocional não seria tão intensa”, explica Peres.
         O site da revista época publicou, em 19 de Novembro do ano passado, uma reportagem que relata a experiência de vários cientistas com médiuns, durante a realização da psicografia (quando o Espírito escreve através do médium). Os resultados surpreenderam os cientistas. Abaixo, transcrevemos parte da reportagem:
Durante dez dias, dez médiuns brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil e dos EUA, que usaria as mais modernas técnicas científicas para investigar a controversa experiência de comunicação com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento. Estava ali, cercada de um grupo de pessoas que acreditam ser capazes de construir pontes com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?
A produção de exames de neuroimagem (conhecidos como tomografia por emissão de pósitrons) com médiuns psicógrafos em transe é uma experiência pioneira no mundo. Os cientistas Julio Peres, Alexander Moreira-Almeida, Leonardo Caixeta, Frederico Leão e Andrew Newberg, responsáveis pela pesquisa, garantiam o uso de critérios rigorosamente científicos. Punham em jogo o peso e o aval de suas instituições. Eles pertencem às faculdades de medicina da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade Federal de Goiás e da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia. Principal autor do estudo, o psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (Proser), do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, acalentava a ideia de que a experiência espiritual pudesse ser estudada por meio da neuroimagem.
Numa sala com aviso de perigo, alta radiação, começaram os exames. Por meio do método conhecido pela sigla Spect (Single Photon Emission Computed Tomography, ou Tomografia Computadorizada de Emissão de Fóton Único), mapeou-se a atividade do cérebro por meio do fluxo sanguíneo de cada um dos médiuns durante o transe da psicografia. Como tarefa de controle, o mesmo mapeamento foi realizado novamente, desta vez durante a escrita de um texto original de própria autoria do médium, uma redação sem transe e sem a “cola espiritual”. Os autores do estudo partiam da seguinte hipótese: uma vez que tanto a psicografia como as outras escritas dos médiuns são textos planejados e inteligíveis, as áreas do cérebro associadas à criatividade e ao planejamento seriam recrutadas igualmente nas duas condições. Mas não foi o que aconteceu. Quando o mapeamento cerebral das duas atividades foi comparado, os resultados causaram espanto.”
Surpreendentemente, durante a psicografia os cérebros ativaram menos as áreas relacionadas ao planejamento e à criatividade, embora tenham sido produzidos textos mais complexos do que aqueles escritos sem “interferência espiritual”. Para os cientistas, isso seria compatível com a hipótese que os médiuns defendem: a autoria das psicografias não seria deles, mas dos espíritos comunicantes. Os médiuns mais experientes tiveram menor atividade cerebral durante a psicografia, quando comparada à escrita dos outros textos. Isso ocorreu apesar de a estrutura narrativa ser mais complexa nas psicografias que nos outros textos, no que diz respeito a questões gramaticais, como o uso de sujeito, verbo, predicado, capacidade de produzir texto legível, compreensível etc.”


ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:




segunda-feira, 18 de novembro de 2013

KARDEC - A BIOGRAFIA, DO AUTOR DE "AS VIDAS DE CHICO XAVIER"

Fábio José Lourenço Bezerra
O jornalista Marcel Souto Maior, autor da excelente biografia de Chico Xavier, intitulada “As Vidas de Chico Xavier”, escreveu agora a biografia do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec, pela editora Record. O título: Kardec – A Biografia. Lemos a obra e podemos dizer que também é ótima. O autor procura manter a isenção no seu texto, uma vez que se trata de uma obra investigativa da vida e obra desse grande homem. Para compor o livro, Souto Maior leu toda a obra de Kardec e a maioria de suas biografias. Também foi à França quatro vezes à procura de textos originais do próprio Kardec e documentos da época. Imperdível.
No início do livro, lemos:
“Hippollyte Léon Denizard Rivail era um professor cético, autor de livros pedagógicos na França do século XIX, até ver mesas girarem no ar e ditarem, ao som de pancadas, mensagens atribuídas ao além. Uma batida, letra A, duas batidas, letra B, e assim sucessivamente até se formarem frases e textos inteiros, assinados por mortos ilustres e anônimos.
Fraude? Hipnose coletiva? Autossugestão? Energia manipulada dos vivos... Ou pelos mortos? O que estaria por trás daqueles fenômenos testemunhados por multidões na Europa e nos Estados Unidos, e reverenciados por celebridades como o escritor Victor Hugo?
Foi o que o professor decidiu descobrir. Aos 53 anos, depois de pôr à prova o invisível, Rivail mudou de vida e de nome para dar voz aos espíritos. Tornou-se Allan Kardec, uma figura cada vez mais conhecida, admirada... E perseguida.
O que transformou o cético em líder de uma doutrina? O que o convenceu a acreditar que os mortos estavam vivos e se comunicavam através de médiuns? O que o fez enfrentar adversários ferrenhos, da Igreja e da Imprensa, para levar ao maior número de leitores sua fé na sobrevivência do espírito?
Foi em busca de respostas para estas perguntas que o jornalista Marcel Souto Maior, biógrafo de Chico Xavier, saiu a campo. O resultado de sua pesquisa é um retrato surpreendente do homem que se tornou símbolo de uma doutrina para milhões de seguidores e ajudou a transformar o Brasil no maior país espírita do mundo.”
Abaixo, transcrevemos uma matéria publicada no site do Jornal Zero Hora, sobre uma entrevista que fez com o autor Marcel Souto Maior, sobre sua biografia.
Espiritismo15/11/2013 | 23h01
Pesquisador da vida de Allan Kardec fez palestra e autografou na Feira do Livro
Marcel Souto Maior falou sobre suas descobertas sobre a vida do espírita e por que nunca se converteu ao espiritismo
O jornalista Marcel Souto Maior, autor do livro Kardec - A Biografia, realizou palestra na tarde desta sexta-feira, mediada por Sílvio Luiz de Oliveira.
O biógrafo pesquisou a vida de Allan Kardec e, após 20 anos de investigações, nunca se converteu à doutrina. Questionado, ele explicou:
- Eu me obrigo tanto a ser o mais objetivo possível no meu trabalho, que acho que bloqueio qualquer possibilidade de conversão, pois acho que a credibilidade seria comprometida.
Os dois conversaram sobre a vida e a obra de Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor e autor de livros pedagógicos na França do século 19. Maior diz que era muito cético, porém, depois de tudo o que viu, tornou-se mais flexível:
- Vi tanta coisa que sou menos cético hoje. E tenho um profundo respeito pelos espíritas, admiro o espiritismo e fico muito feliz quando o espiritismo solidário prospera, mas acho melhor não misturar a fé com a escrita.
O escritor contou que Kardec difundiu uma doutrina a partir da filosofia, ciência e  moral, para explicar o funcionamento desse mundo, e lutou contra o materialismo. Disse que "mesmo que tivesse ficado muito rico, não teria tido tempo de gastar seu dinheiro, pois trabalhava duro. Seu expediente normal era de 18 a 20 horas por dia".
Para resgatar sua história, Maior leu toda a obra do Kardec e a maioria de suas biografias. Ele foi à França quatro vezes atrás de documentos da época e textos do próprio Kardec.
- Tomo todo o cuidado para não opinar. Se você acredita, vai ter uma leitura do meu livro. Se duvida, vai ter outra. A conclusão é de cada um - afirma.
O jornalista ainda autografou Kardec - A Biografia para seus leitores, às 20h na Praça de Autógrafos.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

MAIOR, Marcel Souto. Kardec: a biografia. Rio de Janeiro: Record [2013].

ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO:


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

AS EXPERIÊNCIAS DO CIENTISTA ALFRED RUSSEL WALLACE


Fábio José Lourenço Bezerra

Antes de nos ocuparmos das experiências com médiuns do cientista Russel Wallace, vamos ver sua biografia resumida, extraída do site Núcleo Espírita Verbo de Luz, baseada na obra “Enciclopédia Mirador Internacional - ABC do Espiritismo” de Victor Ribas Carneiro:

“Alfred Russel Wallace nasceu em Usk, Monmouthshire, na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1823 e morreu em Broadstone, Dorset, também na Inglaterra, a 7 de novembro de 1913.

Trabalhou, inicialmente, como topógrafo e arquiteto. Por volta de 1840 começou a interessar-se por botânica. Em 1848, iniciou viagem pelo Amazonas, ali permanecendo até 1850. A valiosa coleção acumulada nessa expedição foi consumida pelo fogo na viagem de volta, embora Wallace tenha conservado as anotações que lhe permitiram escrever um livro sobre a Amazônia.

Viajou depois extensamente - entre 1854 e 1862 - pelo arquipélago malaio. Depois, fixou-se em seu país, dedicando-se a pesquisas científicas que divulgou em grande número de livros.

A evolução das espécies

Em 1858, numa reunião da Sociedade Linneana de Londres, é apresentado conjuntamente um resumo da teoria de Darwin sobre a evolução das espécies e um ensaio de Wallace sobre o mesmo assunto, tomando como base a seleção natural.

O trabalho de Wallace, Sobre a tendência das variedades de se afastar indefinidamente do tipo original, foi depois publicado em livro, com outros ensaios, em 1870.

Em 1869, Wallace divulgou o resultado da ampla pesquisa feita no arquipélago malaio, onde investigou a distribuição geográfica dos animais e assinalou a diferença de exemplares encontrados nas regiões oriental e austral do arquipélago, por ele separadas através de uma linha imaginária: a Wallace's line.

A sobrevivência do mais forte

A versatilidade de Wallace leva-o ainda a interessar-se por questões tão diferentes quanto a da nacionalização agrária (que apóia) e a vacinação (que combate).

O trabalho de Wallace sobre a evolução das espécies, escrito em fevereiro de 1858, na Malaia, tem como ponto de partida o Ensaio sobre a população, de Thomas Robert Malthus. Anos depois, Wallace se afasta de Darwin, que defende a tese da "seleção sexual", preferindo a da sobrevivência do mais forte e, em seu espiritualismo, aceita a intervenção de causas não identificadas na evolução das espécies.

Seus trabalhos sobre a fauna oriental e austral fazem de Wallace um dos fundadores da geografia animal.

Obras:

O primeiro livro de Wallace foi Narrativa de viagens pelo Amazonas e o Rio Negro (1853). Nesse, como em O arquipélago malaio, de 1869, o naturalista apresenta os resultados de suas excursões e estudos nas duas regiões.

Em 1870, divulga seus ensaios sobre o problema da evolução em Contribuições para a teoria da seleção natural. Seu livro Distribuição geográfica dos animais, de 1876, além de dar-lhe papel relevante na zoogeografia, torna-o um precursor dos modernos estudos da influência da divisão de terras emersas e da divisão dos mares sobre a genealogia das espécies.

Em 1882, publica Nacionalização agrária, defendendo a necessidade da propriedade estatal da terra. Em Quarenta e cinco anos de registro de estatísticas, de 1885, combate a vacinação, que considera perigosa e inútil.

As críticas de Wallace a Darwin, tanto pela seleção natural como pela seleção sexual, foram reunidas no livro Darwinismo, de 1889.

Wallace também deixou outras obras: O século maravilhoso, no qual estuda os êxitos e fracassos do século 19; O lugar do homem no universo; a autobiografia Minha vida, de 1905; O mundo e a vida, de 1910; e Meio social e progresso moral, de 1912.

Alfred Russel Wallace recebeu, em 1892, a Medalha de Ouro da Sociedade Linneana, prêmio que se concede, todos os anos, a um botânico ou zoólogo cujo trabalho tenha importância significativa para o avanço da ciência.”

“Em 1865, investigou os fenômenos das mesas girantes ainda tão em voga na Europa; a mediunidade de Mr. Marshall, de Mr. Cuppy e outras, estabelecendo, mais tarde, que os fenômenos espíritas "são inteiramente comprovados tão bem como quaisquer fatos que são provados em outras ciências".”

No seu livro “On Miracles and Modern Spiritualism”, de 1875, ele escreveu:

“Há alguns anos, eu era um materialista tão convicto que não admitia em absoluto a existência do Espírito, nem qualquer outro agente no Universo que não fosse a energia e a matéria. Os fatos, entretanto, são coisas marcantes.
            A minha curiosidade foi primeiro aguçada por alguns fenômenos singelos, mas inexplicáveis, que se produziam em casa de família amiga; o desejo de saber e o amor à verdade me forçaram a prosseguir na pesquisa deles.”

Aqui abro um parêntese para transcrever, de outra obra de Russel Wallace intitulada “O Aspecto Científico do Sobrenatural”, editado pela Lachâtre, a descrição que ele faz algumas de suas primeiras experiências:

“...em setembro de 1865 eu comecei uma série de visitas à senhora Marshall, geralmente acompanhado por um amigo, um bom químico e mecânico, e uma mente completamente cética. O que observamos pode ser dividido em duas classes de fenômenos – físicos e mentais. Uns e outros eram muito numerosos e variados, mas devo apenas selecionar uns poucos de cada, que são de natureza clara e definida.

1º - Uma pequena mesa, sobre a qual as mãos de quatro pessoas foram colocadas (incluindo as minhas e as da senhora Marshall), subiu verticalmente cerca de 30 centímetros do assoalho e permaneceu suspensa por cerca de 20 segundos, enquanto meu amigo, que estava assentado observando, podia ver a parte inferior da mesa com os pés livremente suspensos acima do assoalho.

2º - Enquanto eu estava assentado em uma mesa comprida, a senhora T. à minha esquerda e o senhor R. à minha direita, um violão que havia sido colocado nas mãos da senhorita T. escorregou para o assoalho, passou pelos meus pés e foi ao senhor R., subindo sobre as suas pernas até que apareceu acima da mesa. Eu e o senhor R. estávamos olhando-o cuidadosamente o tempo todo e ele se comportou como se estivesse vivo ou como se uma criança pequena e invisível fosse, com grande esforço, movendo-o e elevando-o. Estes dois fenômenos foram observados à luz clara de lampião a gás.

3º - Uma cadeira, sobre a qual uma conhecida do senhor R. assentou-se, suspendeu-se com ela. Depois disto, quando ela voltou para o piano, onde ela esteve tocando, sua cadeira moveu-se novamente. Depois disto acontecer por três vezes, ela ficou aparentemente fixa sobre o assoalho e não podia elevar-se. O senhor R. então segurou-a e descobriu que apenas com grande esforço podia ser retirada do chão. Esta sessão aconteceu em uma hora diurna, em um dia claro e em um aposento do primeiro andar com duas janelas.

            Embora estes poucos fenômenos possam parecer estranhos aos leitores que nunca viram nada do gênero, afirmo positivamente que são fatos que se deram da forma como eu os narrei, não havendo lugar para qualquer truque ou ilusão. Em cada caso, antes que começássemos, eu virava as mesas e cadeiras, e constatava que eram apenas peças comuns de mobília, que não havia qualquer conexão entre elas e o assoalho, e as colocávamos no lugar onde desejávamos antes de nos assentarmos. Muitos dos fenômenos ocorreram inteiramente sob nosso controle, e totalmente desconectados do médium. Eles possuíam tanta realidade quanto o movimento dos pregos em direção ao magneto, e, pode-se dizer ainda, nada mais incompreensíveis que eles mesmos.

            Os fenômenos mentais que mais frequentemente ocorreram foram a soletração de nomes conhecidos de pessoas presentes, suas idades ou outras particularidades a seu respeito. Eles são especialmente incertos em sua manifestação, embora, quando acontecem, sejam muito conclusivos para os que os testemunham. A geral opinião dos  céticos sobre estes fenômenos é a de que sua ocorrência depende exclusivamente da agudeza ou talento do médium em indicar as letras que formam o nome, a partir da forma que as pessoas se expressam ou demonstrem ansiedade – o modo comum de receber estas comunicações é o interessado passar a mão sobre um alfabeto impresso, letra por letra – provocando batidas sonoras para indicar as letras que formam os nomes requeridos. Selecionarei algumas de nossas experiências que mostrarão quão provável deve ser esta explicação.
            Quando eu recebi pessoalmente uma comunicação, estava particularmente cuidadoso em evitar dar qualquer indicação, passando com constante regularidade sobre as letras. Ainda assim, falou-se corretamente, inicialmente o lugar onde o meu irmão morreu, Pará (Brasil), depois o seu nome cristão, Herbert, e, por fim, a meu pedido, o nome comum que o viu pela última vez, Henry Walter Bates. Nesta ocasião, nosso grupo de seis pessoas visitou a senhora Marshall pela primeira vez, e o meu nome, assim como os dos outros membros, exceto um, eram-lhe desconhecidos. O nome conhecido era o da minha irmã casada, sem qualquer relação com o meu nome.”
            “Em outra ocasião, acompanhei minha irmã e uma senhora (que não havia estado lá anteriormente) à residência da senhora Marshall, e tivemos uma ilustração muito curiosa do absurdo de se imputar o ditado de nomes à hesitação do receptor e à acuidade do médium. Ela desejava que o nome de um conhecido particular falecido fosse soletrado para ela, e apontou as letras do alfabeto na forma usual, enquanto eu escrevia o indicado. As primeiras letras foram YRN. “Oh!”, ela disse, “não faz sentido, devemos começar novamente!” Nem bem o disse e veio um E, e, achando que sabia do que se tratava, eu disse – “Por favor, continue, eu entendo.” A totalidade do ditado ficou assim – YRNEHKCOCFFEJ. A senhora não o viu, até que eu separei assim - YRNEH KCOCFFEJ, ou Henry Jeffcock, o nome do conhecido que ela desejava soletrado precisamente ao contrário.”

            Continuemos agora com o texto da obra “On Miracles and Modern Spiritualism”: 

            “Os fatos tornaram-se cada vez mais certos, cada vez mais variados, cada vez mais afastados de tudo quanto a ciência moderna ensina e de todas as especulações da filosofia dos nossos dias; por fim, os fatos me venceram. Eles me forçaram a aceitá-los como fatos que são, muito antes que eu pudesse aceitar a explicação espiritual sobre eles – neste tempo, não havia em meu cérebro um lugar no qual isso pudesse se acomodar -, mas então, pouco a pouco, devagar, um lugar se fez nele, não por opinião preconcebida ou teórica, mas pela ação  contínua de um fato sobre outro, dos quais ninguém poderia se desembaraçar de maneira diferente.”

            No Templo Metropolitano, localizado na cidade de São Francisco, Estados Unidos, ele fez uma conferência onde citou o seguinte caso de materialização de um Espírito, testemunhada por ele:

            “Naquele dia estavam comigo o pastor Stainton Moses e o conhecido cientista senhor Wegdwood, cunhado de Charles Darwin, quando celebrei minha primeira sessão com Monck.
            Era uma tarde ensolarada de verão e tudo aconteceu em plena luz do dia.  Depois de uma curta conversa, Monck, que estava vestido com seu costumeiro hábito clerical negro, pareceu cair em transe; ficou então de pé, alguns passos à nossa frente, e, depois de uns instantes, apontou para o lado e disse: Olhem!
            Vimos aí uma tênue mancha em seu casaco, no lado esquerdo. A mancha, aos poucos, tornou-se mais brilhante; então pareceu ondular e estender-se para cima e para baixo, em lento movimento de vaivém; até que, gradualmente, tomou a forma de uma coluna de névoa, que ia do ombro de Monck até os pés, estendendo-se junto ao corpo.
            Eu me encontrava a uns dois metros e meio de Monk quando uma forma apareceu. Ele continuava em estado de transe. Poucos minutos mais tarde, brotou da sua roupa uma leve fumaça branca, na região do peito; a densidade da fumaça aumentou; as manchas brancas moveram-se no ar e se expandiram, subindo do solo até a altura de seus ombros. A nuvem branca foi se separando gradualmente do corpo de Monck, o qual, passando a mão entre seu corpo e a nuvem branca, disse de novo: Olhem!
            Aí a nuvem se afastou uns dois metros, condensou-se aos poucos e plasmou a forma de uma mulher toda vestida com roupas brancas e flutuantes. Esse processo de formação sólida da figura amortalhada fora visto por nósem plena luz do dia.
            Em seguida Monck levantou o braço e deu uma leve pancada no móvel. A figura fez o mesmo, ouvindo-se o som de palmas. Finalmente, a forma materializada se aproximou do médium e começou a dissipar-se. Outra vez voltei a observar o movimento da matéria branca. E toda ela regressou ao médium, da mesma maneira que brotara.”

Em uma carta de 1893 a Alfred Erny, Wallace narra outra experiência de materialização testemunhada por ele. Dessa vez, com o médium Eglington, que Wallace descreve como um moço de fisionomia inglesa inconfundível, de pele clara e quase sempre vestido de terno escuro. Através da mediunidade de Eglington, materializava-se o Espírito Abdulah, uma entidade oriental, com cerca de um metro e oitenta de altura, nariz aquilino, olhos negros, barba comprida e fisicamente parecido com um indiano. Usava um largo turbante na cabeça e um traje oriental inteiramente branco. Diz Wallace:
“Sei que o Espírito que toma o nome de Abdulah aparece materializado sem que se possa imaginar que nisso exista fraude. Em certa ocasião, eu o vi em uma casa particular, onde Eglington realizava uma sessão em presença de vinte pessoas. No canto da sala, onde se reuniam os assistentes da sessão, suspenderam uma cortina e Eglington sentou-se atrás dela. Ele não podia se mover dali sem ser visto por todos os assistentes.
Abdulah apareceu. Estava todo trajado de branco, com sandálias e um largo turbante. Adiantou-se para mim até a distância de uns trinta centímetros e pude examiná-lo, pois apenas baixáramos a luz.
Depois, de repente, a forma seguiu e desapareceu por detrás da cortina, a qual encobria Eglington trajado de preto, em estado de letargia, reclinado na poltrona.
Logo que Eglington despertou, resolveu-se que tudo no recinto deveria ser examinado, para sabermos se não teria ali qualquer coisa com que ele pudesse se disfarçar. Essa desconfiança parece não ter agradado muito o médium, porém ele a aceitou.
Eu e dois amigos fomos escolhidos para proceder à tal averiguação. Examinamos primeiro as paredes, o tapete e outras coisas mais no lugar onde se achava Eglington; depois, conduzimo-lo a um dormitório onde ele se despiu completamente. Todas as peças do seu vestuário passaram pelas nossas mãos e foram cuidadosamente examinadas. Não se encontrou absolutamente nada. O turbante, as sandálias e a túnica branca tinham desaparecido.”
“Eglington realizou tantas sessões em condições indiscutíveis, e tão grande era seu poder como médium, que me parece impossível cometer ele a estupidez de empregar barbas postiças e roupas de gaze, as quais logo seriam facilmente descobertas.
Sem dúvida que existem falsos médiuns; mas quem tem a pretensão de desmascarar os verdadeiros médiuns só consegue uma coisa: provar a sua ignorância.”

É muito interessante notar que Wallace, assim como Allan Kardec, também tenha observado a concordância das diversas comunicações dos Espíritos e, pelo que se sabe, ele nunca manteve contato com o Codificador do Espiritismo. São suas as seguintes palavras, extraídas do seu livro “O Aspecto Científico do Sobrenatural”, no capítulo IX (observe-se a semelhança com o que ensina a Doutrina Espírita):

“[...] A hipótese do espiritualismo não apenas considera todos os fatos (e é a única que o faz), mas vai ainda mais longe por sua associação com uma teoria do futuro estado da existência, que é o único que alguém já deu ao mundo em condições de ser confiado ao pensamento filosófico moderno. Há uma concordância geral e um tom de harmonia na quantidade de fatos e comunicações chamadas ‘espirituais’, que têm levado ao crescimento de uma nova literatura e ao estabelecimento de uma nova religião. As principais doutrinas desta religião são que, após a morte, o espírito humano sobrevive em um corpo etéreo, dotado de novas capacidades, mas sendo mental e moralmente o mesmo indivíduo que era quando vestido de carne; que ele inicia, a partir de certo momento, um curso de progressão aparentemente sem fim cuja velocidade está na medida que as suas faculdades mentais e morais são exercitadas e cultivadas enquanto se acha na Terra; que sua alegria ou sua miséria relativas irão depender inteiramente dele mesmo. Apenas na medida que suas faculdades humanas superiores fizeram parte de seus prazeres aqui, ele irá encontrar-se contente e feliz em um estado de existência no qual eles terão o mais completo exercício. Aquele que dependeu mais do corpo que da mente para os seus prazeres irá, quando aquele corpo não existir mais, sentir um desejo angustiante, e necessitará desenvolver vagarosa e dolorosamente sua natureza intelectual e moral até que este exercício se torne fácil e prazeroso. Nem punições nem recompensas são distribuídas por um poder externo, mas a condição de cada um é a sequência natural e inevitável de sua condição aqui. Ele começa novamente do nível do desenvolvimento moral e intelectual que atingiu quando estava na Terra. ”
               
E, em outro trecho do mesmo capítulo, ele cita, como Kardec também o fez nas obras da Codificação Espírita, a grande diferença entre o conteúdo das comunicações e a cultura dos médiuns:   

“[...] Os ensinamentos da senhorita Hardinge concordam em substância com aqueles de todos os demais médiuns desenvolvidos, e eu perguntaria se é provável que estes ensinamentos tenham sido desenvolvidos a partir de dogmas conflituosos de um conjunto de impostores? Nem parece ser uma solução provável a de que eles tenham sido produzidos inconscientemente pelas mentes de homens auto-iludidos e de mulheres frágeis, desde que é palpável a todo leitor que estas doutrinas sejam essencialmente diferentes em cada detalhe daquelas que eles ensinaram e acreditaram a partir de uma das escolas filosóficas modernas ou de qualquer seita de cristãos modernos.
Isto é bem mostrado por suas afirmações opostas à condição da humanidade após a morte. Nos relatos de um estado futuro, obtidos junto aos melhores médiuns, e nas visões das pessoas mortas obtidas por clarividentes, os Espíritos são uniformemente apresentados sob a forma de seres humanos e suas ocupações são análogas às da Terra. Mas na maioria das descrições religiosas do céu eles são representados como seres alados, como descansando cercados por nuvens, e suas ocupações são tocar harpas douradas ou cantar, rezar e adorar perpetuamente diante do trono de Deus. Como é que estas visões e comunicações não são senão uma remodelagem de idéias preexistentes ou preconcebidas por uma imaginação doentia, se as noções populares nunca são reproduzidas? Como é que, se os médiuns, sejam homens, mulheres ou crianças, sejam ignorantes ou instruídos, sejam ingleses, alemães ou americanos, fazem uma única e consistente representação destes seres sobre-humanos, em discordância com a sua noção popular, mas notavelmente de acordo com a moderna doutrina científica da ‘continuidade?’  eu proponho que este pequeno fato é em si um argumento fortemente corroborador de que há alguma verdade objetiva nestas comunicações.”

No seu livro “The World of Life”, Wallace escreveu: “Deve existir um mundo invisível do Espírito, que faz com que ocorram mudanças no mundo da matéria; e a evolução deste planeta deve receber orientações e ajuda de fora, de inteligências superiores e invisíveis, às quais o homem é suscetível como ser espiritual. Além disso, essas inteligências, muito provavelmente, existem em séries graduadas de evolução acima de nós.
           Parece apenas lógico concluir que o infinito seja, até certo ponto, povoado por uma série infinita de seres em diversos graus, cada grau sucessivo com poderes mais e mais superiores quanto à organização, ao desenvolvimento e ao controle do Universo”.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

WALLACE, Alfred Russel. O aspecto científico do sobrenatural. Rio de Janeiro: Lachâtre. [2003];

WALLACE, Alfred Russel. On miracles and modern spiritualism. [1875];

WALLACE, Alfred Russel. The World of Life. [1910];

CAMPOS, Pedro de. UFO – Fenômeno de contato: uma visão espírita da Ufologia. São Paulo: Lúmen. [2005].


ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO: 


    


terça-feira, 22 de outubro de 2013

AS IMPRESSIONANTES EXPERIÊNCIAS DO CIENTISTA WILLIAM CROOKES COM MÉDIUNS

Fonte da imagem: Livro "Experimentações mediúnicas". Autor: Lamartine Palhano Jr.

Fábio José Lourenço Bezerra

            Antes de tratarmos das experiências com médiuns realizadas pelo cientista inglês Sir William Crookes, vamos conhecê-lo, através dos seus dados biográficos contidos na obra “Experimentações Mediúnicas: A propósito das pesquisas psíquicas de William Crookes”, do autor Lamartine Palhano Júnior, editora CELD:

            “Considerado como um dos mais persistentes e corajosos pesquisadores dos fenômenos espíritas e o maior químico da Inglaterra, William Crookes nasceu em Londres, no dia 17 de Junho de 1832 e desencarnou na mesma cidade, no dia 4 de abril de 1919.
            Estudou no “Colégio de Química”, onde foi aluno brilhante, alcançando o cargo de professor substituto no “Colégio Real” e, posteriormente, foi inspetor da seção de meteorologia do Observatório de Redcliffe. Aos 23 anos, no ano de 1855, assumiu a Cadeira de Química na Universidade de Chester. Após alguns anos, em 1861, ficou bastante conhecido quando descobriu os raios catódicos e isolou o Tálio (elemento Químico), determinando suas propriedades físicas. Em 1872, após prolongados estudos do espectro solar, descobriu a aparente ação repulsiva dos raios luminosos, fato que o levou a à construção do Radiômetro, em 1874. Em 1885, descobriu um novo tipo de processamento do ouro. A existência do quarto estado da matéria, a que denominou “estado radiante”, foi por ele determinada no ano de 1879. Por essa última descoberta, foi amplamente recompensado pela Academia de Ciências da França.
            Em virtude dos seus feitos científicos, recebeu muitos prêmios como a Medalha de Ouro da Sociedade Real, em 1875; a Medalha Davy, em 1888 e a Medalha de “Sir” J.Coprey, em 1904. Esse último galardão foi pelas suas relevantes contribuições no campo da Física e da Química.
            Foi nomeado “Cavalheiro” pela Rainha Vitória, da Inglaterra, em 1897. A Condecoração da Ordem do Mérito foi-lhe outorgada em 1910. Fundou os periódicos “Chemical News” e “Quartely Journal of Science”. Foi presidente de diversas sociedades científicas, tais como a “Sociedade Real de Química”, “Instituto de Engenharia Elétrica” e da “Sociedade de Investigações Psíquicas”.”
            “Não é difícil encontrar dados sobre a vida de William Crookes, as mais completas enciclopédias trazem sua biografia e, mais recentemente, a T. Fisher Unwin LTD (Londres) lançou o livro de Fournier: “The Life of Sir William Crookes”. Como homem de ciência publicou várias obras: em 1870 saiu “Métodos Escolhidos de Análise Química”; em 1880, “Fabricação do Açúcar de Beterraba na Inglaterra”; em 1881, “Manual de Tintura e Impressão de Tecidos”, em 1883, “Manual de Tecnologia: Solução da Questões dos Enxurros”; em 1885, “Maneira de Estabelecer um Sistema de Canalização Vantajosa”.
           
Vejamos o que disse o ilustre discípulo de Louis Pasteur, O Dr.Paul Gibier, em seu livro “O Espiritismo (Faquirismo Ocidental)”, pela editora FEB:

“Aos 20 anos, Crookes publicava interessantes memórias sobre a luz polarizada; depois, foi um dos primeiros, na Inglaterra, a estudar, com o auxílio do espectroscópio, as propriedades dos espectros solar e terrestre.
Deve-se a ele sérios trabalhos sobre a medida da intensidade da luz, e engenhosos instrumentos: o fotômetro de polarização e o microscópico espectral, por exemplo. Os seus escritos sobre a química geral foram muito apreciados desde o momento em que apareceram.
É ele o autor de um tratado de análises químicas (Méthodes Choisies), hoje clássico. Deve-se-lhe numerosas pesquisas em Astronomia e principalmente sobre a fotografia celeste. Em 1855-56, as Sociedades Reais de Londres, que o admitiu no número de seus membros ativos – em primeira votação - decretou-lhe um auxílio monetário para prosseguir em seus trabalhos sobre a fotografia da Lua. O governo da Rainha o enviou ultimamente a Orara para observar um eclipse.
Acrescentamos que ele, além disso, se ocupou de medicina e de higiene, do que dão testemunho os seus trabalhos sobre a peste bovina, etc. Mas, duas descobertas têm sobretudo classificado Crookes entre os mestres da ciência moderna: o ilustre sábio era já distinto pela sua descoberta de um processo de amalgamação com o auxílio do sódio,
processo que é empregado hoje na Austrália, na Califórnia e na América do Sul pela indústria metalúrgica do ouro, quando fez conhecer um novo corpo simples metálico: o Tálio. Aprecia-se o valor de semelhante descoberta. Quando se sabe que o número de corpos simples conhecidos na série dos metais se elevava à cerca de cinqüenta. Ele foi conduzido a essa preciosa descoberta pelos seus trabalhos sobre a análise espectral.
Foi assim, de fato, que foram insulados o césio, o rubidio e o índio.
A segunda descoberta, de Crookes vem corroborar o que avançamos; queremos falar da matéria radiante.
A matéria aparece aos nossos sentidos sob três estados bem diferentes: sólido, líquido e gasoso. Existe, provavelmente, uma infinidade de estados da matéria, mas não conhecemos senão três.
Crookes nos fez entrever um quarto.
Por uma série de experiências, feitas com rara exatidão, o demonstraram os estados entrevistam por Faraday, denominando-a matéria radiante.
Não queremos fazer o histórico dessas experiências tão importantes sob o ponto de vista filosófico da Química, da Física e do estudo da matéria em geral: em resumo resulta disso que a matéria, em sua essência, deve ser una e que os corpos variados que caem sob os nossos sentidos imperfeitos não são senão um agrupamento, uma estrutura molecular especial da matéria, segundo a opinião do celebre químico Boutlerow, de S. Petersburgo, que, dizemo-lo incidentemente, confirmou o que pôde verificar das experiências do Crookes sobre a força psíquica. Crookes repetiu as suas experiências sobre a matéria radiante em 1879 (setembro), no Congresso da Associação Britânica para o adiantamento das ciências, e em 1880, na Escola de Medicina de Paris e no observatório, a convite do Professor Würtz e do Almirante Mouchez.
Os efeitos produzidos pela matéria nesse estado foram os mais surpreendentes e de uma força formidável, valendo um grande êxito para Crookes.”

Conforme já mencionamos no texto Ilustres Cientistas Confirmaram: A Alma Sobrevive à Morte, neste blog, no período compreendido entre 1869 e 1875, Sir William Crookes realizou um número enorme de sessões, com os mais diversos médiuns. As de maior relevância ele realizou em seu próprio laboratório, para um maior controle dos experimentos. Os médiuns mais qualificados foram: Daniel Dunglas Home, Kate Fox, Charles Edward Williams, Florence Cook e Annie Eva Fay.

Para não estender demasiadamente o texto, escolhemos algumas experiências realizadas com os dois principais médiuns estudados: Dunglas Home e Florence Cook.

Experiências com o médium Daniel Dunglas Home

             Extraímos o texto abaixo, de autoria de Sir William Crookes, da obra de Palhano Júnior já citada:

 [...] Assim, uma vez que as condições convenientes se apresentaram, aproveitei-as com satisfação para aplicar a estes fenômenos a experiência científica cuidadosamente controlada, chegando assim, a resultados preciosos que acho dignos de publicação.
De todas as pessoas dotadas do poder de desenvolver essa "força psíquica", e que são chamados ‘médiuns’ (entre outras teorias sobra a sua origem), o Sr. Daniel Dunglas Home é, sem dúvida, a mais extraordinária. E é principalmente devido às muitas ocasiões em que estive, para fazer pesquisas, em sua presença que tenho sido levado a poder afirmar de maneira tão veemente a existência dessa "força". Muitas foram as tentativas que fiz; mas devido ao conhecimento imperfeito das condições que favorecem ou contrariam as manifestações da "força", da maneira caprichosa, aparentemente, como ela se manifesta, e pelo fato de que o Sr. Home está sujeito à inexplicáveis fluxos e refluxos dessa "força", é que raramente os resultados obtidos puderam ser confirmados e controlados com aparelhos construídos para esse fim em especial.
Entre os fenômenos que se produziram sob a influência do Sr. Home, os mais frequentes e, ao mesmo tempo, os que se prestavam melhor ao exame científico, foram: 1º) a alteração de peso dos corpos; 2º) a execução de melodia em instrumentos de música (geralmente com acordeão, por causa da facilidade de transporte) sem intervenção humana direta, e em condições que tornaram impossível todo contato ou toda manipulação das chaves. Não é senão após ter sido frequentemente testemunha destes fatos e de os haver escrutado com todo o rigor do qual eu sou capaz, que estou convencido de sua realidade concreta. 
Minhas experiências foram feitas em minha própria casa, à noite, num amplo espaço iluminado à luz de gás. Os aparelhos preparados com a finalidade de constatar os movimentos do acordeão consistiam em uma gaiola, formada por dois arcos de madeira, respectivamente de diâmetro de um pé e dez polegadas (55,86 cm) e de dois pés (60, 96 cm), reunidos por doze ripas estreitadas, cada uma de um pé e dez polegadas de comprimento, de modo a formar a estrutura de uma espécie de tambor aberto em cima e em baixo. Ao redor, 50 metros e fios de cobre, isolados, que foram enrolados em 24 voltas; cada uma dessas voltas encontrando-se a menos de uma polegada de distância uma da outra.
 Esses fios de metal, horizontais, foram então solidamente reatados junto com cordas, de modo a formar malhas fechadas. A altura desta gaiola era tal que ela podia passar sob a mesa de minha sala de jantar, mas ela estava muito próxima, pela altura, para permitir a uma mão introduzir-se no seu interior ou a um pé passar por baixo. Em um quarto vizinho, eu havia colocado duas pilhas de Grove, de onde partiam filhos elétricos que conduziam à sala de jantar, para estabelecer a comunicação, se houvesse necessidade, com aqueles que estavam próximos da gaiola.” Vejam as figuras abaixoextraídas do livro de Palhano Júnior:



“O acordeão era novo, eu o havia comprado para essas experiências, em um bazar. O Sr. Home não havia visto ou tocado o instrumento antes do começo de nossos trabalhos [...].
[...] Depois de abrir, com minhas mãos, a chave da parte baixa do instrumento, retirou-se de sob a mesa, a gaiola, o quanto bastou para ser nela introduzida o acordeão com as chaves voltadas para baixo. A gaiola foi depois empurrada para debaixo da mesa, tanto quanto permitiu o braço do Sr. Home, mas sem lhe ocultar a mão aos que estavam perto dele. Os que estavam de cada lado viram o acordeão balançando-se de maneira curiosa; depois desprenderam-se dele alguns sons, e, finalmente, muitas notas foram tocadas sucessivamente; meu ajudante agachou-se sob a mesa, disse-nos que o acordeão alongava-se e encolhia-se; ao mesmo tempo podia ser observado que a mão com a qual o Sr. Home segurava o acordeão estava completamente imóvel e que a outra repousava sobre a mesa. Depois, os que estavam dos dois lados do Sr. Home, viram o acordeão mover-se, oscilar, voltear em torno da gaiola e tocar ao mesmo tempo. Então, o Dr. William Huggins olhou para baixo da mesa e disse que a mão do Sr. Home parecia completamente imóvel enquanto o acordeão movia-se, produzindo sons distintos.
O Sr. Home manteve ainda o acordeão na gaiola pelo modo mais ordinário, isto é, com o lado das chaves voltado para baixo; os seus pés estavam seguros pelas pessoas sentadas ao lado dele, a outra mão repousava sobre a mesa e, ainda assim, ouvimos notas distintas e separadas, ressoando sucessivamente, e depois uma ária simples foi tocada. Como tal resultado só podia ser produzido pelas diferentes chaves do instrumento postas em ação de maneira harmoniosa, todos os presentes consideraram-no decisivo. Mas o que se seguiu foi ainda mais surpreendente; o Sr. Home afastou a mão do acordeão, retirou-a completamente da gaiola e segurou a mão da pessoa que estava perto dele. Então, o instrumento continuou a tocar, sem contato algum e sem mão alguma perto dele.
Eu quis depois experimentar que efeito produziríamos ao passar uma corrente elétrica em torno do fio isolado da gaiola. Para esse fim, meu ajudante estabeleceu a comunicação com fios que partiam das pilhas de Grove. De novo o Sr. Home segurou o instrumento dentro da gaiola, do mesmo modo como já foi descrito anteriormente, e imediatamente ele ressoou, agitando-se de um a outro lado com vigor. Mas não me julgo autorizado a dizer se a corrente elétrica, passando em torno da gaiola, veio em auxílio da força que se manifestava no interior.
 O acordeão ficou então sem nenhum contato visível com a mão do Sr. Home. Ele retirou-a completamente do instrumento e colocou-a sobre a mesa, onde foi segura pela mão da pessoa que se achava perto dele; todos os presentes viram bem que as suas mãos estavam ali. Dois dos assistentes e eu percebemos, distintamente, o acordeão flutuando no interior da gaiola, sem nenhum suporte visível. Após curto intervalo, esse fato repetiu-se uma segunda vez.

Então, Home tornou a pôr a mão na gaiola e tomou de novo o acordeão que começou a tocar, a princípio acordes e arpejos e depois uma doce e melancólica melodia, muito conhecida, que foi executada de modo perfeito e belíssimo. Enquanto essa ária era tocada, peguei no braço do Sr. Home, acima do cotovelo e fiz correr levemente a minha mão, até que ela tocasse a parte superior do acordeão. Não se movia nenhum músculo. A outra mão do Sr. Home estava sobre a mesa, visível a todos os presentes, e seus pés conservavam-se sob os pés dos que estavam a seu lado.

"Os Srs. W. Huggins e Sergente Cox, dois notáveis investigadores científicos da Inglaterra, que auxiliaram Crookes nesses experimentos, escreveram-lhe cartas na ocasião em que Crookes apresentou seu relatório à apreciação deles".

Extraio o texto a abaixo do livro “Fatos Espíritas”, editora FEB, onde constam as experiências de Sir William Crookes durante os anos de 1970-73, publicadas no “Quartely Journal of Science”, de 1874.
  
“Os casos mais notáveis de elevação de que fui testemunha realizaram-se com o Senhor Home.
Em três ocasiões diferentes, vi-o elevar-se completamente acima do soalho da sala.
A primeira vez, estava ele sentado em um canapé; a segunda, de joelhos sobre uma cadeira, e a terceira, de pé.
De cada vez, tive toda a liberdade possível para observar o fato, no momento em que ele se produzia.
Há, pelo menos, cem casos bem verificados de elevação do Senhor Home, produzidos em presença de muitas pessoas diferentes; e ouvi mesmo da boca de três testemunhas: o conde de Dunraven, lord Lindsay e o capitão C. Wynne, a narração dos casos mais notáveis desses gêneros, acompanhados dos menores incidentes.
Rejeitar a evidência dessas manifestações, equivale a rejeitar todo o testemunho humano, qualquer que seja, pois que não há fato, na história sagrada ou na profana, que se apóie sobre provas mais decisivas.
O número de testemunhas que confirmam as elevações do Senhor Home é enorme.”

“Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão.
Isto se passou à luz, em minha própria sala, estando os pés e as mãos do médium seguros por mim, durante esses tempo.
Em outra ocasião, uma pequena mão e um pequeno braço, iguais aos de uma criança, apareceram agitando-se sobre uma senhora que estava sentada perto de mim.
Depois, a aparição veio a mim, bateu-me no braço, e puxou várias vêzes o meu paletó.
Outra vez, um indicador e um polegar foram vistos arrancando as pétalas de uma flor que estava na botoeira do Senhor Home, e depositou-as diante de várias pessoas, sentadas perto dele.
Várias vêzes, eu mesmo e outras pessoas observamos mão estranha comprimindo as teclas de uma harmônica, ao passo que, no mesmo momento, víamos as mãos do médium, que algumas vêzes eram seguras pelas pessoas que se achavam perto dele. As mãos e os dedos não me pareceram sempre sólidos e de pessoa viva.
Algumas vêzes, é preciso dizer, ofereciam antes a aparência de nuvem vaporosa, condensada em Peste, sob a forma de mão.
Todos os que se achavam presentes não a percebiam igualmente bem. Por exemplo, quando se vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes notará um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma mão de aparência nebulosa, enquanto outro apenas verão a flor em movimento.
Vi mais de uma vez, primeiro, um objeto mover-se, depois uma nuvem luminosa que parecia formar-se ao redor dele, e, enfim, a nuvem condensar-se, tomar forma e transformar-se em mão, perfeitamente acabada. Nesse momento, todas as pessoas presentes podiam ver essa mão. Nem sempre ela é uma simples forma, pois algumas vêzes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos movem-se e a carne parece ser tão humana quanto à de qualquer das pessoas presentes.
No punho e nos braços torna-se vaporosa e perde-se em uma nuvem luminosa.”

“Ao cair do dia, durante uma sessão do Senhor Home, em minha casa, vi agitarem-se as cortinas de uma janela que estava cerca de oito pés de distância do Senhor Home.
Uma forma sombria, obscura, meio transparente, semelhante a uma forma humana, foi vista por todos os assistentes, em pé, perto da janela da sacada, e essa forma agitava a cortina com a mão. Enquanto a olhávamos, desapareceu, e as cortinas deixaram de se mover.
O caso que se segue é ainda mais surpreendente. Como no caso anterior, o Senhor Home era o médium. Uma forma de fantasma avançou de um canto da sala, foi tomar uma harmônica, e em seguida deslizou ligeira pela sala, tocando esses instrumento.
Essa forma foi visível, durante vários minutos, por todas as pessoas presentes, ao mesmo tempo em que se via também o Senhor Home. O fantasma aproximou-se de uma senhora que estava sentada a certa distancia dos demais assistentes, e, a um pequeno grito dessa senhora, desapareceu.”

Experiências com a médium Florence Cook

O texto abaixo, igualmente, foi extraído da já citada obra de Palhano Júnior:

A própria médium Florence Cook foi ao encontro de Crookes para ser testada. Conforme suas próprias palavras:

“[…] O Sr. Crookes fez um comentário que me atormentou e foi por isso que me decidi a ir procurá-lo. Ele recebeu-me e eu lhe disse:

"Já que acreditais que sou uma impostora, se quiserdes virei submeter-me a experimentos em vossa própria residência. Vossa esposa poderá vestir-me como quiserdes e deixarei convosco o que tiver trazido. Podereis vigiar-me como vos aprouver; submeter-me-ei aos experimentos que desejardes, de modo que vos contenteis em todos os sentidos. Só imponho uma condição: se verificardes que sou agente de uma mistificação, denunciai-me publicamente, mas, se vos certificardes de que os fenômenos são reais e de que eu mais não sou que um instrumento de forças invisíveis, isso direis ao público de modo que todo o mundo tome conhecimento da verdade".
Devemos observar que a médium Florence Cook "foi a primeira médium entre os ingleses a obter materializações ou corporificações integrais em plena luz”.

Vejamos o relato de Crookes sobre algumas das aparições do espírito Katie King:
"A sessão foi realizada na casa do Sr. Luxmore, e o ‘gabinete’ era uma sala separada da outra, onde estavam os assistentes, dividida por uma cortina. Efetuada a inspeção da sala e feito o exame de fechaduras, a Srta. Cook entrou no gabinete.

Depois de algum tempo, a forma de Katie apareceu ao lado da cortina, mas depressa se retirou, dizendo que a sua médium não estava boa e não podia ser levada a um sono suficientemente profundo para que não houvesse perigo em afastar-se dela. Achava-me colocado a alguns pés da cortina, atrás da qual a Srta. Cook estava sentada, tocando-a quase, e eu podia ouvir-lhe frequentemente as queixas e soluços, como se ela estivesse sofrendo. Esta indisposição continuou, por intervalos, durante quase todo o tempo da sessão, e uma vez, enquanto a forma de Katie estava diante de mim, na sala, ouvi distintamente o som de um gemido, idêntico aos que a Srta. Cook tinha feito ouvir, por intervalos, em todo o tempo da sessão, gemido que vinha de trás da cortina onde ela estava sentada".

"Confesso que a figura era surpreendente pela aparência de vida e realidade, e, tanto quanto eu podia vez à luz um pouco indecisa, suas feições assemelhavam-se às da Srta. Cook, entretanto, a prova positiva, dada por um dos meus sentidos, de que o suspiro vinha da Srta. Cook, no gabinete, ao passo que a figura estava do lado de fora, esta prova, digo, é muito forte para ser destruída por uma simples suposição do contrário mesmo bem sustentada".

Aqui abro um parêntese para citar, com relação à semelhança que, por vezes, se observava entre o Espírito e a médium, a explicação dada pelo grande engenheiro e pesquisador dos fenômenos espíritas Hernani Guimarães Andrade, em sua obra “Parapsicologia: Uma Visão Panorâmica”, editora FE:

“ ...Quando o médium não está em transe suficientemente profundo, pode ocorrer uma ectoplasmia incompleta. Neste caso, o duplo astral da médium arrasta consigo o ectoplasma. O espírito, então, se superpõe a este conjunto, surgindo, daí, uma forma híbrida, com a aparência do médium.”

Crookes tratou de se certificar que o Espírito e a médium eram seres distintos, como veremos adiante. seguem as palavras de Crookes:

"No dia 12 de março (1874), durante uma sessão em minha casa, depois de ter andado pelo meio de nós e de ter-nos falado por algum tempo, Katie retirou-se para trás da cortina que separava o meu laboratório, (onde se achavam os assistentes) da minha biblioteca que, temporariamente, fazia o ofício de gabinete. Depois de um momento, ela voltou à cortina e chamou-me, dizendo: ‘Entrai no quarto e suspendei a cabeça da médium, que escorregou’. Katie estava diante de mim, vestida com sua roupa branca habitual e trazendo seu turbante. Imediatamente entrei na biblioteca para levantar a Srta. Cook, quando Katie deu alguns passos de lado para deixar-me passar. Com efeito, a Srta. Cook havia escorregado parcialmente do canapé, e sua cabeça pendia em situação muito penosa. Tornei a pô-la sobre o canapé, e, fazendo isso, tive, apesar da obscuridade, a viva satisfação de verificar que a Srta. Cook não trajava o vestuário de Katie, mas trazia o costumado vestido de veludo negro e achava-se em profunda letargia. Não se havia passado mais de três segundos entre o momento em que acomodei a Srta. Cook sobre o canapé (tirando-a da posição em que se achava) e voltei ao meu ponto de observação, quando Katie apareceu-me de novo e disse que pensava poder mostrar-se-me conjuntamente com a sua médium. O gás foi abaixado, e ela me pediu a minha lâmpada de fósforo. Depois de manifestar-se à sua luz, durante segundos, ela restituiu-ma, dizendo: ‘Agora entrai e vinde ver minha médium’, segui Katie de perto na biblioteca e, ao clarão da lâmpada, vi a Srta. Cook repousada no sofá, exatamente como eu a deixara. Olhei em redor de mim para ver Katie, porém ela desaparecera. Chamei-a e não obtive resposta.

Voltei ao meu lugar e Katie, reaparecendo logo, disse-me que estivera de pé junto da Srta Cook. Perguntei-lhe se, por si própria, ela não poderia tentar uma experiência; então, tomando das minhas mãos a lâmpada de fósforo, ela passou para trás da cortina, recomendando-me que não olhasse por enquanto para o gabinete. Passados alguns minutos, restituiu-me a lâmpada, dizendo-me nada ter conseguido, pois havia esgotado todo o fluido da médium, mas que tentaria de novo, mais tarde. Meu filho mais velho, rapaz de quatorze anos, que estava sentado defronte de mim, em posição de poder ver atrás da cortina, disse-me que vira distintamente a lâmpada de fósforo parecendo flutuar no espaço por cima da Srta. Cook e iluminando-a, enquanto ela permanecia estendida imóvel no sofá, mas que não vira ninguém segurando a lâmpada" (grifo do original).

Passo agora para a sessão de ontem à noite em Hackney. Jamais Katie me apareceu com tão grande perfeição; por espaço de duas horas, ela passeou pela sala, conversando familiarmente com todos os presentes. Muitas vezes tomou meu braço e a impressão produzida em meu espírito foi que a meu lado se achava uma mulher viva e não uma visitante de outro mundo, essa impressão, afirmo, foi tão forte, que se me tomou irresistível a tentação de repetir uma recente e curiosa experiência.

Pensando que, se não tinha perto de mim um espírito, eu estava, pelo menos, junto de uma senhora, pedi-lhe permissão para tomá-la em meus braços, a fim de poder verificar as interessantes observações que um experimentador audaz tinha feito conhecer de maneira um tanto prolixa. Essa permissão foi-me graciosamente concedida, e utilizei-me dela – convenientemente – como o teria feito em semelhante circunstância todo homem bem educado. O Sr.Volckman ficará encantado sabendo que posso corroborar a sua asseveração, afirmando que o ‘fantasma’ (o qual não empregou nenhuma resistência) era um ser tão material como a própria Srta. Cook. Mas a continuação mostrará como um experimentador procede mal, por mais cuidadosas que sejam as suas observações, se arriscasse a formular uma importante conclusão quando as provas não existem em suficiente quantidade.

Katie disse que desta vez ela se julgava capaz de mostrar-se simultaneamente com a Srta. Cook. Abaixei o gás, e depois, com a lâmpada de fósforo, penetrei no quarto que servia de gabinete. Mas, antecipadamente, pedi a um de meus amigos, hábil estenógrafo, que tomasse nota de todas as observações que ouvisse no gabinete, porque conheço a importância que merecem as primeiras impressões, e não queria confiar na minha memória mais do que convinha. Neste momento tenho estas novas sob os olhos.

Entrei no quarto com precauções, estava escuro, e foi às apalpadelas que procurei a Srta. Cook. Encontrei-a agachada no soalho. Ajoelhando-me, deixei o ar penetrar na lâmpada e, à sua luz, vi essa moça vestida de veludo negro, como ela estava no começo da sessão, e conservando toda a aparência de completa insensibilidade. Ela não se moveu quando lhe peguei na mão, segurando a lâmpada bem perto do seu rosto, mas continuou a respirar calmamente. Elevando a lâmpada em torno de mim e vi Katie de pé, muito alva e flutuante, como já a tínhamos visto durante a sessão. Prendendo nas minhas uma das mãos da Srta. Cook, ajoelhando-se outra vez, ergui e abaixei a lâmpada, não só para iluminar a figura de Katie, como para plenamente convencer-me de que eu estava realmente vendo a verdadeira Katie que eu havia apertado em meus braços alguns minutos antes, e não o fantasma de cérebro enfermo. Ela não falou, mas moveu a cabeça em sinal de reconhecimento. Por três vezes diferentes, examinei cuidadosamente a Srta. Cook agachada diante de mim, para certificar-me que a mão que eu segurava era a de uma mulher viva, e, por três vezes diferentes, voltei a lâmpada para Katie, a fim de examiná-la com firme atenção, até que não me restasse a mínima dúvida de que ela estava ali na minha frente".
 "Antes de terminar este artigo, desejo fazer conhecer algumas das diferenças que existem entre a Srta. Cook e Katie. A estatura de Katie é variável; em minha casa eu a vi mais alta seis polegadas do que a Srta. Cook. Ontem à noite, com os pés nus e andando nas pontas dos pés tinha quatro polegadas e meia mais que Cook. Ontem à noite, Katie tinha o pescoço descoberto, a pele era perfeitamente doce (suave) ao tato e à vista, ao passo que Cook tem no pescoço uma cicatriz que, em semelhantes circunstâncias, se vê distintamente e é áspera ao tato. As orelhas de Katie são furadas, enquanto que a Srta. Cook usa sempre brincos. A cor de Katie é muito alva, ao passo que a de Cook é trigueira. Os dedos de Katie são muito mais compridos do que os de Cook e seu rosto também é maior. Nos modos de exprimir-se há também muitas diferenças notáveis.” Vejam as fotos a seguir, extraídas do livro de Palhano Júnior:





"[...] Vi tão bem Katie pela luz elétrica, que posso acrescentar alguns traços às diferenças que, em artigo precedente, estabeleci entre ela e sua médium. Tenho a certeza mais absoluta de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas ao menos no que diz respeito aos seus corpos. Pequenos sinais que se encontram no rosto da Srta Cook não existem no de Katie. Os cabelos de Cook são de castanho tão escuro que permanecem quase negros; um cacho dos de Katie, que tenho sob os olhos e que ela me permitiu cortá-los acompanhado com meus dedos até ao alto da cabeça e ter verificado que eles haviam nascido ali, é de um belo castanho dourado. [...]"
 "As sessões quase cotidianas com que ultimamente a Srta. Cook me favoreceu, prejudicaram suas forças, e eu desejo manifestar publicamente os favores que devo pela boa vontade com que me auxiliou nas minhas experiências. Ela aceitou de boa mente submeter-se a todas as provas que lhe propus; sua palavra é franca e vai diretamente ao alvo, e jamais vi coisa alguma que traísse a mais leve aparência do desejo de enganar. Certamente, não creio que, se ela empregasse a fraude, tivesse sido bem sucedida; e se ela o tentasse, seria prontamente desmascarada, porque tal modo de proceder é inteiramente estranho à sua natureza. E quanto a imaginar que uma inocente colegial de quinze anos tenha sido capaz de conceber e realizar durante três anos, com todo êxito, uma impostura tão gigantesca como essa, e que, durante esse tempo, ela se tenha submetido a todas as condições que exigimos dela; que haja suportado as investigações mais minuciosas; que tenha pedido para ser revistada a qualquer momento, quer antes, quer depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxitos em minha própria casa do que na de seus pais, sabendo que aí veio expressamente para submeter-se a rigorosas provas científicas; quanto a imaginar, digo, que Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso do que acreditar que ela seja o que ela própria afirma".

Crookes Afirma, veemente: "Eu não disse que esses fatos eram possíveis, o que afirmei é que são verdadeiros."

A fim de verificar que a Srta Cook e o Espírito Katie King eram seres distintos, Crookes, juntamente com o eminente Físico Cromwell Varley, descobridor do condensador elétrico, realizaram uma experiência rigorosíssima com eletricidade. Extraímos o texto abaixo do livro Animismo e Espiritismo, de autoria de outro ilustre pesquisador dos fenômenos espíritas, Alexander Aksakof:

“Para estabelecer se a Srta. Cook se achava no interior do gabinete enquanto Katie se apresentava aos assistentes da sessão, fora do gabinete, o Senhor Varley teve a lembrança de fazer atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica, durante todo o tempo em que a forma materializada era visível, e de confrontar os resultados, assim obtidos, por meio de um galvanômetro instalado no mesmo aposento, fora do gabinete...
“A experiência de que falamos foi feita no aposento do Senhor Luxmoore. O aposento de trás foi separado do da frente por meio de uma cortina, para impedir a entrada da luz; ele devia servir de gabinete escuro. Antes de começar a sessão, tomou-se à precaução de inspecionar com cuidado esse gabinete escuro e de fechar as portas à chave. O aposento da frente era iluminado por uma lâmpada de parafina com um anteparo que coava a luz. Colocou-se o galvanômetro em cima do fogão, à distância de 11 pés da cortina.”
            “Os assistentes eram os Srs. Luxmoore, Crookes, a Senhora Crookes e a Senhora Cook com sua filha; os Srs. Tapp, Harrison e eu (Varley).
“A Srta. Cook ocupava uma poltrona no aposento de trás.
Fixou-se com esparadrapo, em cada um de seus braços, um pouco acima dos punhos, uma moeda de ouro, à qual estava soldada uma ponta de fio de platina. As moedas de ouro estavam separadas da pele por três camadas de papel mata-borrão branco, de grande espessura, umedecido em uma solução de cloridrato de amônio. Os fios de platina corriam ao longo dos braços, até as espáduas, e eram presos com cordões, de maneira que deixavam aos braços a liberdade de movimentos. As pontas de fora dos fios de platina eram reunidas a fios de cobre, cobertos de algodão, e iam ter ao aposento iluminado onde se achavam os experimentadores. Os fios condutores estavam ligados a dois elementos Daniell e a um aparelho de confronto. Quando tudo ficou pronto, fecharam-se as cortinas, deixando assim a médium (Srta. Cook) às escuras. A corrente elétrica atravessou o corpo durante todo o tempo da sessão...”
“Essa corrente, originando-se nos dois elementos atravessava o galvanômetro, os elementos de resistência, o corpo da Srta. Cook e voltava em seguida à bateria.)”
Antes da introdução da Srta. Cook na corrente, quando estavam reunidas as duas moedas que formavam os pólos da bateria, o galvanômetro marcava um desvio de 300°.
Depois da introdução da Srta. Cook, as moedas foram colocadas nos braços da médium, um pouco acima do punho, e o galvanômetro não marcou mais de 220°.
Assim, pois, o corpo da médium, introduzido na corrente, oferecia uma resistência à corrente elétrica equivalente a 80 divisões da escala.
O objetivo principal daquela experiência era precisamente conhecer a resistência que o corpo da médium podia oferecer á corrente elétrica.
A menor deslocação dos pólos da bateria, que estavam fixados nos braços da Srta. Cook pelo adesivo, teria inevitavelmente produzido uma mudança na força de resistência oferecida pelo corpo da médium.
Ora, foi em tais condições que a figura de Katie apareceu por muitas vezes na abertura da cortina; mostrou as mãos e os braços, depois pediu papel, um lápis e escreveu perante os assistentes.”
“Se as moedas e o papel mata-borrão tivessem sido repuxados até os ombros, de maneira a deixar em liberdade os dois braços da médium, o trajeto percorrido pela corrente elétrica no corpo da médium teria sido reduzido de metade, no mínimo; por conseguinte, a resistência oferecida pelo corpo da médium teria também diminuído de metade, ou 40°, e a agulha do galvanômetro teria subido de 220° a 260°. E entretanto foi o contrário que sucedeu: desde o começo da sessão, não só deixou de haver qualquer aumento de desvio, como, pelo contrário, ele diminuiu constantemente e gradualmente até ao fim da sessão, sob a influência do dessecamento do papel molhado; essa circunstância aumentou a resistência à corrente elétrica e diminuiu o desvio de 220° a 146'.
É fora de dúvida que, se uma das moedas tivesse sido desviada uma polegada apenas, o desvio teria aumentado, e a fraude da médium desmascarada; mas, conforme o disse, o galvanômetro não deixou de baixar.
Fica, pois, estabelecido peremptoriamente que as moedas de ouro aplicadas aos braços da médium não foram deslocadas de um milímetro, que os braços que apareceram e que escreveram não eram os braços da médium, que, por conseguinte, o uso da cadeia galvânica, para se ficar certo da presença da médium atrás da cortina, deve ser considerado uma garantia suficiente...”
“As variações das condições às quais estava submetida a corrente elétrica, passando pelo corpo da médium, eram indicadas pelo galvanômetro-refletor, instrumento tão sensível que a corrente elétrica mais fraca, transmitida a 3.000 milhas por um cabo submarino, seria registrada.
Por conseguinte, o menor movimento da médium teria também provocado oscilações do aparelho; e a prova disso tirou-se antes da experiência, como se verifica pela passagem seguinte, extraída de um artigo do Senhor Varley, onde todos os movimentos do galvanômetro são consignados minuciosamente, minuto por minuto:

“Antes de a médium cair em transe, pediu-se-lhe que fizesse movimentos com os braços; a mudança da superfície metálica, posta em contacto real com o papel e o corpo, produziu um desvio que se elevou de 15 a 20 divisões, e às vezes ainda mais; por conseguinte, se, no decurso da sessão, a médium tivesse feito o menor movimento com as mãos, seguramente o galvanômetro o teria indicado. Na espécie, a Srta. Cook representava um cabo telegráfico no momento do confronto.” (“Psychische Studien”, 1874, pág. 344).

Para finalizar, transcrevemos o que disse Sir William Crookes, em sua palestra presidencial na “British Association at Bristol”, em 1898, sobre suas experiências com médiuns:

“Trinta anos se passaram desde que eu publiquei um relatório de experimentos, visando demonstrar que além do nosso conhecimento científico existe uma Força exercida, por inteligência diferente da inteligência ordinária, comum aos mortais. Não tenho nada a retratar. Mantenho-me fiel às minhas afirmações já publicadas. Na realidade, eu poderia acrescentar muito mais, além disso.”


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1 PALHANO JÚNIOR, Lamartine.Experimentações mediúnicas: a propósito das pesquisas de William Crookes.Rio de Janeiro: CELD. [1996];

2 CROOKES, William.Fatos Espíritas.Rio de Janeiro: FEB [1991];

3 AKSAKOF, Alexander. Animismo e Espiritismo. Volume 1. Rio de Janeiro: FEB [1991];

4 ANDRADE, Hernani Guimarães. Parapsicologia: uma visão panorâmica. São Paulo: FE [2002].